
Enquanto o prefeito de Viana, Gilson Daniel (Podemos), adia a escolha do seu candidato à sucessão, ou faz mistério em torno de sua escolha, a cidade vê despontar uma série de pré-candidatos a prefeito que querem o cargo hoje ocupado por Gilson, mas que não fazem parte do grupo político liderado por ele no município. Hoje, pelo menos seis partidos planejam lançar candidato a prefeito, fora do movimento de Gilson. Os nomes são:
O vereador Cabo Max (PP), a advogada Luzinete Deolindo (PV), o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Wylis Lyra (MDB), o ex-vice-prefeito Faustão (PDT), a jornalista Cida Rocha (Avante) e a contadora Graça Fortes (PSL). Todos, se não são oposição declarada ao atual prefeito, são no mínimo independentes em relação a ele.
No caso dos três primeiros, há conversas em curso entre os dirigentes dos respectivos partidos. Não se pode descartar uma aliança entre Cabo Max e Luzinete Deolindo, a qual também pode abarcar Wylis Lyra, numa somatória de forças para fazerem frente a quem quer que seja o candidato da máquina municipal.
Essa união de forças soa plausível também em razão de um detalhe importante que os une: no plano estadual, os partidos de Max e Luzinete, PP e PV, fazem parte de um mesmo polo político: o de partidos agrupados na base do governo Casagrande (PSB). Já o MDB de Wylis Lyra não faz parte oficialmente da base de Casagrande, mas há emedebistas no governo, e o próprio Lyra, além da boa relação com o governador, ocupava cargo comissionado no Detran/ES até o início de abril. Ou seja, estava dentro da administração de Casagrande.
Entretanto, se essa possível aliança entre eles contra o candidato de Gilson for mesmo costurada, dificilmente será com a linha de costura do próprio governador. Isso porque o Podemos, partido comandado no Estado pelo prefeito de Viana, também integra a base de Casagrande, e o próprio Gilson Daniel é um aliado importante para ele.
Na verdade, na eleição em Viana, Casagrande simplesmente não tem como perder. A despeito de disputas e diferenças em nível municipal, todos os pré-candidatos a prefeito da cidade pertencem a partidos de sua ampla aliança no Estado, tanto os do bloco de Gilson como os de oposição a ele. Por isso, além do candidato a ser ungido pelo atual prefeito, a grande interrogação em Viana hoje é sobre a postura que o governador adotará nesse processo.
Em vez de inflar um palanque que desafie o de Gilson, Casagrande pode até facilitar as coisas para o candidato a ser lançado pelo prefeito, trabalhando nos bastidores para remover uma ou mais dessas outras candidaturas preparadas por partidos de sua base (PP, PV etc.). Mas, se fizer isso, indispõe-se com os respectivos dirigentes. Os presidentes estaduais do PP e do PV, por exemplo, fazem parte do 1º escalão do seu governo. São, respectivamente, os secretários de Desenvolvimento Urbano, Marcus Vicente, e de Meio Ambiente, Fabrício Machado.
Por isso, soa muito mais plausível que Casagrande prefira se abster de pôr a mão nessa cumbuca, mantendo a neutralidade e deixando seus aliados disputarem entre si em Viana.
Abaixo, perfilamos os principais adversários do grupo de Gilson em Viana:
CABO MAX (PP)
Na lista de candidatos alternativos ao grupo de Gilson Daniel, o que tem mais “cara” de oposição é, certamente, o vereador Cabo Max (PP). Seja na atuação parlamentar, seja em suas postagens nas redes sociais, ele mantém postura bastante crítica ao atual prefeito. O próprio vereador confirma à coluna a postura crítica, mas evita se rotular como “vereador de oposição”.
“Sou um vereador de posição. Tenho meu posicionamento de independência. Às vezes me oponho em algumas pautas. Em relação ao governo Casagrande, o Progressistas faz parte. Somos aliados.”
A coluna apurou que a direção estadual do PP prioriza as candidaturas de Cabo Max em Viana e do Dr. Helcio Couto em Cariacica, e não vai retirar de jeito nenhum a de Max, que corrobora isso:
“Minha candidatura é irreversível por diversos fatores. Já fizemos alguns compromissos e já criamos alguma musculatura com partidos aliados. O PROS e o DEM estão fechados comigo, inclusive ajudei a montar as respectivas chapas de vereadores. O PP acredita muito na possibilidade de ganhar uma eleição para prefeito na Grande Vitória. Me preparei bastante. Não há chance alguma de eu recuar.”
Com 38 anos, Max é cabo da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo. Ingressou na corporação em 2004, como soldado, e subiu de patente em 2013. É formado em Odontologia e pós-graduado em Saúde Pública.
