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'Já está na Bolívia ou Paraguai', diz Doria sobre André do Rap

"Já está na Bolívia ou Paraguai", diz Doria sobre André do Rap

O traficante estava preso desde o final de 2019 sem uma sentença condenatória definitiva, excedendo o limite de tempo previsto na legislação brasileira

Publicado em 12 de outubro de 2020 às 17:38

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André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, líder do PCC, ao ser detido em Angra dos Reis (RJ)
André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, líder do PCC, ao ser detido em Angra dos Reis (RJ). (Arquivo pessoal/Reprodução)

O traficante estava preso desde o final de 2019 sem uma sentença condenatória definitiva, excedendo o limite de tempo previsto na legislação brasileira.

Às autoridades o chefe do PCC informou um endereço em Guarujá, no litoral paulista, onde afirmou que poderia ser encontrado caso seja necessário um novo contato. Segundo o governo, porém, o criminoso foi seguido até o Paraná, onde tomou um avião.

Após André do Rap ser solto, o presidente do STF, Luiz Fux, suspendeu a decisão de Marco Aurélio e determinou o retorno imediato do criminoso à penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, o que não ocorreu.

O traficante se tornou, então, foragido, e é alvo de uma força-tarefa no estado de São Paulo anunciada por João Doria.

Marco Aurélio tem justificado sua decisão ao dizer que "não olha a capa do processo", que julga de acordo com o mérito, independentemente de quem for o apelante.

Doria reagiu na entrevista à rádio. "Como que fazer Justiça sem saber se está avaliando um criminoso, um assassino, um homicida, ou um ladrão de bisnaga de pão na padaria? Como um juiz pode avaliar se está tendo uma decisão justa e correta sem saber quem está julgando?"

O governador chamou a decisão de decepcionante e afirmou que contará com ajuda da Interpol, pela qual o traficante também é procurado, para chegar novamente ao criminoso.

Conhecido como André do Rap, André de Oliveira Macedo, 43, é considerado um dos principais narcotraficantes do país, chefe do tráfico internacional de drogas dentro PCC (Primeiro Comando da Capital).

Macedo havia sido preso em setembro de 2019 em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A prisão ocorreu graças a um hobby caro: sua lancha.

Ele alugava, por R$ 20 mil mensais, uma casa em um condomínio em Angra. Após vender sua lancha antiga, por cerca de R$ 3,5 milhões, comprou uma nova, a partir de uma empresa de fachada, por R$ 6 milhões.

"Essa lancha foi a deixa para a gente começar a rastrear. Ficamos sabendo que quem comprou a lancha era alguém que não tinha capacidade fiscal", disse, à época, o delegado Fábio Pinheiro Lopes, titular da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil, responsável pela prisão. "Ela está em nome de um empresário que tem uma moto CG. Como um cara que tem uma moto CG tem uma lancha de R$ 6 milhões?"

No momento de sua prisão, em 15 de setembro do ano passado, Macedo ocupava um cargo de extrema confiança dentro do PCC. Segundo a polícia, ele administrava a exportação de drogas da facção a partir do Porto de Santos, no litoral paulista, como sucessor de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, negociando inclusive com a máfia italiana ´Ndrangheta.

Gegê e seu parceiro Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram assassinados em 2018, suspeitos, de acordo com a polícia, de terem roubado dinheiro da facção.

André do Rap era aliado de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, que foi fuzilado, como queima de arquivo, porque esteve envolvido nos homicídios de Gegê do Mangue e Paca. Antes da descoberta da lancha que levaria a polícia a André do Rap, os investigadores trabalhavam com a hipótese de que ele também tivesse sido morto pela facção por seu envolvimento com Cabelo Duro, ou que estivesse fora do país, no Paraguai ou na Bolívia.

Mais recentemente, Macedo era apontado como o homem de confiança de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Fuminho, por sua vez, foi preso em abril deste ano, em Moçambique.

De acordo com dados da Justiça, André do Rap foi condenado a 15 anos, 6 meses e 20 dias de prisão. Ele recorreu da decisão, emitida em 2013, e ainda não há trânsito em julgado.

O traficante também foi condenado a 14 anos de reclusão, porém, após acórdão do TRF (Tribunal Regional Federal) 3, a pena foi reduzida a 10 anos, 2 meses e 15 dias, em regime fechado. Foi mantida a prisão do réu por, entre outros motivos, envolver a apreensão de quatro toneladas de cocaína de tráfico internacional.

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