Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"The Witcher: Lenda do Lobo" funciona apenas para fãs da série

Filme em animação lançado pela Netflix apresenta personagens que serão desenvolvidos na segunda temporada da série estrelada por Henry Cavill

Vitória
Publicado em 23/08/2021 às 20h29
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Filme "The Witcher: Lenda do Lobo", animação da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

The Witcher” nasceu nas páginas dos livros do polonês Andrzej Sapkowski, mas foi nos jogos que a série se tornou imensa. “The Witcher 3: Wild Hunt” foi lançado em 2015 e ainda hoje é um jogo popular - uma versão “atualizada” está sendo desenvolvida para os consoles da nova geração. A relação atual das mídias é de retroalimentação: os jogos alimentaram a popularidade da série da Netflix que, por sua vez, levou ainda mais jogadores às aventuras de Geralt de Rivia. É a indústria cultural em pleno funcionamento…

Como de boba a Netflix não tem nada, para anteceder o lançamento da segunda temporada de série e reaquecer o assunto, ela lança o longa em animação “The Witcher: Lenda do Lobo”. Dirigido por Kwang II Han, o anime serve de prelúdio ao que vimos na primeira temporada, mas também prepara o terreno para a segunda, que chega à plataforma em 17 de dezembro.

“A Lenda do Lobo” é a história de Vesemir, bruxo que conhecemos dos jogos, mas que não deu as caras na primeira temporada da série. Vesemir (voz de Theo James) é o mentor de Geralt e também uma figura paterna ele. O filme traz uma narrativa não linear, alternando momentos da infância do personagem com uma aventura com ele já adulto. Como os bruxos envelhecem mais devagar que os humanos, o texto brinca com o período de tempo entre as duas narrativas, sem nunca sabermos ao certo o tempo que as separa.

O arco principal traz Vesemir investigando ataques de criaturas perto de Kaer Morhen, a fortaleza dos bruxos. O roteiro passa de um momento de colaboração entre o protagonista e a poderosa feiticeira Tetra para um antagonismo entre ambos - algumas viradas no texto são bem previsíveis, mas outras são até interessantes e ajudam o espectador a montar o quebra-cabeças.

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Filme "The Witcher: Lenda do Lobo", animação da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Tal qual nos jogos e na série da Netflix, “The Witcher: Lenda do Lobo” traz discussões sobre preconceito com os tidos como diferentes. Esse tema, no entanto, é explorado de forma rasa, apenas para justificar o ódio da população contra os “mutantes”. Ao invés disso, o filme se preocupa muito mais em criar conexões com a série, com várias referências ao que foi visto na primeira temporada e principalmente apresentando diversos personagens que estarão na segunda. Assim, alguns arcos são apenas citados ou explorados superficialmente.

A grande força de “Lenda do Lobo” é a animação e as possibilidades oferecidas por ela. Sem as amarras técnicas do live-action, o filme ganha agilidade, fantasia e combates divertidos, com magias e portais garantido um ar de novidade. Os recursos da animação também são bem explorados no arco do jovem Vesemir, principalmente nos testes por que ele precisa passar para se tornar um bruxo. As sequências são brutais e muito mais viscerais do que o esperado - e isso fica claro desde as primeiras cenas.

É curioso que o filme perca sua força justamente quando explora ao máximo a potência da animação, em um grandioso combate final. Como o texto é centrado em Vesemir, Tetra e Deglan (mestre de Vesemir), não nos importamos muito com o destino dos outros personagens - o desenrolar do conflito é bom, cheio de sangue, mas não é o que o público busca ali.

“The Witcher: Lenda do Lobo” não é ruim, mas tampouco é bom. Sem identidade própria, o filme em animação dificilmente funcionará para os não iniciados no mundo de “The Witcher”, mas vale ressaltar que a série estrelada por Henry Cavill foi um dos grandes sucessos recentes da Netflix, então há entre os assinantes muitos interessados nas histórias de fantasia, intrigas, sexo e ação criadas por Andrzej Sapkowski. Enquanto um novo jogo ainda é um rumor sobre o qual pouco se sabe, os conteúdos da Netflix são o que resta para quem se apegou àquele universo.

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Filme "The Witcher: Lenda do Lobo", animação da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

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