Foi eleito vereador em 2016, pelo PP (seu único partido), para seu primeiro mandato, em sua estreia nas urnas. Em 2018, foi escolhido em plebiscito do Projeto Político Militar para ser candidato a deputado federal. Não conseguiu, mas teve bom desempenho, com 29.786 votos.
WYLIS LYRA (MDB)
O ex-superintendente da PRF no Espírito Santo também garante que sua candidatura é inamovível. “Sim. Meu nome estará nas urnas. Já tivemos várias oportunidades para não sermos candidatos e não aceitamos nenhuma proposta. Temos conversas bem adiantadas com cinco partidos”, afirma Lyra, preferindo não especificar quais.
O inspetor rodoviário também não se define como opositor de Gilson Daniel, chega a elogiar o prefeito, mas esclarece que não busca o apoio dele e que se prepara para enfrentar o candidato da situação nas urnas:
“Na verdade, a nossa posição não é contra o atual prefeito. Nossa proposta é fazer mais por Viana. O atual prefeito trabalhou, isso é visível. Mas temos que fazer o município crescer, evoluir. Aqueles que quiserem vir apoiar a nossa candidatura, as portas estão abertas. Mas não há uma busca do MDB pelo partido do atual prefeito. Estamos fazendo a nossa caminhada aqui pensando em, lá na frente, sermos adversários políticos.”
Lyra enfatiza a boa relação com Casagrande. “Minha indicação para o Detran foi técnica, não foi política. Tenho excelente relação com o governador desde antes de ele retornar ao governo. Sendo possível o apoio dele em Viana, será muito bem-vindo. Para nós seria importante a presença do governador na nossa caminhada, mas essa tratativa está a cargo da direção estadual do MDB.”
Possíveis dificultadores para o inspetor: em Viana, o MDB é um partido pequeno hoje; e todos os seus potenciais adversários ressaltam que ele não é da cidade, e sim trabalha lá.
LUZINETE DEOLINDO (PV)
O presidente regional do PV, Fabrício Machado, chegou a ensaiar ser candidato a prefeito (o que só teria sido com apoio de Casagrande). Mas decidiu manter-se no cargo de secretário estadual de Meio Ambiente e lançar à prefeitura a ex-vereadora Luzinete Deolindo, advogada com atuação nas áreas criminal e cível.
Ex-PSB, Luzinete foi filiada ao PV por Machado no limite do prazo, em abril. A aposta dele é numa “divisão do território” vianense: ele representa a Grande Marcílio (bairros Marcílio de Noronha, Industrial, 13 de Maio e Primavera), enquanto ela representa a Grande Bethânia (Vila Bethânia, Nova Bethânia, Campo Verde e Morada de Bethânia).
Nesse processo, o PV está dialogando com todas as forças políticas que têm pré-candidato, menos com Gilson Daniel, na intenção de formar uma frente ampla na cidade com um candidato alternativo que faça frente ao do prefeito.
Em Viana, aliás, o PV tem a relação mais complexa (e, talvez, mal resolvida) com Gilson Daniel. Vale lembrar que, na verdade, foi pelo PV que ele chegou à prefeitura em 2012 (então como azarão) e que se reelegeu em 2016, antes de migrar para o Podemos, no ano seguinte. Desde então, o PV afastou-se da base de Gilson. Se não houve rompimento político, houve, no mínimo, distanciamento.
Nas duas eleições de Gilson, Machado era o presidente do PV em Viana. “Fui eu que o lancei em 2012”. No PV, há um não superado sentimento, inclusive por parte de Machado, de que o prefeito usou e descartou o partido.
Agora, o PV tem a chance de dar o troco em Gilson, com a candidatura de Luzinete. Alguns agentes políticos da cidade acreditam, porém, ser mais provável que ela venha como vice de Cabo Max ou de Wylis Lyra.
OUTROS CANDIDATOS
Vice-prefeito na primeira administração de Gilson (2013/2016), Faustão (PDT) é outro que rompeu politicamente com o prefeito.
Conhecida advogada e contadora de Viana, Graça Fortes quer ser candidata pelo PSL.
Independente e novata em eleições, Cida Rocha quer disputar pelo Avante. Da área de comunicação, ela era assessora do deputado estadual e radialista Antário Filho quando ele foi assassinado, em 31 de dezembro de 1997.
Pelo grupo do prefeito, o ex-vereador Tonico Firme e a ex-secretária municipal de Comunicação, Cultura e Turismo Daniele Bolonha, não citados na coluna desta quinta-feira (2), também estão filiados ao Podemos e habilitados a concorrer.
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido possível