Publicado em 6 de agosto de 2020 às 19:50
Com quase 100 mil mortes por Covid-19 registradas no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (6) que está com a consciência tranquila e que fez "o possível e o impossível" para salvar vidas.>
Ao assinar medida provisória que destina R$ 1,9 bilhão para a compra da vacina contra o coronavírus que está sendo testada pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, Bolsonaro defendeu o uso da hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia cientificamente comprovada contra a Covid-19.>
"Estamos com a consciência tranquila. Não existia, naquela época, como não existe, uma vacina, não existia medicamento, apenas a promessa, no primeiro momento, da hidroxicloroquina, depois outras coisas apareceram", disse o presidente no Palácio do Planalto, em uma cerimônia fechada à imprensa, mas transmitida pela TV pública.>
"Junto com os meios que nós temos, temos como realmente dizer que fizemos o possível e o impossível para salvar vidas ao contrário daqueles que teimam em continuar na oposição, desde 2018", disse o presidente.>
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Logo no início da pandemia, Bolsonaro determinou que laboratórios do Exército produzissem o medicamento, mesmo sem comprovação científica.>
À época, o ministro da Saúde era Luiz Henrique Mandetta, que resistiu publicamente ao desejo de Bolsonaro para que a cloroquina fosse utilizada no estágio inicial da doença.>
Mandetta, que acabou demitido, foi novamente criticado nesta quinta pelo chefe do Executivo, que disse que seu ex-ministro "virou comentarista da Globo por várias e várias semanas".>
"Tínhamos um protocolo do ministro primeiro da Saúde que mandava aplicar apenas em estado grave a hidroxicloroquina. É jogar comprimido fora. Não precisa ter conhecimento nem cérebro para entender que é jogar comprimido fora e perder vidas", disse Bolsonaro.>
O presidente procurou elogiar o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, alvo de críticas por ser militar da ativa, especialista em gestão, e não em saúde.>
Bolsonaro disse que o ministério é "para ser educado, complicado" e que "não temos facilidade de encontrar um médico gestor".>
Quando elogiava a atuação da pasta em seu próprio governo, Bolsonaro voltou a dizer que, pelo conhecimento que tinha, não havia registro de mortes por falta de leitos de UTI ou de respiradores. O mandatário foi corrigido em tempo real.>
"Alguns casos é possível. Mas a grande maioria tinha os equipamentos lá", afirmou, após ser alertado por um interlocutor que não aparece nas imagens.>
As críticas do presidente chegaram novamente ao STF (Supremo Tribunal Federal), que decidiu que cabia a prefeitos e governadores definir sobre quando reabrir o comércio pelo país.>
"Eu fui cerceado, o meu governo, na possibilidade de discutir este assunto pelo nosso aqui, à minha esquerda, Supremo Tribunal Federal. A nós coube apenas, praticamente, fornecer meios e recursos para estados e municípios.">
Bolsonaro disse que "talvez em dezembro, janeiro, exista a possibilidade da vacina e daí este problema estará vencido poucas semanas depois". Ele aproveitou a oportunidade para alfinetar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu virtual oponente na eleição presidencial de 2022.>
O estado de São Paulo fez acordo com a chinesa Sinovac para testar uma vacina contra Covid-19. Alinhado aos Estados Unidos, parte do governo Bolsonaro adota um discurso ideológico contrário à China.>
"E o que é mais importante nesta vacina, diferente daquela outra que um governador resolveu acertar com outro país: vem a tecnologia para nós", disse Bolsonaro.>
Participou da cerimônia de assinatura da medida provisória o ministro interino da pasta Eduardo Pazuello, que ressaltou a importância de garantir 100 milhões de doses da vacina para a população.>
"Com a assinatura estamos garantindo a aplicação de recursos em uma vacina que tem se mostrado a mais promissora do mundo. O investimento é significativo, não só o seu valor de quase R$2 bilhões de reais, mas aponta também para a busca de soluções que permita ao Brasil desenvolver tecnologia para a proteção dos brasileiros", afirma.>
A maior parte da verba, R$ 1,3 bilhão, é para pagamentos à AstraZeneca, a serem previstos no contrato de encomenda tecnológica. Outros R$ 522,1 milhões serão para despesas necessárias ao processamento final da vacina por Bio-Manguinhos/Fiocruz e mais R$ 95,6 milhões destinados a investimentos para absorção da tecnologia de produção pela Fiocruz.>
A Fiocruz e a AstraZeneca assinaram no dia 31 de julho o documento que dará base para o acordo entre os laboratórios para a transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, caso se comprovem a eficácia e a segurança.>
Nesse sentido, o Governo Federal assumiu parte dos riscos tecnológicos do desenvolvimento da vacina. Em uma segunda fase, caso a vacina se mostre eficaz e segura, será ampliada a compra.>
A previsão para início da produção da vacina no Brasil é a partir de dezembro deste ano. Ela será distribuída pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que atende o Sistema Único de Saúde (SUS).>
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