Publicado em 27 de agosto de 2020 às 09:47
O presidente Jair Bolsonaro voltou nesta quarta-feira (26) a ofender jornalistas durante uma agenda em Ipatinga (MG). Questionado mais uma vez sobre depósitos feitos pelo ex-assessor Fabrício Queiroz para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente chamou, três vezes, um repórter do jornal O Globo de "otário". Outros jornalistas fizeram a mesma pergunta, mas Bolsonaro não respondeu. >
O questionamento sobre repasses no valor de R$ 89 mil de Queiroz a Michelle já havia levado o presidente, no domingo passado (23), a ameaçar um repórter de "porrada". Um dia depois, em um evento sobre a pandemia do novo coronavírus, no Palácio do Planalto, se referiu a jornalistas como "bundões". Na quarta (26), em Minas, Bolsonaro retrucou fazendo perguntas sobre movimentações financeiras da família Marinho, proprietária do jornal O Globo.>
Indagado por um repórter do jornal Estado de Minas se estava arrependido pelos recentes ataques feitos à imprensa, o presidente respondeu que a pergunta era "indecente". "O dia em que eu for elogiado pela imprensa, podem saber que o Brasil está indo mal", disse Bolsonaro.>
Sem máscara, ele voltou a causar aglomeração ao posar para fotos com funcionários da Usiminas, onde participou de cerimônia de reativação de um alto-forno. Ipatinga é a terceira cidade de Minas em número de casos de Covid-19, de acordo com informações da Secretaria da Saúde do Estado.>
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No evento, Bolsonaro também afirmou que a melhora em sua popularidade, segundo recente pesquisa, se deve ao auxílio emergencial pago durante a pandemia. "O povo reconhece e sabe que um dia tem um fim. Agora, é o tal negócio. Passamos por tantos problemas no passado e nenhum outro presidente lembrou do povo para dar uma aspirina sequer", disse.>
Bolsonaro, no entanto, declarou que o dinheiro não é dele. "É endividamento. Por cinco meses demos R$ 600. Pretendemos dar, ao final do ano, uma importância um pouco abaixo disso", afirmou. O presidente voltou a dizer que o auxílio custa R$ 50 bilhões por mês e que tem de ter um "ponto final". Repetiu, ainda, que o valor dos próximos pagamentos ficará entre R$ 200 e R$ 600.>
O presidente desembarcou em Minas com quatro ministros. Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Braga Netto (Casa Civil) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). No discurso, Bolsonaro afirmou que em seu governo, pela primeira vez, os ministros foram escolhidos por critérios técnicos. "Assim se para a corrupção na raiz.">
Bolsonaro e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), participaram da cerimônia na Usiminas vestidos com uniformes da empresa. O equipamento reativado havia sido desligado em abril por causa da baixa demanda por aço depois do início da pandemia. O alto-forno 2 também foi paralisado e ainda não há data para retomada de seu funcionamento.>
Na BR-381, na entrada de Ipatinga, uma faixa com a frase "O Vale já é poluído demais. Fora Bolsonaro" foi colocada em um viaduto. A chegada da comitiva presidencial, no entanto, ocorreu por outra parte da cidade. Na portaria da Usiminas, Bolsonaro foi recebido por um grupo de apoiadores.>
Ao fim da cerimônia na empresa siderúrgica, ao se despedir, o presidente tentou mencionar o nome da cidade, mas ficou em dúvida. Olhou para trás, onde estavam outros participantes do evento, e perguntou: "Ipatinga, né?".>
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta quarta (26) que, apesar dos "tempos difíceis", a democracia brasileira tem se mostrado "resiliente". "Temos um presidente que defende a ditadura e a tortura, e ninguém jamais considerou alguma solução diferente do respeito à igualdade constitucional", afirmou o ministro durante um debate virtual promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso.>
Sobre recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro a jornalistas, Barroso declarou que "a imprensa no Brasil é plural, independente e fortemente crítica do governo, tanto este, como dos governos anteriores". "Uma coisa que acho que contribui com esta resiliência da democracia no Brasil é justamente a liberdade, independência e até o poder da imprensa.">
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