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Startup francesa investe milhões em fábricas de biochar no Caparaó

O biochar, fabricado pela NetZero a partir da palha do café, retém mais água e nutrientes no solo, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Unidades também vão gerar energia

Publicado em 20/04/2023 às 03h50
Fábrica de biochar em Lajinha, Minas Gerais
Fábrica de biochar em Lajinha, Minas Gerais. Crédito: Gil Silva / NetZero Divulgação

A startup francesa NetZero inaugura nesta quinta-feira (20), em Lajinha (MG), a poucos quilômetros da divisa com o Espírito Santo, a primeira fábrica de biochar da América Latina. Um investimento de R$ 20 milhões, que ficou de pé em apenas seis meses, com capacidade para entregar 4,5 mil toneladas do produto por ano. Em junho, uma unidade semelhante começa a ser construída em Brejetuba, no Caparaó capixaba. Já com uma tecnologia mais avançada, o aporte deve ficar nos R$ 30 milhões. Até o início de 2024 a fábrica, que ficará no distrito de Brejaubinha, deve estar em operação.

O biochar, ou biocarvão, é um produto obtido por meio de pirólise (reação de decomposição por calor) de biomassa (matéria orgânica de origem vegetal e animal usada para a produção de energia). O biochar melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Comporta-se como uma esponja que retém água e nutrientes, reduzindo, assim, de forma durável, a necessidade de fertilizantes, ao mesmo tempo que aumenta a produtividade das culturas. Pelas contas dos franceses, o uso do produto reduz o consumo de fertilizantes em 33% e amplia a produtividade da lavoura em, na média, 14%.

"A nossa estratégia passa pela reciclagem de resíduos orgânicos, agricultura sustentável e geração de energia renovável", explica Pedro de Figueiredo, CEO da NetZero Brasil. "Fizemos uma parceria com a Coocafé (cooperativa que reúne 10 mil cafeicultores) e eles vão nos fornecer milhares de toneladas de palha de café, que é um problema para eles, afinal, onde colocar tudo isso? A quantidade é enorme, dar destinação é um problema, ainda mais em se tratando de uma região montanhosa. Vamos transformar essa palha em biochar e esses mesmos agricultores, de Minas e Espírito Santo (mais de uma centena), utilizarão nosso produto. É um processo circular".

A nova fábrica é a maior do mundo produzindo biochar a partir de resíduos agrícolas. Além do insumo, a unidade produzirá 2 MW de energia elétrica. "Nosso negócio se sustenta na obtenção de créditos de carbono, afinal, só esta unidade de Lajinha tem capacidade para remover 6,5 mil toneladas de CO2 da atmosfera, e na venda de biochar e energia elétrica. O objetivo é levar isso para mais lugares de Brasil e África, os mais fortes do agro nos trópicos", assinalou Figueiredo. Depois de operar com sucesso na fábrica-piloto em Camarões em 2022, a operação de Lajinha será a primeira instalação comercial.

Importante dizer que a NetZero tem três novos acionistas industriais de peso: Stellantis, L’Oréal e CMA CGM. Em 2022, a empresa foi reconhecida como um dos 15 projetos de remoção de carbono mais promissores do mundo no concurso internacional XPRIZE Carbon Removal, da Fundação Musk.

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