Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 21:19
No dia em que seu primogênito foi alvo de uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro evitou a imprensa e recebeu o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (18). O senador chegou à residência oficial da Presidência por volta de 17h30 em um carro oficial do Senado, cerca de 20 minutos antes do pai. >
Ao chegar ao Alvorada, o presidente desembarcou no térreo, onde o filho o aguardava, e não na garagem, onde o veículo costuma deixá-lo.>
O encontro entre eles não consta na agenda oficial do presidente. Questionada, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto não soube informar o motivo da reunião. >
Bolsonaro participou de um evento religioso à tarde, mas chegou e saiu do local sem passar pela área onde estavam os jornalistas. >
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Na sequência, não fez discurso em cerimônia do Planalto e saiu do salão nobre evitando o local reservado à imprensa.>
Na semana passada, Bolsonaro disse que em breve viriam outras acusações contra seus familiares, mas não deu detalhes do que se tratava. >
A operação da Promotoria apura suposta lavagem de dinheiro e a prática de "rachadinha" no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual no Rio. Além do hoje senador, foram alvo ex-assessor Fabrício Queiroz e outros ex-funcionários do gabinete.>
Também estão entre os 24 alvos da operação parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro --alguns deles moram em Resende (RJ). >
Já foram recolhidos documentos e celulares na casa de alguns dos alvos. O Ministério Público não se pronunciou sobre a operação, alegando que o procedimento corre sob sigilo.>
As buscas e apreensões ocorrem após quase dois anos do início das investigações contra Queiroz.>
A Promotoria fluminense recebeu em janeiro de 2018 relatório do antigo Coaf --hoje Unidade de Inteligência Financeira (UIF)-- apontando movimentações atípicas do policial militar aposentado.>
Após pedido de Flávio, as apurações foram suspensas a partir de julho deste ano por liminar (decisão provisória) do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, mas foram retomadas neste mês após decisão do plenário da corte.>
No caso de Flávio, o alvo de busca e apreensão foi a loja de chocolates do senador. Os agentes chegaram por volta das 6h40 ao shopping Via Parque, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), onde fica a franquia da Kopenhagen que pertence a Flávio, e deixaram o local por volta das 10h40.>
O primogênito de Bolsonaro é dono de 50% da franquia desde janeiro de 2015. A firma é citada num relatório do antigo Coaf que descreve oito transferências que somam R$ 120 mil dela para o senador entre agosto de 2017 e janeiro de 2018.>
A empresa também foi alvo de quebra de sigilo bancário e fiscal pela Justiça em abril.>
Frederick Wassef, advogado do senador, afirmou em nota que os investigadores não encontrarão nas buscas nada que comprometa o filho do presidente. "O que sabemos até o momento, pela imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da [medida] cautelar, alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao caso.">
Já a defesa da família de Queiroz afirmou que recebe a ação "com tranquilidade e, ao mesmo tempo surpresa, pois é absolutamente desnecessária". "Ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos", disse o advogado Paulo Klein.>
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