Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 21:14
- Atualizado há 5 anos
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), manteve a decisão de se encastelar na área onde hoje fica o comitê de imprensa da Casa, mas recuou da intenção de transferir os jornalistas a uma sala distante do plenário e sem janelas em plena pandemia de Covid-19. >
Lira comunicou a decisão em um rápido encontro com representante do comitê de imprensa nesta quinta-feira (11).>
A proposta do presidente da Câmara, que não foi formalizada em um projeto oficial, é transferir os jornalistas provisoriamente a uma sala menor, mas com janelas, enquanto durarem as obras no espaço que abrigará os profissionais.>
A expectativa é que a mudança ocorra já nesta sexta (12), e que a reforma seja concluída em até quatro meses, segundo o presidente da Câmara. Os jornalistas trabalhariam no novo espaço, que fica ao lado do atual, já na segunda-feira (15).>
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O espaço tem 107 metros quadrados, o mesmo tamanho da primeira sala que receberia os jornalistas - que, no entanto, não tinha janelas. O local não comporta todos os profissionais que cobrem as atividades legislativas – o atual comitê tem 288 metros quadrados.>
De acordo com o líder do Centrão, a área do novo comitê será equivalente em espaço à do atual.>
Quando a obra for concluída, Lira pode se livrar de ser abordado pela imprensa, pois terá acesso direto ao plenário da Câmara.>
Hoje, ele precisa passar por uma área de circulação de jornalistas e representantes da sociedade que frequentam a Câmara – o chamado Salão Verde. Quando passam por essa área, os presidentes da Casa são geralmente questionados sobre pauta de votações, decisões polêmicas e demais fatos políticos.>
O novo comitê de imprensa deve ficar ao lado do atual, em sala onde hoje fica a primeira vice-presidência. O espaço todo tem 255 metros quadrados, mas os jornalistas devem ocupar apenas parte – ainda não definida – do local.>
O comitê também deve ocupar parte do espaço que recebia a Secretaria-Geral da Mesa. O local é próximo ao Salão Verde, mas os jornalistas perderão acesso direto ao plenário, como têm hoje, assim como a possibilidade de abordar o presidente antes, durante ou após as votações.>
Nos últimos dias, Lira se mostrou irredutível em relação à decisão de tirar os jornalistas do atual comitê, em medida que gerou atritos com os profissionais e que teve repercussão negativa com outros deputados e personalidades.>
Nos bastidores, o presidente da Câmara responsabiliza o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, pela crise provocada pela transferência da imprensa, e cogita substituí-lo do cargo.>
O recuo de Lira em relação à transferência dos jornalistas já havia sido manifestado na quarta-feira (10), em entrevista ao programa Ponto a Ponto (BandNews), apresentado pela colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo e pelo cientista político Antonio Lavareda.>
Na conversa, ele negou que a intenção fosse atrapalhar a imprensa e qualificou o episódio de "mal entendido".>
"Queria deixar claro que nunca tive a intenção de cercear o trabalho de imprensa, diminuir o acesso, deixar de conversar", disse. "Quando assumimos, já existia esse quadro proposto de remanejamento. Só não tinham tomado providência de resolver o problema da presidência da Câmara, que funciona com muita dificuldade. Você não pode reunir três, quatro pessoas na sala que não tem condições, não consegue arcar.">
Na entrevista, Lira já sinalizou que responsabilizava Sampaio pelo episódio. "Houve na realidade um mal entendido entre um funcionário da Casa, que colocou de maneira açodada para o comitê de imprensa que a Câmara teria que fazer ali o que teria que ser e que o pessoal teria que desocupar amanhã [nesta quinta]", afirmou.>
"Quando o assunto nos veio a conhecimento, eu não sabia absolutamente o que tinha acontecido e acreditava que o assunto estava pacificado, procuramos entender logo qual era a demanda, porque a sala que foi proposta é muito bem localizada. Aí fomos procurar conversar com os jornalistas que temos amizade para entender qual era o problema, se era de tradição, se era de acomodação, se era, como a gente chama no Nordeste, de picuinha, não quero sair daqui porque aqui é meu lugar, trabalho aqui há muito tempo.">
Além de banheiros, o comitê atual tem 54 espaços, cabine de imprensa para entrevistas reservadas e janelas.>
O atual comitê dá acesso ao plenário da Câmara e facilita o trânsito de jornalistas pelo Salão Verde.>
Por causa da pandemia, o acesso ao plenário está proibido para jornalistas. O trabalho da imprensa é realizado no Salão Verde ou no Salão Negro, local que foi preparado de acordo com as medidas de segurança contra a Covid-19 para entrevistas coletivas – quase que diárias – do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e outros parlamentares.>
Lira ressuscitou um projeto do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (MDB-RJ). A obra no local envolve a instalação de um elevador para cadeirantes no gabinete.>
A mudança também chegou a ser discutida quando o PT comandou a Câmara, mas não avançou.>
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) só deu aval à obra durante a gestão de Cunha. O emedebista pretendia realizar a reforma, mas acabou afastado e preso pela Operação Lava Jato acusado de receber propina por contratos com órgãos públicos e da Caixa Econômica Federal.>
"A intervenção, como foi concebida, não apresenta riscos de descaracterização do edifício e se restringe basicamente à reorganização e redistribuição interna de diversos ambientes de trabalho, conferindo mais clareza à organização e distribuição dos ambientes internos do edifício, não havendo nenhuma alteração, seja na volumetria do edifício, suas fachadas ou obras de arte integradas", afirma o Iphan.>
Lira foi eleito para comandar a Casa no primeiro turno com ajuda do governo Bolsonaro, que distribuiu cargos e emendas para partidos aliados em troca do apoio ao candidato alinhado ao Palácio do Planalto.>
Nesta quinta, os deputados também aprovaram projeto que autoriza o funcionamento das comissões e do Conselho de Ética. Os plenários onde ocorrerão as reuniões terão limite de ocupação. Poderão participar parlamentares, ministros, servidores e representantes de organizações e entidades.>
As sessões e reuniões remotas deverão ser convocadas no mínimo com 24 horas de antecedência. De acordo com o projeto de resolução, esses encontros deverão ser apreciadas preferencialmente assuntos relacionados à pandemia de Covid-19.>
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