Mulheres agredidas precisam de ajuda para voltarem a saber o que é um lar

As informações de que a casa é um ambiente hostil para tantas mulheres são importantes para a própria formulação de políticas públicas em defesa da dignidade feminina

Publicado em 11/01/2024 às 01h00
Mulher
Violência doméstica. Crédito: Arte/Geraldo Neto

Não é exatamente uma novidade que é dentro de casa que ocorre a maioria dos casos de violência contra a mulher, tanto que a expressão "violência doméstica" é praticamente um sinônimo. Em 2023, 70,2% das agressões tiveram o ambiente residencial como cenário, de acordo com os dados oficiais. Um ano marcado também pelo aumento dos casos em 7,4%.

As estatísticas de feminicídios, que é quando essa violência alcança o seu objetivo de colocar fim a vida de uma mulher, mostram o quanto o algoz está próximo: no ano passado, 75% das mortes foram causadas pelo marido ou companheiro. O que também não é nenhuma novidade.

Maridos, namorados e companheiros das vítimas  se consideram proprietários dessas mulheres por um senso de superioridade que, embora cada vez mais combatido, ainda prevalece nas relações amorosas. E é no ambiente doméstico que esse sistema permanece fortalecido, sob diferentes dinâmicas que vão da dependência financeira à emocional.

É um problema cultural, acima de tudo, o machismo. E já houve vitórias consideráveis, visto que já faz algum tempo que o ditado "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher" ficou para trás como conduta social aceita. Há cada vez mais a compreensão de que a violência contra a mulher não pode ser tratada como um assunto privado, mas nem isso nem o endurecimento da legislação, imposto nas últimas décadas, conseguiu dar um freio a tanta agressividade.

Mas as informações de que a casa é um ambiente hostil para tantas mulheres são importantes para a própria formulação de políticas públicas em defesa da dignidade feminina que envolvam autonomia financeira e autoestima. E também programas de acolhimento de mulheres sob ameaça: mais abrigos temporários nos quais elas possam organizar a própria vida para iniciar uma nova história, longe dos agressores. Em outubro passado, o Espírito Santo passou a integrar o Programa Acolhe, para a hospedagem temporária de mulheres em situação de vulnerabilidade em hoteis, enquanto aguardam as medidas permanentes.

Mulheres vítimas de violência doméstica acabam perdendo a dimensão do que seja um lar, quando esse espaço se transforma no cenário de medo e dor.  Essas mulheres precisam saber que há alternativas para uma vida melhor, o desafio do poder público é fazer essa boa nova chegar até elas.

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