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Como votou bancada do ES no projeto que mudava o conselho do Ministério Público

Como votou bancada do ES no projeto que mudava o conselho do Ministério Público

PEC precisava do apoio mínimo de 308 parlamentares para ser aprovada. Veja como votaram os deputados federais do Espírito Santo

Publicado em 21 de outubro de 2021 às 12:25

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O deputado federal Felipe Rigoni preside a sessão em que foi aprovado o Fundeb na Câmara dos Deputados
Sessão na Câmara dos Deputados, em Brasília . (Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados)

O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou na noite desta quarta-feira (20) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, entre outros pontos, amplia a influência do Congresso no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Na bancada capixaba, apenas o deputado federal Helder Salomão (PT) votou a favor da proposta. Os outros nove parlamentares também estavam presentes à sessão e se posicionaram contrários às alterações. 

O texto do relator Paulo Magalhães (PSD-BA) foi rejeitado por 297 votos a favor e 182 contra - para passar, a PEC precisava do apoio mínimo de 308 deputados (de um total de 513). Faltaram 11 votos.

Veja como votaram os parlamentares do Espírito Santo:

  • Helder Salomão (PT): a favor
  • Amaro Neto (Republicanos): contra 
  • Da Vitória (Cidadania): contra
  • Soraya Manato (PSL): contra
  • Lauriete (PSC): contra
  • Ted Conti (PSB): contra
  • Evair de Melo (PP): contra
  • Felipe Rigoni (PSB): contra
  • Neucimar Fraga (PSD): contra
  • Norma Ayub (DEM): contra

Os deputados votariam o texto original, do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), mas o presidente da Casa, Arthur Lira (PP/AL), encerrou a sessão após conversar com alguns parlamentares. 

A votação foi considerada uma derrota para Lira. Segundo líderes do Centrão, havia os votos necessários para aprovar a medida, bandeira de Arthur Lira, mas houve traições na reta final.

Com o resultado, o plenário deve agora analisar o texto original da PEC apresentado pelo deputado Paulo Teixeira, que mantém a composição do CNMP em 14 membros, mas acaba com a vaga nata do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. No lugar, a Câmara dos Deputados e o Senado vão eleger mais um conselheiro, que deverá ser membro do Ministério Público. Já o corregedor nacional do Ministério Público poderá provir de fora do Ministério Público.

Ao final da votação,  Arthur Lira prometeu fazer uma análise política sobre o que mudou em três votações da proposta, que já havia sido aprovada em duas comissões. “O plenário vota, temos que obedecer ao resultado. Nós temos um texto principal e temos possibilidades regimentais”, ressaltou.

Lira evitou falar em vitória ou derrota, mas voltou a defender as mudanças propostas. “Acho que todo poder merece ter seu código de ética, todo poder merece ter imparcialidade nos julgamentos e todos os excessos devem ser dirimidos”, afirmou.

CRÍTICAS

A PEC é criticada por ampliar o número de indicações de Câmara e Senado no órgão, o que é visto como uma brecha para aumentar a interferência política órgão responsável por realizar a fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público e de seus membros.

Procuradores e promotores eram contra a medida, afirmando que Lira e o centrão promoviam uma "PEC da vingança" contra o Ministério Público, já que políticos desse grupo, incluindo Lira, foram alvos de investigações, principalmente na Lava Jato.

Paulo Teixeira afirmou que ainda há esperança que a Câmara aprove o texto original da PEC, em votação que pode ocorrer nesta quinta (21), mas mesmo integrantes do centrão dizem não acreditar nessa possibilidade.

"Na verdade, o que prevaleceu nessa discussão foi uma fake news, porque tem poderes que resistem ao controle. E em uma democracia não existe poder sem controle", disse o petista, em entrevista à TV Câmara, apesar de o Ministério Público não ser um poder.

COMPOSIÇÃO

O CNMP é integrado por atores de diferentes ramos do Judiciário, do Ministério Público e da advocacia e tem histórico de arquivamento de processos de grande repercussão.

A composição heterogênea do colegiado dificulta a construção de consensos e leva ao adiamento de diversos julgamentos importantes.

Desde que iniciou as atividades, em 2005, o conselho autuou 6.150 reclamações disciplinares. Do total, 307, menos de 5%, resultaram em punição a promotores e procuradores, sendo 22 casos de demissão, pena mais dura que o CNMP pode impor.

Os defensores da PEC alegam que é necessário promover alterações no órgão para torná-lo mais eficiente. O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que a ideia visava levar ao "fim da impunidade em um órgão muito forte".

Associações de classe do Ministério Público, por sua vez, dizem que a PEC em discussão representava uma tentativa de ingerência política no órgão que pode acabar com a autonomia e independência da carreira.

Há anos, a classe política reclama de uma suposta inação do conselho em relação aos desvios de integrantes do Ministério Público e tenta emplacar propostas para interferir no trabalho do órgão.

A insatisfação com o CNMP aumentou principalmente após o início da Lava Jato, em razão da compreensão de congressistas de que o colegiado é corporativista e hesita em punir abusos de promotores e procuradores.

​A PEC em discussão na Câmara conta com apoio amplo, que vai de partidos de esquerda até aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Com informações da Folhapress e da Agência Câmara

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