Publicado em 15 de junho de 2022 às 21:21
O ministro da Justiça, Anderson Torres, informou que "remanescentes humanos" foram encontrados nas buscas desta quarta-feira (15) pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips. "Eles serão submetidos à perícia", disse o ministro, no Twitter.>
Pereira e Phillips desapareceram em 5 de junho quando retornavam de barco ao município de Atalaia do Norte (AM). Trata-se do município mais próximo à terra indígena Vale do Javari.>
Nesta quarta, a Polícia Federal levou ao local do desaparecimento um dos suspeitos investigados, Amarildo Oliveira, o Pelado. De acordo com a PF, ele confessou o crime e indicou às autoridades onde havia enterrado os corpos, bem como ocultado a lancha em que viajavam Pereira e Phillips. Agora, a instituição aguardará os resultados das perícias.>
A embarcação com policiais federais subiu o rio Itaquaí, percorrido por Pereira e Phillips, pouco antes das 13h (15h no horário de Brasília).>
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Pelado estava totalmente coberto quando foi levado pela PF para a busca dos corpos.>
O outro suspeito conhecido, Oseney de Oliveira, o Do Santos, preso na terça (14), permaneceu em Atalaia nesta quarta para a audiência de custódia. Ele é irmão de Pelado.>
Os irmãos vivem na comunidade São Gabriel, onde moram ribeirinhos que sobrevivem da pesca e da agricultura tradicional.>
Na última sexta (10), a Polícia Federal divulgou que também havia encontrado o que poderia ser vestígios de material genético humano na região do rio Itaquaí, mas ainda aguarda também o resultado da perícia.>
Os investigadores falam na ocasião em material "aparentemente humano" nas proximidades do porto de Atalaia do Norte.>
As buscas por vestígios de Pereira e Phillips estão concentradas num trecho do rio entre São Gabriel e a comunidade Cachoeira.>
A PF e a Polícia Civil do Amazonas mantêm sigilo sobre a diligência realizada nesta quarta. Eles não informaram se o destino dos policiais era a comunidade; se era a área de buscas; ou mesmo quem era o suspeito conduzido.>
Durante as buscas pelo indigenista e pelo jornalista, as equipes de buscas conseguiram localizar uma mochila, roupas e um documento pessoal do indigenista.>
A Polícia Civil investiga a suspeita de homicídio qualificado. A investigação aponta, até agora, a pesca e a caça ilegal na região e os conflitos decorrentes das atividades ilegais como pano de fundo do suposto crime.>
De acordo com o policial civil Alex Perez, que comanda a delegacia em Atalaia do Norte, duas testemunhas "colocaram" Pelado Dos Santos "no local do suposto crime".>
A Polícia Civil do Amazonas realizou na terça (14) buscas na comunidade São Gabriel. Na operação, foi apreendido um remo. A PF também disse em nota que alguns cartuchos de arma de fogo foram apreendidos, mas não especificou onde eles estavam.>
No domingo (12), mergulhadores do Corpo de Bombeiros do Amazonas encontraram uma mochila e outros pertences pessoais do jornalista e do indigenista. Os objetos estavam amarrados numa árvore submersa, no rio Itaquaí, o que indica, segundo os bombeiros, intenção de ocultamento.>
Na Polícia Civil, o entendimento é que a localização dos pertences reforça a hipótese de crime.>
Policiais também investigam um suposto financiamento da atividade ilegal de pesca e caça pelo narcotráfico na região, um problema comum em praticamente toda a tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.>
Se for confirmada a conexão com tráfico internacional de um eventual crime, o caso passará a ter natureza federal e será investigado somente pela PF.>
Pereira e Phillips faziam uma viagem pela região próxima ao território indígena, o segunda maior do país, com 8,5 milhões de hectares, no extremo oeste do Amazonas.>
A região do desaparecimento é marcada por forte exploração ilegal do pirarucu e de tracajás, principalmente dentro da terra indígena.>
Há relatos de tiros contra bases de fiscalização da Funai (Fundação Nacional do Índio) por parte de pescadores ilegais. O cenário de conflitos levou a um reforço da vigilância empreendida pelos próprios indígenas, a partir de uma iniciativa da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).>
Pereira é servidor federal licenciado da Funai e prestava serviço à Univaja. Ele atuava como um fomentador da vigilância indígena.>
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