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Com indefinição de datas, governo não assinou contrato de gráfica do Enem

Com indefinição de datas, governo não assinou contrato de gráfica do Enem

Indefinições sobre as datas de realização das provas e trocas nas chefias do órgão têm atrasado os procedimentos preparatórios do Exame Nacional do Ensino Médio

Publicado em 27 de maio de 2021 às 16:29

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Provas do Enem serão aplicadas para mais de 5,7 milhões de pessoas
A alta cúpula do Inep deixou o tema de lado porque havia decidido realizar o Enem 2021 apenas no início do próximo ano, segundo relatos feitos à reportagem. (Agência Brasil)

governo Jair Bolsonaro ainda não assinou o contrato com a gráfica para a impressão das provas do Enem 2021.

As indefinições sobre as datas de realização das provas e trocas nas chefias do órgão têm atrasado os procedimentos preparatórios do exame.

O comprometimento de todo o cronograma do exame têm preocupado os técnicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) por causa da complexidade que envolve essa organização. O órgão, ligado ao MEC (Ministério da Educação), é responsável pela realização das provas.

A alta cúpula do Inep deixou o tema de lado porque havia decidido realizar o Enem 2021 apenas no início do próximo ano, segundo relatos feitos à reportagem.

Documentos obtidos pela Folha mostram que desde o início de maio havia a decisão de aplicar as provas em janeiro de 2022.

Com a repercussão negativa do adiamento, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, prometeu que a prova será realizada até novembro. Porém, a decisão ainda não foi oficializada.

Em 2019, por exemplo, quando o Enem também ocorreu em novembro, o contrato com a gráfica foi fechado em 21 de maio. Isso já representou atrasos; naquele ano, no entanto, a assinatura demorou porque a empresa que imprimia as provas havia falido, forçando o governo a alterar o fornecedor.

O Inep formalizou a intenção de renovar o contrato com a gráfica Plural, empresa na qual a Folha tem participação minoritária. A Plural venceu no ano passado licitação para imprimir o Enem e há abertura legal para renovação.

Até agora, a assinatura do aditivo não tem data para ocorrer. Pessoas familiarizadas com os processos e servidores do instituto afirmam que, a princípio, há tempo hábil para a impressão das provas caso a aplicação seja em novembro.

A avaliação, entretanto, é de que, a cada dia que passa, aumentam os riscos para a segurança e o sucesso do exame. O Inep foi questionado pela reportagem mas não respondeu.

Colabora com o atraso as trocas constantes no órgão. Em 10 de maio, o Inep exonerou o então diretor de Gestão e Planejamento, Alfredo Murillo Gameiro de Souza, o que comprometeu as negociações com a gráfica —essa é a área responsável pelas questões logísticas do exame. Alexandre Avelino Pereira assumiu o cargo na mesma data.

O contrato com o consórcio aplicador também não foi firmado. Mas é comum que isso ocorra mais próximo do exame.

Nesta quarta (26), o Inep exonerou o diretor de Avaliação da Educação Básica, coronel Alexandre Gomes da Silva. Desde 18 de maio, ele já estava afastado do cargo, a pedido.

As funções da diretoria têm sido exercidas pelo substituto, Anderson Oliveira. Fica a cargo desse setor a parte pedagógica do exame.

Servidores afirmaram à Folha, sob condição de anonimato, que a prova ainda não está montada, o que também já era para ter ocorrido.

O presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro, tentou trocar a comissão que elabora o exame. No entanto, ele voltou atrás após reação interna negativa.

A gestão de Ribeiro à frente do Inep tem sido fortemente criticada por servidores, que já publicaram cartas públicas com queixas.

O governo Bolsonaro nem sequer publicou o edital do exame. Em 2019, esse documento que define todo o cronograma e as diretrizes da prova foram publicados em março e, no passado, em abril.

Sem o edital, também não há data para abertura de inscrição. Nos dois últimos anos as inscrições já haviam sido encerradas nesse período do ano.

A postergação desse processo compromete várias etapas de organização. Somente após o fim das inscrições é que o Inep pode levar adiante algumas fases da organização com base na previsão de quem deve fazer a prova.

O instituto ainda está na fase de pedidos de isenção da taxa de inscrição, cujo prazo foi aberto no dia 17 e segue até sexta-feira (28). Após encerrado esse período, haverá novo prazo de recurso para quem não teve sucesso na solicitação.

A última edição do Enem recebeu 5,7 milhões de inscrições. Realizado em janeiro deste ano, após adiamento por causa da pandemia da Covid-19, a prova teve a maior taxa de abstenção da história.

Projeto de lei do deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), assinado por vários congressistas, prevê que não haja veto a pedidos de isenção de quem faltou na última edição, uma vez que a alta abstenção teve relação com a pandemia.

O texto foi apresentado nesta quarta com o objetivo de, segundo o deputado, evitar que os mais pobres não sejam prejudicados.

A nota do Enem é usada por praticamente todas as instituições públicas federais e serve de critério para acesso a programas de inclusão em faculdades privadas, como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil).​

A preocupação com a ocorrência de problemas se deve pela alta complexidade da aplicação do exame e com o histórico de falhas desde 2009.

No primeiro exame sob o governo Bolsonaro, milhares de candidatos receberam notas erradas após um problema na gráfica que imprimiu as provas naquele ano. Candidatos foram impedidos de fazer a prova na última edição por lotação de salas.

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