Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 12:24
O número de mortes em decorrência das chuvas chegou a 53 nesta terça-feira (28) em Minas Gerais. Os casos foram registrados entre o dia 24 de janeiro até o fim da noite de terça -há ainda um desaparecido. >
Desde outubro, 64 pessoas morreram no estado em episódios relacionados às chuvas, em registro recorde dos últimos cinco anos. Até então, o maior número de mortes havia sido 18, nas temporadas 2016/2017 e 2018/2019.>
A maioria das mortes registradas na última semana foram em casos de soterramento, desabamento e desmoronamento de terra: 43. Com o solo encharcado, os deslizamentos de terra derrubaram casas em várias cidades.>
Foram registradas oito mortes de pessoas arrastadas pelas águas e dois por afogamento. Um homem de 62 anos, desaparecido desde a noite do dia 24, foi encontrado na manhã desta terça, dentro do carro, em um córrego em Divinópolis. >
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Em Belo Horizonte, dois episódios de deslizamento de terra e soterramento mataram 12 pessoas dentro de casas. A capital lidera o número de mortos na lista que inclui 16 cidades.>
Na quarta-feira antes das chuvas fortes, a prefeitura colocou em prática um plano emergencial com equipamentos, como caminhões, retroescavadeiras e hidrojatos, em onze pontos da cidade, e reservou 500 vagas em pousadas para famílias que tivessem de sair de casa.>
Até esta terça, 185 famílias ainda estavam acolhidas pelo serviço. Segundo a prefeitura, o plano de atuação começou a ser elaborado no dia 19 de janeiro, quando uma chuva forte deixou estragos na cidade.>
A Defesa Civil de BH renovou o alerta para riscos geológicos, como desmoronamentos de terra, até a próxima sexta-feira. Na noite de terça, voltou a chover na cidade.>
A chuva alagou avenidas da cidade, invadiu casas e estabelecimentos comerciais, arrastou carros e assustou clientes de um restaurante que foi inundado. Parte do teto de um shopping localizado no bairro Belvedere desabou durante a tempestade.>
Em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, o desabamento de uma casa provocou a morte de uma pessoa, de acordo com a Defesa Civil. A rodovia MG-030, que liga Nova Lima a Belo Horizonte, foi interditada devido a desmoronamentos de terra. >
Uma das cidades mais atingidas na região metropolitana, com mais de 5.000 pessoas fora de casa - cerca de 700 delas desabrigadas, dormindo em escolas ou com aluguel da prefeitura -Contagem teve dois mortos.>
A Defesa Civil do município também colocou em ação o protocolo de emergência do plano de contingência surpreendida pelo volume de chuvas do dia 19, diz o coordenador Samuel Lara.>
A previsão era de chuva em torno de 60 e 70 mm, o que o sistema de drenagem conseguiria suportar, mas a marca chegou a 102 mm naquele dia.>
O protocolo incluiu evacuação de pessoas vivendo em áreas vulneráveis - primeiro em locais com risco de inundação e alagamento, depois com risco de deslizamentos de terra.>
"Percebemos que o volume de chuvas seria alto e que o risco geológico iria aumentar muito. Nossa área mais vulnerável hoje, o Morro dos Cabritos, conseguimos evacuar e montamos um abrigo próximo. As pessoas foram notificadas a deixar suas casas e ir para lá", explica Lara.>
Nos próximos dias, segundo o Inmet em Belo Horizonte, ainda pode haver ocorrência de pancadas eventuais de chuva, típicas de verão, na região da capital, mas a instabilidade deve seguir para o oeste do estado.>
"O que a gente pede é que as pessoas fiquem atentas às previsões das instituições oficiais e às orientações da Defesa Civil, que é quem coordena como proceder para minimizar transtornos", afirma Anete Fernandes, metereologista do instituto.>
As chuvas fora da média, diz ela, foram causadas pela zona de convergência de um canal de umidade vindo desde a região amazônica até o Atlântico Sul na região sudeste, com sistema de baixa pressão no oceano, que a Marinha chamou de depressão subtropical.>
A média histórica das chuvas de janeiro na região, que considera registros dos últimos 30 anos, é de 329,1 mm. Só em 2020, entre o dia 1º e a manhã desta terça-feira, o Inmet registrou acumulado de 814,9 mm. >
Entre as manhãs de quinta-feira e sábado, em 48 horas, choveu 312,5 mm -171,8 mm só entre quinta e sexta, o maior acumulado desde que a medição começou a ser feita há 110 anos.>
O governo de Romeu Zema (Novo) anunciou a liberação de R$ 3,4 milhões para atender municípios atingidos pela chuva e com situação de emergência decretada -até esta terça, o decreto contava com 101 cidades.>
O valor é uma antecipação do piso mineiro dos meses de janeiro, fevereiro e março. Os gastos até o momento estão dentro do orçamento reservado à coordenadoria estadual de Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros para ações emergenciais, que passa de R$ 46 milhões em 2020.>
Mais de 30.000 pessoas estão fora de casa devido às chuvas, segundo a Defesa Civil de MG ?28.893 desalojadas, que não dependem de abrigo do Estado, e outras 4.397 desabrigadas, levadas a locais providenciados pelo poder público.>
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