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Carla Zambelli apaga vídeo de Netinho cantando 'Milla' após decisão judicial

Carla Zambelli apaga vídeo de Netinho cantando 'Milla' após decisão judicial

Juiz estabeleceu multa diária caso vídeo não fosse retirado do ar

Publicado em 13 de maio de 2021 às 19:09

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A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) em sessão solene na Câmara dos Deputados
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) . (Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) retirou de seu canal no YouTube o vídeo em que o músico Netinho, 54, cantava a música "Milla" em um ato pró-Bolsonaro, após Manno Góes, autor do sucesso, entrar com ação judicial que estabeleceu multa de R$ 5.000 por dia caso o registro permanecesse no ar.

Em seu Twitter, Góes afirmou que continuará com a ação: "A deputada Carla Zambelli cumpriu a ordem judicial. Todavia, a violação autoral ocorreu. Os danos morais e patrimoniais existiram e deverão ser ressarcidos."

A decisão foi tomada na última segunda-feira (10), pelo juiz Érico Rodrigues Vieira, da 3ª Vara Cível de Salvador (BA). O advogado Rodrigo Moraes, que representa Góes, afirmou que ainda aguarda a decisão do processo por danos morais e materiais, que totalizam R$ 200 mil.

Em nota, Zambelli afirmou que iria obedecer à decisão da Justiça. "Para demonstrar boa-fé com a Justiça brasileira, a deputada federal Carla Zambelli retirará ainda hoje o vídeo de suas redes sociais". Porém, o advogado disse que mesmo com o vídeo fora do ar, a ofensa à reputação de Góes já foi concretizada.

"Isso gera um dano, as pessoas podem pensar que Manno esteja ganhando indiretamente", disse Moraes após a decisão. O advogado afirmou que no último domingo (2) notificou, por email e de forma extrajudicial, Zambelli e o partido PSL para a retirada das imagens no YouTube.

Góes afirmou que "a parlamentar debochou da notificação extrajudicial que lhe foi enviada no dia 2 de maio", em seu Twitter nesta quarta-feira (12). Somente na noite desta quarta (12), a parlamentar removeu o vídeo. Procurada, a assessoria de Zambelli confirmou a remoção e disse que a deputada não irá se pronunciar.

ENTENDA O CASO

Góes já tinha criticado a execução da música no ato, também no domingo. "Netinho ontem [dia 1º] cantou 'Milla' no ato em que pessoas brancas, na Paulista, gritavam 'eu autorizo', para Bolsonaro. Autorizam o quê? Golpe militar?", indagou o cantor em seu Twitter. "Portanto, eu não autorizo esse débil mental de cantar minha música", completou.

Posteriormente, o músico pediu desculpas pelo uso da expressão débil mental. "Agradeço a todos que me chamaram atenção, mesmo apoiando meu desabafo. Estamos aqui para aprender e melhorarmos como pessoa. É o que quero para mim: aprender, evoluir, consertar", escreveu ele no Twitter.

Segundo o advogado, a ação não pode ser "confundida com censura". "Manno não impede que Netinho exerça a sua profissão de artista executando essa música, até porque ele vai ser beneficiado com a arrecadação de direitos autorais nos shows."

Cantor Netinho em ato pró-Bolsonaro
Cantor Netinho em ato pró-Bolsonaro. (Instagram/netinhooficialbrasileiro)

"Agora, a partir do momento, que você grava uma obra e coloca no YouTube é completamente diferente de uma execução pública em show ao vivo. Neste caso, há necessidade, sim, de autorização do autor", defende Moraes.

Ele complementa que Góes não compôs a música com a finalidade de apoio político, "sobretudo um político que ele tem rejeição". "O direito moral do autor não pode ser confundido com censura", acrescentou.

Em relação à mencionada notificação extrajudicial, a defesa da deputada diz que é importante esclarecer que, na verdade, o que foi recebido foi apenas um e-mail, sem qualquer procuração ou outro documento. A assessoria jurídica diz que até solicitou o envio da procuração, mas o advogado de Góes se recusou a enviar. No entanto, ele diz que mandou os documentos para a deputada.

Procurada, a assessoria da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) esclareceu que recebeu apenas um e-mail, sem qualquer procuração, notificação extrajudicial ou outro documento. "A assessoria jurídica até solicitou o envio da procuração, mas o advogado se recusou a enviar", diz.

Em nota, a deputada afirma entender que não houve nenhuma irregularidade e está amparada pelas exceções da Lei de Direitos Autorais. Ela diz que tem interesse em resolver o conflito extrajudicial, mas o compositor não quer.

"Até possuímos interesse na resolução extrajudicial do conflito, mas se o compositor já deixou bem claro que só pretende resolver a demanda na Justiça, então vamos nos defender judicialmente. Nossa equipe entrou em contato ao longo do dia de hoje e não teve qualquer retorno, e as ligações foram rejeitadas". Já representantes de Netinho afirmaram que o cantor não vai se pronunciar sobre o assunto.

Manno Góes autorizou a regravação do hit por Daniela Mercury. "Meu amigo querido! Eu entendo a sua agonia! Por isso, vou gravar 'Milla'. Essa música é amor, é liberdade! 'Milla' é nossa", escreveu a cantora em suas redes sociais, dirigindo-se ao compositor.

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