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Caso Mariana Ferrer mobiliza mulheres na Europa

Caso Mariana Ferrer mobiliza mulheres na Europa

Nas redes sociais, mulheres em várias cidades da Europa têm se engajado em um protesto virtual em apoio à jovem de Santa Catarina

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 18:18

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A influenciadora digital Mariana Ferrer
A influenciadora digital Mariana Ferrer. (Reprodução | Instagram)

caso da influenciadora digital Mariana Ferrer tem repercutido com força em Portugal, e a mobilização já se espalha por outros países europeus. Nas redes sociais, mulheres em várias cidades da Europa têm se engajado em um protesto virtual em apoio à jovem catarinense.

Postando uma selfie e indicando a localidade em que estão, elas querem chamar atenção para o caso no exterior.

"A ideia veio do sentimento de injustiça que sentimos ao ver a sentença do caso da Mari. Acompanhamos o processo e vimos o quanto a Mari foi revitimizada pelo sistema de Justiça", diz a psicóloga Ana Paula Costa, uma das diretoras da Casa do Brasil em Lisboa, ONG que tem organizado as manifestações.

"Quando saiu a sentença e as cenas da audiência, que mostram a postura do advogado, do promotor e do juiz, pensamos que tínhamos que fazer alguma coisa, pois não podemos admitir que nenhuma mulher vítima de violência, que denuncia e segue com o processo, seja tratada daquela forma", completa.

Por conta das várias restrições impostas pela segunda onda da Covid-19 nos países da Europa, as manifestações, por enquanto, ficarão apenas no ambiente virtual.

O protesto virtual começou com a adesão de mulheres de cidades portuguesas, como Lisboa, Porto e Setúbal, mas já se espalhou por países como Holanda, Espanha e Polônia. "A maioria são brasileiras, mas há outras nacionalidades também", diz Ana Paula Costa.

Em Portugal, os principais jornais têm veiculado reportagens sobre o caso de Mariana Ferrer, destacando principalmente as falas do advogado de defesa do réu e a tese de estupro culposo.

Jornais e sites de países como Inglaterra, França e Espanha também têm começado a acompanhar o assunto.

O PROCESSO

Após imagens do julgamento de seu processo terem sido divulgadas em reportagem do site The Intercept na última terça-feira (3), o caso de Mariana Ferrer voltou a ter destaque.

A influenciadora digital acusa o empresário André de Camargo Aranha de estupro em um clube de luxo há dois anos, em Florianópolis.

Na audiência, o advogado do réu, Cláudio Gastão da Rosa Filho, exibiu imagens sensuais da jovem, feitas na época em que ela era modelo, para reforçar sua argumentação de que o sexo foi consensual e descredibilizar Mariana.

Classificando as poses da influenciadoras como ginecológicas, o advogado afirmou ainda que "jamais teria uma filha do nível" de Mariana. Ele ainda repreendeu quando ela começou a chorar: "não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lágrima de crocodilo".

O caso foi marcado ainda pela mudança de versões, trocas de delegados e promotores e sumiço de imagens de câmeras de segurança.

Aranha acabou absolvido. O promotor Thiago Carriço de Oliveira argumentou no processo que não era possível comprovar que o acusado sabia que Mariana não tinha capacidade de consentir a relação sexual.

Essa tese de estupro sem intenção foi classificada de "estupro culposo" pela reportagem do The Intercept. O termo, porém, não aparece nos autos.

A condução do julgamento que o inocentou causou indignação e tem sido criticada por especialistas.

Nas redes sociais, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes se manifestou sobre o assunto.

"As cenas da audiência de Mariana Ferrer são estarrecedoras. O sistema de Justiça deve ser instrumento de acolhimento, jamais de tortura e humilhação. Os órgãos de correição devem apurar a responsabilidade dos agentes envolvidos, inclusive daqueles que se omitiram", afirmou.

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