Publicado em 7 de abril de 2020 às 16:14
Por causa do amplo alcance na economia informal e nos pequenos empresários, o governo avalia usar fintechs, como operadoras de maquininhas de cartão, para a distribuição do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do coronavírus e para conceder crédito a donos de pequenos negócios.>
Por isso, o governo lançou um programa para pagar R$ 600 temporariamente a esse grupo, que, em grande parte, usa a maquininha, de empresas como PagSeguro, Cielo e Stone, nas vendas e prestação de serviços.>
Técnicos da equipe econômica avaliam que essa rede já formada pelas fintechs seria uma forma de rastrear e transferir o auxílio diretamente a quem tem direito.>
O governo ainda trabalha na operação para liberar o dinheiro do auxílio emergencial e deve começar pelo pagamento a trabalhadores e população de baixa renda, como beneficiários do Bolsa Família, que já estão no Cadastro Único de programas sociais.>
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Ainda há a dificuldade de identificar quem está fora desse banco de dados, como microempreendedores e profissionais informais (ambulantes, por exemplo) sem registro no Cadastro Único.>
O governo anunciou que os pagamentos vão começar nesta quinta-feira (9) e lançou ferramentas digitais para possíveis beneficiários. O pedido de ajuda financeira pode ser feito num site da Caixa (https://auxilio.caixa.gov.br/).>
A lei que cria o benefício temporário prevê a distribuição dos recursos apenas por instituições financeiras públicas. O uso das fintechs para liberação do auxílio emergencial ainda não foi autorizado pelo Congresso.>
O Senado já aprovou um projeto com modificações nesse programa, ampliando a lista de categorias que podem receber o auxílio e também a rede de pagamentos.>
Com articulação de líderes governistas, a proposta permite que a operação envolva também agências dos Correios e lotéricas, além de bancos privados e instituições não financeiras de pagamento e de transferência de capital (fintechs).>
Para efetivar essas novas formas de pagamento do benefício emergencial, ainda é necessário o aval do plenário da Câmara. O projeto, porém, ainda não tem data para ser votado, porque a equipe econômica questiona outros trechos da proposta que criam novas despesas durante a pandemia e nos próximos anos.>
Comércio durante a pandemia de coronavírus
O texto será discutido com os líderes da Câmara, mas o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reforçou nesta terça-feira (7) que operadoras de maquininhas de cartão são capazes de "fazer o dinheiro chegar a quase 30 milhões de brasileiros que terão acesso a esses recursos".>
O Palácio do Planalto estima que, ao todo, 54 milhões de pessoas deverão receber o auxílio emergencial neste ano, incluindo beneficiários do Bolsa Família, que passam a ter um complemento na renda a ser transferida pelo governo.>
O custo do programa deve ser de R$ 98 bilhões. O auxílio é limitado a duas pessoas da mesma família e, se a trabalhadora informal ou microempreendedora for mão chefe de família, terá direito ao dobro do valor (R$ 1.200).>
O ministro Paulo Guedes (Economia) também trabalha para que as maquininhas sejam usadas para destravar o mercado de crédito. Ele tem criticado a atuação dos bancos na concessão de crédito na crise.>
Apesar do esforço do governo em retirar amarras do sistema bancários, o ministro avalia que os recursos estão ficando represados nas instituições financeiras, em vez de serem emprestados a empresários que passam aperto com a pandemia.>
As fintechs, então, permitiriam que microempreendedores e pequenas empresas tenham acesso aos recursos.>
Hoje, já é possível obter crédito pelas maquininhas de cartão, mas a ideia é que, com a crise econômica, o governo passe a oferecer recursos públicos como garantia a essas operações.>
Uma medida semelhante foi lançada na semana passada. Guedes apresentou uma linha de crédito, majoritariamente com recursos do Tesouro, para que pequenas e médias empresas possam financiar o pagamento de salários dos funcionários durante a pandemia.>
Após ser cobrado por empresários, o ministro confirmou que o crédito via maquininhas está em estudo. Mas isso depende de mudança nas regras do Banco Central.>
Nesta segunda (6), técnicos do BC conversaram com entidades patronais para tentar avançar na medida.>
"O pequeno empresário não está conseguindo crédito nos bancos e base [de cobertura] formada pelas maquininhas é muito grande. Essa seria uma solução importante", disse o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci.>
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