Publicado em 8 de junho de 2021 às 11:54
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, se recusou a participar de uma audiência pública mediada pela deputada Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro, nesta segunda (7). O tema da discussão era a crise institucional da fundação. >
"Não me sento à mesa para dialogar com pretos racistas! Benedita da Silva me chama de 'capitão do mato a mando do Bolsonaro'. Vá procurar sua turma! Não existe crise institucional na Palmares!", escreveu Camargo no Twitter. "Crise institucional = cortei a mamata da negrada vitimista e artistas queridinhos da militância." >
Benedita, por sua vez, afirmou que "estamos vivendo uma trágica alteração do papel das instituições públicas e também do papel dos gestores" na abertura da audiência. >
"Estamos pedindo que o senhor Sérgio Camargo não destrua aquilo que ele nunca deu uma contribuição para que existisse", disse a deputada. "São inúmeros agravos e denúncias em relação à Fundação Cultural Palmares -da saída de diretores, perda de estrutura e da paralisia em políticas públicas da valorização, da promoção e fomento da cultura afro-brasileira." >
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Segundo José Hilton Santos Almeida, presidente da Fundação Cultural Palmares durante o governo Dilma Rousseff, a instituição não tinha braços "para atender as demandas artísticas e culturais dos 120 milhões de brasileiros negros" mesmo antes de Camargo na presidência. >
"Nós nunca tivemos um orçamento condizente com essa demanda, nunca tivemos um quadro de pessoal, de servidores, que pudesse dar conta. Com o Sérgio [Camargo], essas coisas se agravam." >
Na última terça-feira (1º) , Camargo anunciou que todos os arquivos atrelados ao guerrilheiro comunista Carlos Marighella seriam excluídos do acervo da instituição. O anúncio foi feito nas suas redes sociais e ocorre em meio a uma série de atos de censura promovidos pela fundação. >
No Twitter, Mario Frias, secretário da Cultura, comemorou o anúncio de Camargo e usou alguns emojis para celebrar. >
Funcionários e pesquisadores do órgão acusaram Camargo de negar a importância de personalidades que se projetaram como símbolos da esquerda, caso de Marighella, ícone da luta armada contra a ditadura militar. >
Na época, profissionais da instituição disseram à ao jornal Folha de S.Paulo, sob anonimato, que esse tipo de prática tem atingido ainda outros servidores ligados à Secretaria Especial da Cultura no governo Bolsonaro. >
Quando foi nomeado, ainda na gestão de Roberto Alvim, militantes do movimento negro fizeram um protesto na Fundação Palmares. Os manifestantes entraram no prédio e subiram até a sede da fundação. Após uma ocupação simbólica na antessala do gabinete da presidência e em outros espaços do órgão, os manifestantes deixaram o local sem serem recebidos pelo presidente.>
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