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Covid-19 no ES: volta às aulas expõe 161 mil pessoas do grupo de risco

Covid-19 no ES: volta às aulas expõe 161 mil pessoas do grupo de risco

Estudo da FioCruz aponta que 68 mil adultos com comorbidades e 93 mil idosos vivem com capixabas em idade escolar; reabertura das escolas pode oferecer perigo

Publicado em 22 de julho de 2020 às 20:31

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Alunos em sala de aula
Estudo da FioCruz aponta que reabertura das escolas pode oferecer perigo. (Joel Silva/ Folhapress)

Mais de 161 mil capixabas que fazem parte do grupo de risco da Covid-19 podem ser expostos ao novo coronavírus com o retorno das aulas presenciais no Espírito Santo. É isso que um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) concluiu, após levantar dados sobre o perfil das pessoas que convivem com jovens em idade escolar.

Segundo a nota técnica publicada nesta quarta-feira (22), são 68.437 adultos com diabetes, doenças de coração ou problemas no pulmão. Além de 93.095 idosos. Todos eles vivem com, pelo menos, uma criança ou adolescente que poderia contrair a doença e transmiti-la dentro de casa para os próprios familiares.

2.083 mortes
registradas no ES vitimaram idosos ou adultos com alguma comorbidade

Vale lembrar que os obesos, os fumantes e os doentes renais crônicos não foram considerados pelo levantamento. Ou seja, a quantidade de pessoas que integram o grupo de risco da Covid-19 e que começariam a ficar expostas com o retorno das atividades escolares pode ser ainda maior.

É importante ressaltar que esses dois perfis de capixabas são o da grande maioria das pessoas que perderam a vida em decorrência da pandemia no Estado: 75% dos óbitos acometeram idosos e 14% interromperam os planos de adultos com alguma comorbidade.

Aspas de citação

Retomar as aulas sem considerar o provável impacto para além dos alunos é arriscado, pois para quem vive com eles não será mais possível adotar o ‘fique em casa’. Além disso, há um contingente enorme de pessoas que estão envolvidas na atividade escolar

Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz)
Nota Técnica 12 - de 22 de julho de 2020
Aspas de citação

Devido ao cenário da pandemia, a FioCruz destaca a dificuldade de garantir o distanciamento mínimo entre os estudante nas escolas e ressalta que “não é descartada a hipótese de que ocorra aumento do número de novos casos em crianças”, embora estas não sejam “o alvo principal” da doença.

Referência sobre o assunto no país, a instituição também alerta para outro problema da volta às aulas: “o Brasil não vive um momento de clara diminuição de casos e óbitos e ainda apresenta um agravante que é a desmobilização de recursos de saúde em algumas regiões, que podem ser demandados de forma abrupta”.

500 novos óbitos
poderiam acontecer no Espírito Santo, considerando a atual taxa de letalidade do Estado, no “cenário otimista” simulado pela FioCruz

Para ilustrar esse potencial aumento da demanda por assistência médica, a nota técnica considerou “um cenário otimista”, em que apenas 10% dessa população de risco precisasse de uma unidade de terapia intensiva (UTI). Ainda assim, isso significa que seriam mais de 16 mil capixabas precisando de leitos do tipo.

A VOLTA ÀS AULAS NO ES: UM BREVE PANORAMA

Suspensas desde o dia 17 de março, as aulas presenciais ainda não têm data para voltarem no Espírito Santo. De acordo com o decreto em vigor, as escolas seguirão fechadas, pelo menos, até o final deste mês. Porém, em entrevistas recentes, o secretário de saúde Nésio Fernandes já adiantou que o retorno pode acontecer apenas em outubro.

Nesta semana, ele fez um pedido para que os professores e as instituições aperfeiçoem os métodos e as tecnologias de ensino à distância, já que a suspensão "pode durar mais algum tempo". Na mesma fala, o secretário também admitiu o risco da volta às aulas, caso não aconteça no momento adequado.

9 MILHÕES DE PESSOAS EM RISCO NO BRASIL

Quando a volta às aulas ganha âmbito nacional, mais de 9 milhões de brasileiros que integram o grupo de risco da Covid-19 poderiam ser expostos ao novo coronavírus por meio dos estudantes que moram com eles. Sendo 5,3 milhões de idosos e 3,8 adultos com alguma das três comorbidades (diabetes, problema no pulmão e doenças de coração).

No “cenário otimista” do estudo, essas pessoas poderiam representar mais de 900 mil pacientes em estado de saúde grave, com necessidade de receber tratamento intensivo. Conforma a taxa de letalidade verificada no Brasil, que está em 3,8%, eles poderiam significar 35 mil novas mortes no país.

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