Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 13:53
O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que hoje comanda o Ministério da Justiça, se consolidou como o ministro mais bem avaliado no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, com apoio popular maior do que o do próprio presidente.>
Pesquisa Datafolha feita na quinta (5) e sexta-feira (6) da última semana aponta que Moro é conhecido por 93% dos entrevistados.>
Entre os que dizem conhecê-lo, 53% avaliam sua gestão no ministério como ótima/boa. Outros 23% consideram regular, e 21%, ruim/péssima -3% não souberam opinar.>
Bolsonaro tem indicadores mais modestos, de acordo com levantamento divulgado neste domingo (8), com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo -1% não soube avaliar.>
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A pesquisa ouviu 2.948 entrevistados em 176 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. As entrevistas foram feitas pessoalmente, em locais de grande circulação.>
Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, seja o segundo mais conhecido da Esplanada dos Ministérios, a vice-liderança de aprovação ficou com a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), com 43% de ótimo/bom.>
A avaliação positiva de Guedes é de 39%. O diagnóstico do titular da Economia ficou estável mesmo após o resultado melhor que o esperado do PIB no terceiro trimestre e a promulgação da reforma da Previdência, comemorada pelo governo.>
Tanto Guedes como Damares apresentam resultado melhor do que Bolsonaro.>
A popularidade de Moro seguiu inalterada em meio a uma série de episódios nos últimos meses com potencial de desgastar a sua gestão. Após a última pesquisa, feita no fim de agosto, o ministro sofreu derrotas no Congresso. >
Em novembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou a prisão em Curitiba e ampliou a polarização política com críticas a Moro e ao governo Bolsonaro.>
O ex-juiz foi o responsável pela condenação do petista por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP) em primeira instância. A condenação foi mantida pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).>
Lula, porém, foi beneficiado por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contra um dos pilares da operação -a prisão após condenação em segunda instância. Por 6 votos a 5, os ministros estabeleceram o início do cumprimento da pena somente após esgotados todos os recursos, o chamado trânsito em julgado.>
Solto, o ex-presidente elevou o tom das críticas e tem feito discursos com ataques a Moro e à Lava Jato.>
Como resultado, o ministro da Justiça se colocou como um dos principais personagens da polarização política.>
Desde a metade do ano, manifestações são convocadas em apoio a Moro e à operação. Um ato chamado pelo movimento Vem Pra Rua reuniu manifestantes em defesa do ministro neste domingo na avenida Paulista, em São Paulo, e em outras capitais. Eles também protestaram contra a decisão do STF que barrou a prisão em segunda instância.>
Na atuação legislativa, porém, dez meses após apresentar um pacote com medidas anticrime ao Congresso, Moro sofreu uma derrota política na última semana ao ver a Câmara aprovar uma versão desfigurada da proposta, sem algumas de suas principais bandeiras, como o excludente de ilicitude e a prisão logo após condenação em segunda instância.>
Apesar da dificuldade de articular o pacote, o ministro da Justiça tem liderado a negociação no Congresso por uma nova regra que permita a prisão de condenados antes de esgotados todos os recursos.>
"Não haveria melhor mensagem do que o restabelecimento da prisão após condenação em segunda instância. A decisão se é por PEC, se é por PL [projeto de lei] ou se é por ambos, cabe ao Congresso", disse Moro na última quarta-feira (4).>
Em outro episódio que colocou seu nome em evidência nos últimos meses, a divulgação de trocas de mensagens com procuradores da Lava Jato gerou debate sobre sua imparcialidade como juiz.>
Os arquivos, obtidos pelo site The Intercept Brasil, revelaram, entre outras coisas, que Moro interferiu em negociações de delações premiadas, o que não está previsto na lei, e omitiu uma palestra remunerada ao prestar contas de suas atividades como magistrado.>
Recentemente, diante da morte de nove jovens após ação policial na favela de Paraisópolis, em São Paulo, o ministro disse acreditar que houve excesso e falhas graves. >
Após a afirmação, o governador paulista, João Doria (PSDB), que costuma exaltar a figura de Moro, recuou e prometeu revisar os protocolos da Polícia Militar.>
A avaliação do ex-juiz, nesse cenário, mantém-se estável desde o início de julho, quando ele tinha 55% de ótimo/bom. Em agosto, o percentual ficou em 54% e agora está em 53%. As oscilações ocorreram dentro da margem de erro.>
Neste primeiro ano de governo, Moro também teve sua autoridade colocada em xeque por Bolsonaro, que defendeu a sua prerrogativa como presidente de interferir na escolha de cargos na Polícia Federal, que é subordinada ao ministro da Justiça.>
Ainda assim, os bolsonaristas são os que mais dizem apoiar Moro. Entre os que votaram em Bolsonaro para presidente em 2018, 79% afirmam que a gestão do ministro da Justiça é ótima ou boa.>
Esse índice cai para 43% no caso de quem votou branco ou nulo e para 26% entre eleitores de Fernando Haddad (PT), candidato derrotado por Bolsonaro no segundo turno. >
Em outros recortes, as maiores taxas de avaliação positiva de Moro aparecem entre homens (59%), brancos (61%), moradores da região Sul (64%) empresários (74%), pessoas com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (73%), evangélicos neopentecostais (61%) e católicos (55%).>
Na outra ponta, índices menores de aprovação são registrados entre mulheres (48%), negros (43%), moradores do Nordeste (41%), estudantes (39%) e pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos (46%).>
O Datafolha também captou a avaliação dos entrevistados sobre a atuação, além de Moro, Guedes e Damares, de mais quatro ministros: Abraham Weintraub (Educação), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).>
Desses, Guedes é o mais conhecido (80%) e Weintraub, o menos (32%).>
As piores avaliações estão com os ministros da Educação e do Meio Ambiente. Entre os que dizem conhecê-los, 31% e 28%, respectivamente, afirmam que a gestão deles é ruim/péssima. Desde a última pesquisa, o maior recuo de aprovação ficou com Ernesto Araújo (queda de oito pontos percentuais). A única variação positiva é de Weintraub (alta de cinco pontos).>
A divulgação de mensagens trocadas entre o então juiz da Lava Jato e procuradores da operação colocou em dúvida a imparcialidade de Moro como magistrado.>
Por 6 votos a 5, STF voltou a barrar a prisão de condenados logo após a segunda instância, instrumento defendido por Moro. Decisão permitiu a soltura do ex-presidente Lula.>
Pacote anticrime de Moro foi desidratado na Câmara e aprovado sem algumas de suas principais bandeiras, como o excludente de ilicitude e a prisão logo após segunda instância.>
Popularidade de Moro segue estável. Após decisão do STF, ministro tem liderado esforço no Congresso para nova legislação que permita a prisão de condenados em segunda instância. Manifestações de rua têm sido convocadas desde a metade do ano em todo o país para demonstrar apoio ao ex-juiz e à Lava Jato>
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