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Fake news serão um problema ainda maior no futuro, alerta Nobel de Economia

Fake news serão um problema ainda maior no futuro, alerta Nobel de Economia

Escritor israelense Daniel Kahneman afirma que a utilização de inteligência artificial na produção de conteúdos falsos dificultará, cada vez mais, a diferenciação entre mentiras e verdades

Publicado em 30 de agosto de 2022 às 21:17- Atualizado há 2 anos

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Daniel Daniel Kahneman, Nobel de Economia, alerta sobre perigos das fake news
Daniel Daniel Kahneman, Nobel de Economia, alerta sobre perigos das fake news. (Ale Frata/Divulgação)

Os estragos provocados pelas fake news são uma pequena amostra dos problemas que ainda estão por vir, aponta o Nobel de Economia, Daniel Kahneman. Na avaliação dele, a propagação de informações falsas será potencializada na próxima década.

Autoridade mundial na área de economia comportamental, o escritor israelense alerta para o uso de tecnologias avançadas de inteligência artificial, que permitem criar conteúdos falsos com qualidade, dificultando cada vez mais a diferenciação entre mentiras e verdades.

“Anos atrás, os Estados Unidos tinham três canais de comunicação, todos com informações muito parecidas e confiáveis. Atualmente, há inúmeros canais e nem todos confiáveis. Estamos aprendendo a lidar com as informações falsas, mas as fake news só vão piorar. Ainda não temos a real dimensão do problema. A qualidade com que esses conteúdos são produzidos, com imagens e sons, criará um problema ainda maior na próxima década”, afirmou Kahneman, durante sua participação no Data Driven Business, maior evento de dados para negócios do Brasil, realizado pela Neoway e B3, nesta terça-feira (30), em São Paulo.

Ele também comentou como as redes sociais interferem no regime democrático. “Está muito claro que as mídias sociais terão efeito negativo sobre a democracia. Elas tendem a criar polarização política, já que as pessoas não obtêm informações fora da própria bolha”.

Kahneman defende que as recomendações de conteúdos deveriam ser diversas, aleatórias, e enfatiza as consequências desastrosas do pensamento unilateral. “Ao tentar adivinhar o que você gosta de consumir, o algoritmo faz com que você seja exposto a mensagens conectadas com o seu jeito de pensar, só que de uma forma mais extremista.”

Autor do best-seller "Rápido e Devagar - Duas Formas de Pensar", Kahneman explica que, na maior parte das vezes, as pessoas usam o pensamento intuitivo para tomar decisões. Somente diante de situações complexas é que o raciocínio lento, que leva em consideração a análise de múltiplos fatores, costuma ser ativado. É por pensar rápido, intuitivamente, "que as pessoas votam em candidatos que não são bons para elas", exemplificou.

Segundo Kahneman, o segredo para tomar boas decisões, seja ao votar em um candidato ou contratar um funcionário, é analisar o máximo de informações disponíveis e retardar o uso da intuição.

Aspas de citação

Quando julgamos intuitivamente, desconsideramos outras possibilidades. Por isso, retarde ao máximo sua intuição

Daniel Kahneman
Nobel de Economia
Aspas de citação

“Numa entrevista de emprego para escolha de um candidato, por exemplo, o julgamento intuitivo acontece muito rapidamente, logo nos primeiros minutos, com base nas primeiras impressões. Gastamos todo o tempo restante da entrevista criando justificativas para o julgamento inicial. Mas o ideal é acumular todas as informações recebidas, de maneira sistemática, evitando o julgamento, para só ao final tomar a decisão”, orienta.

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