Publicado em 16 de março de 2022 às 17:23
Em mais um indicativo do forte caráter de campanha eleitoral antecipada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou na Bahia nesta quarta-feira (16) participar de cerimônia de "lançamento da pedra fundamental da unidade de ressonância magnética" do Hospital Santo Antônio, em Salvador.>
O ato é acompanhado pelo ministro João Roma (Republicanos), também pré-candidato ao governo da Bahia, e insere-se da tentativa do presidente de apostar em agendas no Nordeste para tentar alavancar a popularidade na região, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem larga vantagem nas pesquisas eleitorais.>
Bolsonaro tem reservado boa parte de seus compromissos, de suas entrevistas e manifestações para atividades com claro viés eleitoral e de crítica a adversários.>
Em evento promovido pelo BTG, em fevereiro, por exemplo, ele usou sua fala para cobrar apoio do mercado financeiro à sua reeleição, atacando Lula e listando, um a um, os pontos que devem moldar sua campanha eleitoral.>
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Nos últimos dias, Bolsonaro reuniu em Brasília, em diferentes eventos, ruralistas e evangélicos, dois segmentos que formam os pilares de sua base de sustentação, também com o objetivo de fortalecer os laços de sua campanha. Aos evangélicos, disse que irá dirigir o país para o caminho que eles definirem.>
Em sua live da última quinta-feira (10), chegou a listar um a um os ministros que devem deixar os cargos para disputar mandatos eletivos, deixando claro o viés de campanha do anúncio.>
"Temos muita esperança no Tarcísio [de Freitas, ministro da Infraestrutura] em São Paulo, mas todos esses aqui realmente têm chance de se eleger", afirmou.>
Pela lei, a campanha oficial só começa a partir de 16 de agosto. Aproveitando-se de certa leniência da Justiça Eleitoral e de órgãos de controle como o Ministério Público, tanto Bolsonaro como outros candidatos têm, há muito tempo, colocado o bloco eleitoral na rua.>
Os partidos, por exemplo, têm claramente burlado a lei e promovido eleitoralmente seus presidenciáveis nas propagandas partidárias no rádio e na TV, o que é proibido.>
No caso do presidente, porém, parte dessa campanha antecipada é feito com amparo na máquina pública e com recursos federais.>
No começo de março, o presidente usou evento de concessão de rodovia em São Paulo para enaltecer seu pré-candidato ao governo paulista, o ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas. O evento, em São José dos Campos, teve tom de campanha eleitoral, com direito a motociata e uma bandeira erguida com a imagem do presidente.>
No mês anterior, o presidente havia feito uma série de visitas pelo Nordeste. Em Jardim de Piranhas, no interior do Rio Grande do Norte, ele participou de ato que chamou de "jeguiata".>
Já em janeiro, em Macapá (AP), voltou a falar de fraude nas urnas e prometeu combater o MST em discurso feito após inspeção de cerca de 40 minutos em projeto de implantação de estrutura de fibra ótica.>
O hospital que Bolsonaro visita nesta quarta (16) na Bahia é administrado pela instituição filantrópica OSID (Obras Sociais Irmã Dulce).>
A Bahia é governada por Rui Costa (PT), que deve ficar no cargo até o fim do mandato, em dezembro. O secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, como pré-candidato do partido ao governo.>
No fim de 2021, o presidente recebeu críticas e causou mal-estar entre aliados por protagonizar cenas dos momentos de folga no litoral catarinense, enquanto a Bahia enfrentava crise gerada pelas fortes chuvas, têm constrangido aliados e membros do governo federal.>
Segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Lula, Bolsonaro tenta modular alguns pontos de seu discurso, por exemplo, sobre as vacinas da Covid-19, ainda que insista em não se imunizar.>
Em setembro de 2021, o Planalto preparou parecer jurídico para se blindar de possíveis acusações de propaganda eleitoral antecipada. No documento, a área jurídica do governo recomendava "observar a prudência e a cautela" nos eventos de mil dias de governo para "afastar possíveis interpretações que conduzam para uma situação de campanha eleitoral antecipada".>
A Folha de S.Paulo questionou o TSE e o Ministério Público sobre atos do presidente em tom de campanha eleitoral, mas ainda não recebeu resposta.>
O Palácio do Planalto disse que as viagens oficiais do de Bolsonaro não têm caráter eleitoral.>
O Ministério da Saúde afirmou que a atual gestão investiu mais de R$ 9,4 milhões para equipar o setor de imagem (ressonância magnética e tomografia computadorizada) do hospital.>
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