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Vice-presidente nacional do PT cobra que Casagrande apoie Lula

Conflitos estaduais não são únicos entraves à federação entre petistas e socialistas, mas para José Guimarães, governador do ES "não sabe se apoia Moro ou Lula"

Vitória
Publicado em 09/02/2022 às 02h10
Governador Renato Casagrande discursa durante entrega das obras do Portal do Príncipe, em Vitória
Governador Renato Casagrande discursa durante entrega das obras do Portal do Príncipe, em Vitória. Crédito: Hélio Filho/Secom

Há diversos entraves à formação de uma federação entre PT e PSB, que seria uma aliança nacional verticalizada, com reflexos diretos nos estados. Nem todas as pedras no caminho da parceria dizem respeito a questões locais. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já demonstrou insatisfação com a proposta dos petistas de comandar 27 das 50 cadeiras da assembleia que definiria os rumos dos partidos que podem compor a federação.

O deputado federal José Guimarães, um dos vice-presidentes nacionais do PT, não gostou dos apontamentos de Siqueira e avisou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que os petistas não aceitam "que alguém de outro partido fique dando pito no PT".

Como quem não quer nada, no entanto, Guimarães acabou "dando um pito" no governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, que é secretário nacional do PSB. Casagrande ainda não disse quem pretende apoiar na corrida pelo Palácio do Planalto. Aliás, nem diz vai disputara reeleição, embora ninguém duvide que vai. 

Para Guimarães, a indefinição do governador sobre os pré-candidatos à Presidência da República não ajudam na formação de uma federação com o PT, que tem como prioridade eleger o ex-presidente Lula.

"Eu já falei para o Siqueira: no Espírito Santo é só o governador Renato Casagrande apoiar o Lula. Ele não declarou apoio ainda, como vamos apoiar um cara se você não sabe se ele apoia o Moro ou o Lula? Na hora que ele se dispuser a sentar com o PT, respeitando o PT e declarando apoio ao Lula, estaremos no palanque do Casagrande no Espírito Santo", afirmou Guimarães, à Folha.

Se não estiver no palanque de Casagrande, o mais provável é que o PT lance um nome próprio ao governo do Espírito Santo, garantindo assim uma porta de visibilidade e um cabo eleitoral para Lula. Não à toa, o PT filiou o senador Fabiano Contarato, que é pré-candidato ao Palácio Anchieta.

Enquanto isso, o governador mantém uma relação minimamente cordial com os petistas, mas também com defensores de outros candidatos à Presidência da República. O vice-presidente nacional do PT, José Guimarães, avaliou, como já mencionado, que Casagrande poderia até apoiar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

No primeiro escalão do governo estadual está o presidente estadual do Podemos, o secretário de Planejamento Gilson Daniel, que coordena a campanha de Moro no Espírito Santo.

O ex-juiz deve se encontrar com Casagrande nos próximos dias, quando vem ao estado. O governador já afirmou à coluna que, devido ao cargo que ocupa, recebe diversas autoridades e pré-candidatos e que não necessariamente se alinha politicamente a tais figuras.

ESPAÇO DE PODER

Casagrande é contra a formação de uma federação, que é uma espécie de coligação turbinada, com duração de quatro anos, com o PT ou com qualquer partido.

"O PSB precisa ter um projeto próprio. Não tem candidato à Presidência da República, mas tem que ter chapa de (deputado) federal. Federação é um pedaço do passado. (O Congresso) acabou com a coligação, mas permitiu a federação, que é muito pior. Tem que ficar quatro anos aliançado com o outro partido. Não é ataque a ninguém, não é desprestígio a ninguém. Tenho direito de ser contra federação. Acho que os partidos têm que sobreviver com resultado. O partido que não tem ... O Congresso arrumou uma maneira de carregar um pedaço do passado para o futuro", afirmou o socialista à coluna.

O presidente do PSB no Espírito Santo, Alberto Gavini, votou contra a federação, mas foi voto vencido no partido. Ele admitiu que um complicador para Casagrande é garantir palanque para um candidato à Presidência da República apenas, tendo aliados em siglas que possuem outros nomes na disputa pelo Palácio do Planalto.

E levantar o braço de Lula, no Espírito Santo, pode ser um complicador maior ainda para o governador, em uma campanha à reeleição. Apesar de o petista liderar as intenções de voto no país, também tem alto índice de rejeição. No estado, há um forte sentimento antipetista, reconhecido por integrantes da legenda, como o próprio Contarato. 

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