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Muribeca X Vidigal e Audifax: "A Serra não precisa de mais do mesmo"

Deputado estadual é pré-candidato a prefeito pelo Republicanos e rebateu, em nota enviada à coluna, indiretas do atual prefeito e aliados

Vitória
Publicado em 21/03/2024 às 11h51
O deputado estadual Pablo Muribeca durante sessão da Assembleia Legislativa do Espírito Santo
O deputado estadual Pablo Muribeca durante sessão da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Crédito: Ellen Campanharo/Ales

Mesmo sem ter o nome mencionado, o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), pré-candidato a prefeito da Serra, é tratado como "risco de retrocesso" pelo atual prefeito da cidade, Sérgio Vidigal (PDT), e pelo pré-candidato do PDT ao cargo, Weverson Meireles. Em dezembro, ao se filiar ao PP, o ex-prefeito Audifax Barcelos também mandou uma indireta: "Não é qualquer um que pode ser prefeito da Serra".

Nesta quinta-feira (21), em nota enviada à coluna, o parlamentar revidou.

Muribeca, com seu onipresente chapéu, faz discursos estridentes na Assembleia Legislativa contra a administração de Vidigal e se apresenta como "o novo", para vencer a hegemonia do pedetista e de Audifax. Desde 1997, apenas os dois, em uma espécie de revezamento, foram prefeitos da cidade. Ex-aliados, converteram-se nos principais adversários um do outro.

Vidigal está no quarto mandato no comando do Executivo municipal e poderia tentar a reeleição em 2024. Devido a problemas de saúde da primeira-dama da cidade, a ex-deputada federal Sueli Vidigal (PDT), contudo, o prefeito decidiu não concorrer. Ele lançou o próprio chefe de gabinete e presidente estadual do partido, Weverson Meireles, como pré-candidato.

O prefeito, no último sábado (16), chegou até a cogitar recuar da candidatura própria do PDT e firmar uma aliança com Audifax, que é pré-candidato a prefeito. Seria uma união histórica para fazer "a virada de chave" e barrar "o retrocesso". O ex-prefeito, por sua vez, afirmou que topa dialogar.

Ironicamente, em nota enviada à coluna nesta quinta, Pablo Muribeca diz que o prefeito e o ex-prefeito é que são o retrocesso:

Pablo Muribeca (Republicanos)

Deputado estadual

"A virada de chave que a Serra precisa é sair do retrocesso, é acabar de uma vez por todas com o mais do mesmo"

Meireles, no sábado, também provocou Muribeca, ao discursar, mas sem citar o nome do adversário e sem admitir, depois, que era uma indireta para ele: "Sou formado em administração, não sou formado em TikTok e pós-graduado em Instagram".

O deputado é usuário frequente das redes sociais e fomenta "polêmicas" em busca de visibilidade e para fustigar a gestão de Vidigal, como ao fazer fiscalizações em unidades de saúde da Serra.

Aliás, a prefeitura recorreu ao Judiciário para impedir que o parlamentar ingressasse nos pronto-atendimentos e postos de saúde. O Tribunal de Justiça (TJES) decidiu que ele pode entrar, mas sem invadir consultórios e os espaços de descanso dos profissionais. Também pode registrar imagens dos pacientes, mas apenas com o consentimento deles. 

"Minha formação acadêmica não me torna melhor ou pior gestor. Se fosse assim, o administrador poderia fazer chegar os investimentos onde o cidadão mais precisa. Ou o médico, no caso o prefeito atual, resolveria o problema da saúde da Serra. Mas o que vemos não é bem assim", registrou Muribeca, na nota enviada à coluna.

Para espantar o medo do "novo", o pré-candidato do Republicanos cita exemplos de outras cidades da Grande Vitória em que políticos tradicionais foram destronados. "Não precisamos ir muito longe para vermos bons exemplos de como a virada de chave faz a diferença. Exemplos como Vila Velha, Cariacica e Viana demonstram que é possível fazer mais e melhor", afirmou.

Os prefeitos dessas cidades são, respectivamente, Arnaldinho Borgo (Podemos), Euclério Sampaio (MDB) e Wanderson Bueno (Podemos).

O FATOR IDEOLÓGICO

Há, na disputa pela Prefeitura da Serra, além do duelo entre a experiência e "o novo", uma guerra ideológica subliminar. Muribeca é do Republicanos, que se diz "o verdadeiro partido conservador do Brasil" — embora a legenda seja, no mínimo, flexível com o cumprimento dos "bons costumes" e valores cristãos por parte de seus filiados.

O Republicanos tem raízes na Igreja Universal do Reino de Deus.

Vidigal, evangélico, é a personificação do PDT no Espírito Santo, um partido de esquerda. Audifax já foi filiado ao PT, ao PDT, ao PSB e à Rede, mas nunca foi, realmente, um homem de esquerda. Deu uma guinada em 2022, quando saiu da Rede para apoiar Carlos Manato (PL) ao governo do Espírito Santo e, desde dezembro de 2023, integra o PP, que, no estado, congrega políticos mais à direita.

Muribeca pode representar, além de um nome novo, no sentido de que nunca foi prefeito, um candidato para fazer brilhar os olhos dos bolsonaristas. Só que, na Serra, o PL do ex-presidente da República Jair Bolsonaro também deve ter candidato à prefeitura, o vereador Igor Elson.

Para complicar a vida de quem gosta de colocar tudo entre "lado A e lado B", "nós contra eles", o deputado estadual integra, na Assembleia, a base aliada ao governador Renato Casagrande (PSB), que é aliado de Sérgio Vidigal.

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