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Pesquisadores identificam primeiros cães com coronavírus no Brasil

Pesquisadores identificam primeiros cães com coronavírus no Brasil

Os animais de estimação não desenvolvem o novo coronavírus e também não transmitem a doença para humanos; é o segundo registro oficial do vírus em "pets"

Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 15:30

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Buldogue francês que vive em Curitiba foi o primeiro cão com registro do novo coronavírus do Brasil
Buldogue francês que vive em Curitiba foi o primeiro cão com registro do novo coronavírus do Brasil. ( Divulgação/UFPR)

Pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná) identificaram a presença do novo coronavírus em dois cães de Curitiba. Ambos tiveram contato com os donos que estavam infectados. É o segundo registro oficial do vírus em animais domésticos no Brasil, mas o único em cachorros. O primeiro caso ocorreu com uma gata em Cuiabá (MT), em outubro.

O primeiro cão identificado com o vírus foi um macho, adulto, da raça buldogue francês, cujo dono, em cuja cama dorme, foi diagnosticado com Covid-19 na metade de novembro.

O tutor percebeu uma discreta secreção nasal no cão, que foi testado e teve a presença do vírus confirmada no organismo, mas em pequena quantidade. No dia seguinte, em um segundo exame, já não foram encontrados indícios do novo coronavírus no animal.

O segundo caso ocorreu com outro macho, adulto, sem raça definida, cuja tutora também teve Covid-19. Ao todo, ela tem quatro cães e, segundo relatou aos pesquisadores, todos tiveram episódios discretos de espirros. Eles foram testados, mas só um deles foi infectado.

Apesar da testagem positiva para o novo coronavírus, os pesquisadores ressaltam que esses animais não desenvolvem a Covid-19 como os humanos e não podem transmitir a doença.

"Algumas espécies são muito resistentes ao vírus, como suínos e aves, outras são mais ou menos resistentes, como cães e gatos, que podem ser infectados, mas não desenvolvem a doença, eliminando essa infecção viral em poucos dias", explica o coordenador do estudo, Alexander Biondo, médico veterinário e professor da UFPR.

Ele conta que há publicações indicando que os gatos podem passar o vírus para outros gatos, mas que ainda não há referências que tratem da transmissão entre cães. Em geral, é o contato humano que faz com que os bichos sejam contaminados. Por isso, Biondo indica que doentes pratiquem o distanciamento e usem máscaras quando em contato com os animais.

O veterinário explica que os sinais de infecção variam, mas que, em geral, apresentam sintomas respiratórios ou digestivos que podem durar de 3 a 15 dias. Segundo ele, não há riscos para a saúde do animal, mas, sinais clínicos mais graves e até a morte podem ocorrer se o vírus estiver associado a outros causadores de problemas intestinais, como o parvovírus.

Protetores de animais se preocuparam com a divulgação da notícia de que cães foram infectados com o novo coronavírus, temendo que tutores abandonem os bichos. Segundo o delegado Matheus Laiola, da delegacia de Proteção ao Meio Ambiente de Curitiba, ainda não há registros nesse sentido, ainda que os casos tenham aumentado durante a pandemia.

"O principal fator é econômico, tivemos um aumento importante na quantidade de abandono principalmente pela questão financeira, porque as pessoas perderam o emprego e não conseguem mais manter o animal", explica.

Segundo ele, em todo o ano passado, foram cerca de 1.000 ocorrências na cidade. Mas, até o início de dezembro de 2020, a delegacia já tinha registrado 1.500 animais abandonados.

A pesquisa que tem levado à identificação do novo coronavírus em bichos é coordenada pela UFPR e envolve outras instituições de seis capitais brasileiras. É o primeiro estudo desse tipo em um país tropical e na América Latina. Outra iniciativa similar só ocorreu na Itália.

Biondo destaca que esse tipo de levantamento é importante para entender os riscos de transmissão da Covid-19 pelos animais. Ele lembra que, na Dinamarca, 10 milhões de visons foram abatidos após um estudo comprovar que eles estavam sendo infectados com o vírus por humanos e retransmitindo para pessoas.

"É fundamental que estudos sejam feitos e auxiliem na tomada de decisões acertadas por parte dos governos", aponta.

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