Publicado em 26 de março de 2020 às 10:42
A falta de uma liderança definida para gerir a crise da pandemia do novo coronavírus no Brasil é o maior problema do país na atualidade. Essa é a opinião do ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso e ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, que foi o líder do comitê de crise do apagão de 2001.>
"Não basta apenas a liderança se não tiver processo que permita autonomia. Na época do apagão, foi apenas uma medida provisória, que dava autonomia para o comitê. A gente vê descoordenação, dentro do próprio âmbito federal", disse ele durante reunião virtual promovida pela XP nesta quarta-feira (25).>
José Galló, CEO das lojas Renner, Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, e Paulo Chapchap, CEO do hospital Sírio Libanês, também participaram do encontro.>
"Essa crise tem um aspecto particular que é o fato de que as medidas necessárias para lidar com a crise da saúde vão gerar problemas das mais diversas naturezas sociais e econômicas", disse Parente.>
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Ele afirma ainda que o problema da saúde está sendo bem combatido pelo ministro Luiz Henrique Mandetta.>
"Tem que ter clareza que o esforço é muito maior do que o que foi falado até agora. O aumento da dívida pública precisa acontecer para que a gente possa sair dessa crise de uma maneira que não prejudique muito o país", disse Parente.>
Segundo ele, princípios de austeridade devem ser deixados de lado nesse momento. "Temos que entender que precisamos de um tratamento muito mais amplo do que aquele que está sendo colocado. É um gasto que acontece de uma vez só. Não é recorrente. Temos que ter uma certeza no menor prazo para ter a menor recessão econômica.">
Galló, da Renner, avalia que, quando as medidas econômicas aparecerem, as pessoas vão se sentir mais confiantes.>
"Na saúde temos um líder que está dizendo as coisas com muita clareza. Na área econômica ninguém está falando. As áreas deveriam se conversar", afirmou.>
O ex-governador do Espírito Santo também diz ser necessário um investimento do governo. "Precisamos alocar recursos públicos para fazer uma travessia desse tsunami que estamos vivendo.">
O CEO do Sírio, Chapchap, concorda com a necessidade de liderança. "O Pedro tem razão. Precisamos ter um rosto e não uma responsabilidade compartilhada. A gente precisa de um [ex-primeiro ministro do Reino Unido Winston] Churchill. Nesse momento eu deixaria no Mandetta, que tem equipe potente e sensibilidade social.">
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