Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 21:41
A Vale fechou 2019 com prejuízo de R$ 6,7 bilhões, provocado principalmente pelos gastos e provisões para indenizações e remediação de danos da tragédia de Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos em janeiro daquele ano. Foi o segundo prejuízo da mineradora em um período de 20 anos. Em 2018, a Vale havia registrado lucro de R$ 25,6 bilhões.>
O prejuízo foi provocado por provisões e despesas relacionadas ao desastre, que devem custar à empresa R$ 28,8 bilhões. Deste total, R$ 18,5 bilhões são para remediação e R$ 10,3 bilhões para descaracterizar barragens semelhantes à que se rompeu.>
A produção de minério de ferro em 2019 teve queda de 21,5%, para 301,9 milhões de toneladas. Com isso, a Vale perdeu o posto de maior produtora global de minério de ferro para a anglo-australiana Rio Tinto. >
O rompimento de barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019. Um ano depois, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou 16 pessoas por homicídio doloso - entre elas o ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman.>
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A companhia abre o balanço divulgado nesta quinta (20) dizendo que "reafirma seu respeito pelas vítimas e suas famílias e agradece às autoridades envolvidas nas medidas de busca e salvamento".>
Depois, lista uma série de medidas já adotadas para remediar a situação, como o pagamento de acordos de indenização trabalhistas para empregados que perderam as vidas ?R$ 1,4 bilhão já pago a famílias de 244 das 250 vítimas.>
"A Vale permanece firme em seus propósitos: reparar integralmente Brumadinho e garantir a segurança das nossas pessoas e ativos", escreve, em carta publicada no balanço, o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo.>
Segundo ele, o resultado de 2019 "evidenciou a resiliência e a capacidade de resposta da Vale".>
Beneficiada pelo aumento dos preços do minério, a companhia teve aumento de receita, mesmo com corte de 21,5% em sua produção da commodity. A receita em 2019 foi de R$ 148,6 bilhões, 10% acima do registrado em 2018.>
Segundo a Vale, o preço médio de referência do minério de ferro 62% ficou 34% acima do ano de 2018 devido a disrupções de oferta provocadas por Brumadinho e pelo ciclone Veronica, na Austrália.>
O aumento nas cotações representou um ganho de R$ 23,6 bilhões na receita, compensando a perda de R$ 19,6 bilhões com as vendas menores. >
A queda na produção foi provocada, principalmente, pela suspensão das operações nas minas Vargem Grande, Fábrica, Brucutu, Timbopeba e Alegria, todas em Minas Gerais, devido ao aumento das restrições operacionais após o desastre.>
A produção de pelotas ?minério processado para uso em siderúrgicas? da companhia caiu 24,4% no ano, para 41,8 milhão de toneladas. As operações estão interrompidas em minas com capacidade de produção de 40 milhões de toneladas por ano.>
No quarto trimestre de 2019, a Vale fez provisões adicionais para a descaracterização de barragens. Parte do valor refere-se à inclusão de cinco novas estruturas no programa original.>
A descaracterização consiste na retirada dos rejeitos e na recuperação da área, para que seja novamente integrada à natureza. O primeiro processo desse tipo foi concluído em dezembro, na barragem 8B, em Nova Lima (MG).>
Com as provisões, o resultado de quarto trimestre foi prejuízo de R$ 6,4 bilhões, praticamente anulando o lucro de R$ 6,5 bilhões registrado no trimestre anterior. No quarto trimestre de 2018, a Vale teve lucro de R$ 14,5 bilhões.>
Os dados do quarto trimestre, porém, reforçam sinais de recuperação. As receitas cresceram 9,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 41 bilhões. >
Mesmo com as provisões bilionárias, a empresa reduziu sua dívida quase à metade, para US$ 4,9 bilhões (R$ 21 bilhões, pela cotação atual), o menor valor desde 2008. Segundo a mineradora, o pagamento de dívidas foi possível devido à forte geração de caixa.>
No balanço Vale alerta, porem, para as incertezas econômicas geradas pelo surto de coronavírus na China, sua maior cliente.>
"O preço do minério de ferro pode ser impactado no curto prazo por tais incertezas e pelo sentimento geral, mas deve se recuperar, em resposta à atividade de reestocagem e politicas de estímulo", diz.>
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