Publicado em 4 de agosto de 2020 às 10:30
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou na noite desta segunda-feira (3) que a proposta de estabelecer uma quarentena para ex-juízes que queiram disputar eleições tenha como objetivo atingir o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. >
Maia deu as declarações no programa Roda Viva, da TV Cultura. Na semana passada, o deputado se alinhou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e defendeu que magistrados e procuradores sejam inelegíveis por oito anos.>
Nesta segunda (04), Maia disse ser legítimo que o ex-juiz queira concorrer às eleições presidenciais de 2022, como indicam rumores, e negou que qualquer proposta de quarentena seja para barrar uma eventual candidatura de Moro.>
"Claro que não é para atingir o ex-ministro Moro", afirmou. "Eu acho que nem os deputados, nem os senadores nem o Supremo encaminhariam uma tese de fazer uma lei para proibir uma pessoa de disputar uma eleição. Ficaria muito ruim para a democracia brasileira.">
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O deputado também foi questionado sobre os cerca de 50 processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que estão em análise na Câmara.>
"O presidente Bolsonaro sabe que desses [pedidos] que estão colocados eu não vejo nenhum tipo de crime atribuído ao presidente, de forma nenhuma deferiria nenhum desses", afirmou.>
Ele justificou sua decisão de não engavetar os pedidos como uma forma de evitar uma guerra política no plenário da Câmara que desviasse as atenções das votações de pautas envolvendo o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.>
"Eu arquivo, vira um recurso ao plenário, e o recurso tem que ser votado no plenário. Então chegando a 100 mil mortes, nós estaríamos discutindo no plenário da Câmara o recurso ao meu indeferimento, em vez de estar discutindo como é que nós vamos continuar enfrentando a crise do coronavírus.">
Maia criticou a gestão de Bolsonaro na crise sanitária e afirmou que o governo poderia estar melhor organizado, mas atribuiu os tropeços à inexperiência de Bolsonaro.>
"Em relação à pandemia, eu acho que o presidente, do meu ponto de vista, errou na questão de minimizar o impacto da pandemia, a questão da perda de vidas. Vamos chegar em 100 mil vidas que nós vamos ter perdido", disse.>
"Acho que criou falso conflito, porque o problema da queda da economia não está atrelada ao isolamento ou ao não isolamento, está atrelada ao vírus.">
Sobre as eleições de 2022, disse que esperar que seu partido, o DEM, tenha candidato próprio, que poderia ser o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o apresentador Luciano Huck ou até o governador de São Paulo, João Doria, hoje no PSDB.>
Maia reiterou que, em 2018, seu candidato era o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, do PDT. Para ele, o centro deveria se unir para construir um projeto que se contraponha às "posições mais radicais da política brasileira". Caso contrário, disse, haverá um novo segundo turno entre PT e Bolsonaro.>
Maia comentou ainda a decisão do ministro da Justiça, André Mendonça, de trocar integrantes da Subclasse Residencial Baixa Renda. a chefia da diretoria de inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi). O órgão elaborou um relatório sobre servidores identificados como integrantes do "movimento antifascismo".>
O deputado disse que o ministro deveria se explicar à sociedade e qualificou a atitude de Mendonça de "muito grave.">
"A cada dia que passa, acho que a situação do ministério da Justiça e de seu ministro, claro, vem ficando pior", avaliou. "Acho que seria bom se ele pudesse encerrar esse assunto de uma forma mais contundente do que a forma como ele reagiu até agora.">
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