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Relator da CPI da Covid aponta ao menos 11 contradições de Mayra Pinheiro

Relator da CPI da Covid aponta ao menos 11 contradições de Mayra Pinheiro

Entre as contradições apontadas estão falas relacionadas ao chamado "tratamento precoce", com uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o novo coronavírus

Publicado em 25 de maio de 2021 às 18:43

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Relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, durante depoimento de Mayra Pinheiro
Relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, durante depoimento de Mayra Pinheiro. (Leopoldo Silva/ Agência Senado)

O senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, e a equipe técnica que o acompanha na comissão apontaram ao menos 11 contradições da​ secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a "capitã cloroquina", no depoimento que ela deu nesta terça-feira (25). Eles fizeram uma tabela em que desmentem afirmações feitas pela médica.

Entre as contradições apontadas estão, por exemplo, falas relacionadas ao chamado "tratamento precoce" contra a Covid-19 — uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o novo coronavírus.

Em seu testemunho, Pinheiro afirmou que a prática é utilizada por médicos de todo o mundo, que oferecem o tratamento assim que o paciente recebe o diagnóstico positivo.

"Não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina", aponta o documento elaborado por Calheiros e a equipe técnica.

Os senadores da CPI afirmam que Mayra se notabilizou como defensora de um "tratamento precoce" , como a hidroxicloroquina, daí o apelido "capitã cloroquina".

Sobre o isolamento social, a médica afirmou que a prática causou mais pânico na cidade de Manaus (AM), atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização.

"[Ela] contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública, afirmando que não recebeu", contrapõe a tabela. "Também afirmou que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da Saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria."

Sobre a crise de oxigênio na capital amazonense, ela afirmou à comissão que seria impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usada e a consequente falta do fornecimento. O documento rebate: "[A fala da médica cai em] contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: 'É possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados'."

O documento elaborado pela equipe técnica ainda destaca que a cloroquina, recomendada por Mayra Pinheiro, não tem recomendação de uso pela Conitec, comissão que analisa a inclusão de medicamentos e protocolos de tratamentos no SUS, por não haver evidência de benefício no combate à infecção pelo novo coronavírus.

Nesta terça, a secretária afirmou à CPI da Covid que o aplicativo Tratecov foi alvo de uma extração de dados, e não um hackeamento, como afirmou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na semana passada. O ponto é elencado pelo senador e pela equipe técnica.

"Ela mesma se contradisse, e contradisse Pazzuelo, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar apenas para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazzuelo) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma", afirma o documento.

O relatório também rebate a afirmação de Mayra de que o Ministério da Saúde apenas "recomendou" medicamentos para o tratamento da Covid-19, destacando que o documento Plano Manaus, assinado por Pazuello, diz textualmente que eles deveriam ser incentivados.

"A depoente, em ofício encaminhado à Secretaria de Saúde, considera inadmissível não usar a cloroquina e demais remédios", acrescenta.

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