Publicado em 18 de outubro de 2019 às 11:53
O deputado Delegado Waldir (GO) afirmou na manhã desta sexta-feira (18) que o Palácio do Planalto e ministros do governo estão atuando junto a parlamentares para derrubá-lo da liderança do PSL na Câmara. Ele disse ainda ter sido "traído" pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).>
Waldir deu as declarações ao chegar para uma reunião da executiva do PSL, um dia depois de ter sido divulgado um áudio em que o parlamentar diz que vai implodir o governo Bolsonaro - depois ele recuou e afirmou ter feito a fala em um "momento de sentimentos".>
"Nada do que eu falei [no áudio] é mentira. Se você for traído, como vai se sentir? Eu fui traído. O presidente pessoalmente está interferindo para me tirar da liderança. Isso não é traição?", disse. >
"Se eu sou fiel a ele desde 2011. Se ele pessoalmente, junto com o líder do governo [deputado] Vitor Hugo [PSL-GO] e o senador [governador] Ronaldo Caiado [DEM] trabalham para me derrubar do diretório de Goiás. E assim está fazendo com outros parlamentares no país todo. Isso não é traição? Isso não é vagabundagem? Então eu não retiro nada do que eu falei.">
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O PSL vive há dias uma guerra aberta entre aliados do presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), e um grupo alinhado ao presidente Bolsonaro. O racha ficou evidente depois de Bolsonaro ter aconselhado um seguidor a esquecer o partido e ter dito que Bivar estava queimado. >
A crise no PSL extrapolou nesta quinta-feira (17) as barreiras do partido e atingiu a articulação política do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. >
Em meio ao clima de beligerância no PSL, o presidente sofreu derrotas em série, foi chamado de vagabundo pelo líder do partido na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), e, em um contragolpe, decidiu tirar a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso.>
Os bolsonaristas tentaram nesta semana destituir Waldir (do grupo pró-Bivar) da liderança do PSL na Câmara, mas a manobra não foi exitosa porque houve a invalidação de assinaturas. Os bolsonaristas estão tentando novamente reunir apoios na bancada do PSL na Câmara para derrubar o deputado e substituí-lo por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República. >
"É muito difícil um líder como eu permanecer, considerando que o presidente usa o Palácio do Planalto pessoalmente, ligando para parlamentares, interferindo no Parlamento. É extremamente difícil você competir quando ministros pessoalmente ligam para cada parlamentar, estão pedindo para assinar a lista que leva a liderança para o filho do presidente", disse o Delegado Waldir nesta sexta-feira.>
A reunião do PSL foi convocada pela ala pró-Bivar para definir os próximos passos da crise. >
Nesta quinta-feira, o presidente do PSL tomou a decisão de retirar o deputado Eduardo e seu irmão Flávio Bolsonaro, senador, do comando da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. >
Outro representante do grupo alinhado ao atual comando da sigla, o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), afirmou ao chegar à reunião que serão realizados ajustes no quadro da legenda para "solidificar" e "fortalecer" a posição de Bivar. >
De acordo com Olimpio, a saída dos filhos de Bolsonaro dos diretórios estaduais será discutida na reunião desta sexta. "Eu não sei se já fizeram as notificações em relação a isso. Vamos definir hoje isso. Eu defendo que [o Eduardo] já saia já [do diretório em São Paulo]. O Flávio do Rio também", declarou. >
Major Olimpio defendeu uma tentativa de reaproximação de Bolsonaro com o partido. Ele disse que a legenda não quer perder o presidente e que o mandatário deveria chamar Bivar para uma conversa. "Ele é o nosso maior ícone político, talvez o único. Mas nós não queremos mais alguns que cercam o presidente Bolsonaro", concluiu Olimpio.>
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