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Vídeo mostra momento em que bolsonarista mata petista em festa

Vídeo mostra momento em que bolsonarista mata petista em festa

Marcelo Arruda comemorava aniversário de 50 anos, com o tema PT, quando teve festa invadida por atirador bolsonarista Jorge José Guaranho

Publicado em 10 de julho de 2022 às 20:25

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SÃO PAULO E CURITIBA - Uma câmera de segurança registrou o momento em que Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), invadiu uma festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR) e matou a tiros o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos. Arruda também estava armado e, na troca de tiros, feriu o agressor. 

Segundo o boletim de ocorrência, Marcelo de Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos em festa temática a favor do PT quando Jorge José da Rocha Guaranho passou em frente ao local de carro e afirmou "aqui é Bolsonaro". Houve discussão e Guaranho disse que retornaria.

Segundo as testemunhas, Marcelo então foi ao seu carro e pegou sua arma. Depois, Guaranho retornou e houve troca de tiros.

Marcelo era guarda municipal e tesoureiro do partido.

Marcelo Arruda Petista assassinado por bolsonarista
Marcelo Arruda foi assassinado por bolsonarista quando comemorava aniversário com tema do PT. (Gleisi Hoffmann/Twitter/Reprodução e Facebook/Reprodução)

No vídeo, Arruda aparece caindo no chão após ser atingido por um disparo na perna. Andre Alliana, amigo da vítima e participante da festa, contou ao jornal O Estado de S.Paulo, que o guarda municipal teria sacado sua arma para evitar a invasão do bolsonarista, que, então, fez esse primeiro disparo na perna.

Na sequência, a câmera de segurança mostra que o atirador entra no local para executar um segundo disparo. Uma mulher tenta impedi-lo, mas é empurrada para o lado e foge da troca de tiros quando Guaranho também cai no chão, ainda atirando, e Arruda dispara de volta. “O cara chegou então em cima do Marcelo e deu outro tiro para executar o Marcelo. Mas o Marcelo conseguiu se virar e deu cinco tiros no cara”, conta Alliana.

O vídeo ainda mostra que, depois de cair com os tiros do guarda municipal, o bolsonarista ainda recebe chutes de pessoas que estavam na festa.

Quinze minutos antes de invadir a festa, que tinha decorações com o tema do Partido dos Trabalhadores (PT) e fotos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Guaranho havia passado de carro em frente à comemoração e ameaçado convidados. “Eu vou voltar e vou matar todos vocês”, teria dito o atirador, segundo relato de Alliana.

“Nós estávamos na festa, que era temática do PT. Por volta de 23h apareceu um cara que não era convidado, que ninguém conhece e começou a gritar dentro do carro: ‘é Bolsonaro, seus desgraçados! É o mito!’”, conta o amigo da vítima.

Nesse momento, o atirador estava com uma mulher e uma criança no carro e logo deixou o local, depois de proferir ameaças. Na sequência, Marcelo teria buscado a arma que usa para trabalhar, dizendo que ela serviria para se defender, caso o bolsonarista voltasse. “Se não fosse isso, ele (Guaranho) tinha feito uma chacina lá no meio da festa”, diz Alliana.

ASSASSINO DEFENDIA ARMAS E FALAVA EM LIMPAR O PAÍS DO PT

Jorge José da Rocha Guaranho é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos últimos anos, ele defendeu o governo federal, incentivou a compra de armas pela população e falou em "limpar" o Brasil do PT. Segundo informações da Polícia Civil, o bolsonarista segue internado "em estado grave".

Guaranho está no serviço público federal desde 2010, de acordo com informações que publicou nas redes sociais. Ele apoiou a eleição de Bolsonaro em 2018 e usa as redes sociais para atacar o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma postagem, em dezembro daquele ano, ele compartilhou a publicação de uma página no Facebook que classificava Lula como "bandido" e a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, como "a mosca do cocô do cavalo do bandido".

"Vamos todos juntos nessa luta para limpar o Brasil do PT, limpar o país desses corruptos que só buscam perpetuação no poder às custas do bem da maioria", publicou Guaranho na campanha eleitoral de outubro de 2018. Neste sábado (9), ele passou em frente à festa de aniversário de Marcelo Arruda, que comemorava 50 anos de idade com o PT como tema da decoração. Ao confrontar o aniversariante defendendo o presidente Bolsonaro, a discussão acabou terminando em troca de tiros, de acordo com o boletim da polícia. Arruda não resistiu aos ferimentos e morreu. Guaranho foi internado e, segundo nota da Polícia Civil, está em estado grave.

No Twitter, ele se define como conservador e cristão, e escreveu "armas = defesa", na descrição de seu perfil. O policial já fez defesas do armamento em publicações abertas. Já com Bolsonaro no poder, Rocha Guaranho foi irônico ao defender o armamento, bandeira do presidente da República. "Estão criticando quem quer arma sobre o preço e que pobre não pode comprar. Será que eles sabem quanto custa um iPhone." Ele também alimentava teorias de fraude na urna eletrônica - para ele, o fato de Bolsonaro não ter vencido a disputa presidencial com Fernando Haddad (PT) no primeiro turno era a prova disso.

É possível ver imagens do bolsonarista fazendo sinais de armas com as mãos e fotos em apoio ao presidente Bolsonaro nas redes sociais. Antes do atual presidente assumir o poder, o autor dos disparos contra Arruda dizia que "o Brasil está violento e precisa mudar".

Ele pregava que a eleição de Bolsonaro iria resolver o cenário da violência. Ainda em 2018, o agente penitenciário criticou uma suposta agressão sofrida por um eleitor do então candidato do PSL à Presidência, relatando que uma aluna deu socos em um professor que simplesmente vestia a camisa de Bolsonaro. Três anos depois, ele é acusado de matar um homem de 50 anos por ódio à bandeira do PT usada na festa de aniversário.

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