Publicado em 7 de abril de 2020 às 09:32
O WhatsApp anunciou nesta terça-feira (7) que vai limitar o encaminhamento de mensagens no aplicativo para evitar a propagação de notícias falsas. A medida resulta do cenário de desinformação na plataforma durante a epidemia do novo coronavírus.>
A partir de agora, não será mais possível encaminhar uma mensagem que foi retransmitida diversas vezes a cinco destinatários, mas a apenas um.>
A mudança vale para as chamadas mensagens encaminhadas com frequência, que são rotuladas no aplicativo com setas duplas. Essas setas indicam que a mensagem não se originou de um contato próximo.>
"Agora, estamos introduzindo um limite para que essas mensagens possam ser encaminhadas para apenas uma conversa por vez", diz o WhatsApp.>
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A empresa afirma ter observado aumento significativo na quantidade de encaminhamentos, o que "pode fazer com que os usuários se sintam sob pressão, além de contribuir para a disseminação de informações erradas".>
Essa é a terceira vez que o mensageiro, que pertence ao Facebook, altera o número de vezes que um conteúdo pode ser transmitido na plataforma. As mudanças são sempre respostas a crises.>
O repasse não tinha limite até ser reduzido para 20, após um linchamento na Índia (defendido por usuários da plataforma); no início de 2019, o número caiu para cinco, depois de episódios de disparos em massa durante as eleições brasileiras em 2018.>
Um estudo recente feito em parceria pelos projetos Eleições Sem Fake, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, e Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, identificou que quatro de 10 áudios mais compartilhados sobre coronavírus no Brasil são negacionistas.>
O grupo analisou 2.108 áudios que circularam de 24 e 28 de março, em 522 grupos públicos de WhatsApp, com a participação de mais de 18 mil usuários ativos.>
Os conteúdos têm supostos depoimentos de médicos e testemunhas que afirmam que as CTIs estão vazias, as funerárias estão sem corpos e os mortos por acidente estão sendo contabilizados como mortos pelo vírus.>
O professor de gestão de políticas públicas da USP e colunista da Folha Pablo Ortellado, um dos integrantes do estudo, considerou a medida do WhatsApp positiva e mais ágil do que em relação a episódios de alta circulação de informações falsas. >
"Tende a reduzir bastante o tráfego de conteúdo viral. O WhatsApp agiu mais rápido. Nas eleições de 2018, foi pego de surpresa; eles haviam recém trocado de direção", diz. "Agora é uma questão de vida ou morte." >
Pablo Ortellado
Professor de gestão de políticas públicas da USPO Facebook também implementou mudanças em seus outros produtos mais populares, como a rede social e o Instagram, a fim de conter a disseminação de informação falsa durante a pandemia. A empresa e o Twitter eliminaram com celeridade publicações de políticos, como do presidente Jair Bolsonaro, por violarem políticas durante a crise da covid-19. >
Ortellado defende mais duas medidas para o WhatsApp: que, por padrão de privacidade, apenas contatos possam incluir pessoas em grupos (hoje esse recurso não vem por default, precisando ser alterado de forma manual) e que seja possível diminuir as listas de transmissão, que hoje alcançam até 255 contatos. >
O WhatsApp também afirma que incluiu em sua versão beta mais recente uma maneira de os usuários descobrirem mais informações sobre mensagens encaminhadas. >
Segundo a empresa, a ideia envolve a exibição de um ícone de lupa ao lado dessas mensagens frequentemente encaminhadas, dando aos usuários a opção de realizar uma pesquisa na web, na qual podem encontrar resultados de notícias. >
"Estamos trabalhando diretamente com ONGs e governos, incluindo a Organização Mundial da Saúde e mais de 20 ministérios nacionais da saúde, incluindo o do Brasil, para ajudar a conectar as pessoas com informações precisas", diz a empresa. >
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