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Ministério da Saúde investiga se hepatite misteriosa causou 10 mortes no Brasil

Ministério da Saúde investiga se hepatite misteriosa causou 10 mortes no Brasil

Pelo menos 19 estados têm registros de pacientes com sintomas da doença

Publicado em 6 de julho de 2022 às 07:44

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Ministério da Saúde analisa se dez mortes no país foram causadas pela hepatite de origem desconhecida, a hepatite misteriosa. Segundo a pasta, as vítimas são do Rio Grande do NorteMinas GeraisMaranhãoRio de Janeiro e São Paulo. Elas estavam entre os 96 casos sob investigação.

Fachada do Ministério da Saúde
Fachada do Ministério da Saúde. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Pelo menos 19 estados têm registros de pacientes com sintomas da doença. Até o momento, dez transplantes foram realizados. O ministério ressalta que não há casos confirmados da doença no país.

São Paulo é o estado com o maior número de casos em análise: 32. Eles foram registrados em 21 cidades, sendo quatro da região metropolitana (Diadema, Embu-Guaçu, Itapevi e São Bernardo do Campo).

Os sintomas da doença incluem febre, icterícia (pele amarelada), convulsões, perda de consciência, urina escura ou fezes claras, dores nas articulações e dores musculares, náuseas, vômitos ou dor abdominal, perda de apetite e prurido (coceira em diferentes pontos da pele sem razão aparente).

OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que há 920 casos prováveis da doença em 33 países, além de 18 mortes e 45 transplantes. O documento emitido pelo Ministério da Saúde também diz isso usando os dados da organização, da mesma maneira que indica terem havido 10 transplantes e 10 mortes no país. Para a OMS, não há casos de hepatite misteriosa no mundo porque a organização nem sequer indica diretrizes para que um caso possa ser considerado confirmado. O mais próximo disso são os casos prováveis.

A organização indica que a doença oferece risco moderado em nível global, embora trate todos os casos como prováveis. A justificativa é a dificuldade de determinar a causa da doença e o modo de transmissão - não é possível descartar que a hepatite misteriosa seja transmitida de uma pessoa para outra. O número de casos pode ser ainda maior devido às diferenças na maneira como os países coletam informações.

Os dados a respeito do sexo biológico dos pacientes é um exemplo disso. Apenas 45% dos casos prováveis indicavam o sexo biológico das pessoas com sintomas. O último relatório sobre a doença publicado pela organização indicava que a maior parte dos infectados é do sexo feminino. O mesmo se dá em relação à idade dos pacientes. Os dados apontam que a maior parte das crianças (78%) com provável hepatite misteriosa tem menos de 6 anos.

Os primeiros casos da doença foram notificados no dia 5 de abril deste ano, quando ao governo do Reino Unido notificou a OMS da existência de dez casos de hepatite de origem desconhecida na Escócia. Todos os pacientes tinham menos de 10 anos. Atualmente, o Reino Unido tem 267 casos da doença classificados como prováveis.

Os EUA são o país com maior número de casos prováveis, um total de 305. Japão e México têm 58 casos cada um, e a Itália, 34. Alguns países e organizações de saúde adotam classificações distintas da OMS.

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções virais e até por consumo excessivo de álcool, assim como alguns medicamentos e substâncias tóxicas. Existem cinco vírus conhecidos que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Além destes, há a hepatite autoimune, em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca o fígado. No caso da hepatite misteriosa, como também é conhecida, o agente causador não foi identificado.

A agência de saúde britânica e a OMS investigam se uma mudança no genoma do adenovírus pode ser a causa da doença. O adenovírus é o vírus responsável pelo resfriado comum, gripes e até problemas intestinais e estomacais. A relação com o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, não foi descartada.

Na Europa, dos 371 casos da doença que foram testados para presença do adenovírus, 203 tiveram resultado positivo, o equivalente a 55%. No caso do Sars-CoV-2, foi registrado em 15% das amostras, somando 47 pessoas infectadas.

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