Publicado em 25 de março de 2021 às 20:09
- Atualizado há 5 anos
Hospitais privados brasileiros dizem que só têm medicamentos para intubação de pacientes com Covid-19, como sedativos e relaxantes musculares, para mais três a quatro dias.>
O alerta vem de duas associações Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), que 118 instituições de excelência, como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, e a FBH (Federação Brasileira de Hospitais), que congrega 4.200 unidades de pequeno e médio porte.>
Hospitais e associações médicas já vinham alertando nas últimas semanas o governo federal para a queda no estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares.>
A escassez dos medicamentos tem obrigado equipes médicas a trabalhar com drogas de segunda ou terceira linha, de maneira racionada, o que pode causar mais sofrimento aos pacientes, além de prejuízo na adaptação à ventilação mecânica e mais mortes, segundo médicos intensivistas ouvidos pela reportagem.>
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Em grupos de enfermagem visitados pela reportagem, profissionais relatam o desabastecimento já chegou em hospitais de ponta, como o Sírio-Libanês.>
"Lá no Sírio a gente usava todas as sedações puras, e agora começamos a diluir porque não tá tendo. O Propofol [anestésico] 1% acabou, estamos usando o 2%, e o Cisa [Besilato de Cisatracúrio, bloqueador neuromuscular] também acabou e estamos usando o Rocurônio [relaxante muscular]", diz uma técnica de enfermagem.>
Fernando Ganem, diretor de governança clínica do Sírio-Libanês, diz que houve mudanças para equilíbrio do insumo, mas todas elas contempladas em protocolo e que não causam nenhum prejuízo ao paciente. "Não há falta, apenas diminuição de algumas formas de apresentação", diz ele.>
Para tentar evitar o colapso das UTIs, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu adotar medidas regulatórias emergenciais, como a possibilidade de importação direta de insumos por hospitais.>
Mas, segundo as associações, isso não é o suficiente. Além disso, o Ministério da Saúde anunciou novas requisições administrativas de medicamentos, feitas diretamente aos fabricantes. Elas pedem que a pasta faça uma distribuição de estoques requisitados diretamente dos fabricantes.>
"Não conseguimos mais reabastecer nossos estoques. Hospitais do Rio, Goiás, Ceará, São Paulo, São Catarina, todos chegara ao limite", afirma Adelvânio Francisco Morato, presidente da FBH.>
Ele lembra que, além dos pacientes com Covid, os hospitais serão obrigados a deixar de atender outras emergências, como politraumatizados. "Sem anestésicos, não tem como. E os pacientes crônicos, com AVC, doenças renais, oncológicas que estão nas UTIs não Covid? Eles precisam desses fármacos!">
Para ele, a atitude do Ministério da Saúde em requisitar medicamentos para os hospitais púbicos também vai prejudicar os pacientes do SUS. "Cerca de 70% dos atendimentos SUS são feitos na rede privada. É uma incoerência", diz ele.>
Morato afirma que o país caminha para um outro colapso na rede hospitalar. "Os pacientes que não morrerem por falta de leito de UTI, vão morrer por falta de medicamentos.">
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