Publicado em 19 de julho de 2021 às 18:48
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugeriu nesta segunda-feira (19) que pode não participar das eleições do ano que vem -embora ele próprio já tenha indicado que pretende disputar um segundo mandato. Aliados também dizem que Bolsonaro planeja disputar a reeleição. >
"Eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar a eleição, né? Se eu disputar, eu entrego a faixa para qualquer um. Uma eleição limpa", disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada, uma semana após escalada golpista nas declarações do mandatário.>
A fala do presidente nesta segunda foi transmitida por um site bolsonarista. "Agora, participar de uma eleição com essa urna eletrônica... Alguns falam: 'Ah, o Bolsonaro foi reeleito tantas vezes com o voto eletrônico'.">
Bolsonaro defende a adoção de um sistema de voto impresso nas eleições de 2022, sob o argumento de que as urnas eletrônicas seriam passíveis de fraude. Ele nunca apresentou provas para embasar a acusação.>
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A bandeira levantada pelo mandatário é rechaçada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e por diversos líderes partidários. De acordo com críticos, o discurso bolsonarista de que as urnas não seriam seguras pode abrir brecha para que Bolsonaro conteste o resultado das eleições, caso não seja reeleito.>
Nesta segunda, o presidente voltou à carga e declarou que a ausência da modalidade do voto impresso na disputa de 2022 -chamado por ele de eleição auditável- configuraria uma fraude.>
"As mesmas pessoas que tiraram o [ex-presidente] Lula da cadeia e [o] tornaram elegível vão contar os votos dentro do TSE de forma secreta. As mesmas pessoas", disse Bolsonaro a apoiadores.>
"O pessoal diz que eu estou ofendendo o ministro [e presidente do TSE, Luís Roberto] Barroso. Não estou ofendendo, estou mostrando a realidade.">
Pesquisas de opinião indicam favoritismo de Lula nas eleições de 2022. Nas últimas semanas, Bolsonaro disparou ameaças contra o processo eleitoral brasileiro e insultou Barroso, a quem chamou de imbecil e idiota.>
Em 8 de julho, o presidente declarou: "Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".>
No dia seguinte, ele também sugeriu que só passaria a faixa presidencial para um sucessor no sistema do voto impresso.>
"Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem", disse.>
Dias depois, após reunião com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, Bolsonaro baixou o tom, contemporizou e tentou justificar sua ameaça.>
"O não tem eleição é porque vai ser algo fraudado, eleição existe quando as coisas são sérias", disse.>
Apesar de Bolsonaro ter sugerido nesta segunda que pode não disputar o pleito de 2022, ele mesmo já deu declarações indicando que vai se apresentar. Ainda em 2019, ele já dava declarações nesse sentido.>
"Meu muito obrigado a quem votou e a quem não votou em mim também. Lá na frente todos votarão, tenho certeza disso", disse Bolsonaro em 20 de junho de 2019, em Eldorado (SP).>
No mesmo dia, ele disse que poderia desistir da reeleição caso fosse aprovada uma reforma política.>
"Olha, se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caldeirão, jogar fora a possibilidade de reeleição. Posso jogar fora isso aí. Agora, se não tiver uma boa reforma política e se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos.">
Mais recentemente, Bolsonaro também fez falas sobre a intenção de concorrer de novo à Presidência. Em 7 de julho, afirmou que pode não aceitar o resultado.>
"Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se este método continuar aí, sem, inclusive, a contagem pública, eles vão ter problemas. Porque algum lado pode não aceitar o resultado. Este algum lado, obviamente, é o nosso lado, pode não aceitar o resultado", disse em entrevista à rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul.>
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