Publicado em 25 de maio de 2020 às 11:59
Apoiadores de Jair Bolsonaro hostilizaram jornalistas nesta segunda-feira (25) em frente ao Palácio da Alvorada.>
Pouco antes dessas agressões verbais, o presidente, ao passar perto dos repórteres, criticou a imprensa. "No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo", disse. Alguns simpatizantes dele apoiaram respondendo "Isso aí".>
Os xingamentos aos jornalistas que esperam a saída de Bolsonaro na porta do Alvorada diariamente se tornaram comuns, mas, desta vez, a agressividade foi maior.>
Uma mulher passou pela fila dos jornalistas repetindo: "Ó o lixo, ó o lixo, ó o lixo". "Escória! Lixos! Ratos! Ratazanas! Bolsonaro até 2050! Imprensa podre! Comunistas", berrou a mulher, enquanto outros gritavam repetidamente "mídia lixo".>
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"Sem vergonha. Vocês não mostram a realidade!", disse outra mulher. "Eu não sei como vocês conseguem dormir à noite. Vocês não representam a população brasileira! Mídia comunista, comprada! Cambada de safados!", gritou um homem.>
Nesta segunda-feira (25), como a lotação do bolsão destinado aos apoiadores ao lado da área de imprensa já havia atingido o limite de 35 pessoas, foi criada uma nova área no lado oposto, em frente ao espelho d'água diante do Alvorada.>
Quando a Folha de S.Paulo chegou ao local, por volta das 7h30, havia 60 pessoas na fila, e muitos já estavam acomodados no bolsão reservado à militância.>
Quando Bolsonaro apareceu, às 8h30, falou primeiro com os que estavam diante do espelho d´água. Sem máscara, tossiu com a mão na boca e, quando se dirigiu para o lado onde fica a imprensa, vestiu a máscara, de uso obrigatório no Distrito Federal.>
Depois que o presidente foi embora, os apoiadores seguiram para o local onde fica um púlpito com os microfones das emissoras de TV. Ao mesmo tempo, a claque que estava no bolsão ao lado da imprensa se aproximou da única grade que a separa de quem está trabalhando.>
Com a escalada de hostilidades, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança, havia instalado duas grades, com espaço de uma pessoa em pé entre elas, para separar os dois grupos.>
O reforço da proteção, no entanto, foi removido e, nos últimos dias, há apenas uma grade e uma fita de contenção, ignorada pela claque.>
No início do mês, apoiadores de Bolsonaro reviraram o lixo em frente da sala de imprensa do Alvorada para acusar os jornalistas de sujos. Diante do Palácio do Planalto, jornalistas já foram agredidos fisicamente durante uma manifestação a favor do presidente.>
"Vergonha, mídia! Corrupta, comprada, tome vergonha. A Globo é um lixo", gritou uma mulher nesta segunda-feira (25), enquanto acompanhantes dela chamavam de lixo os jornalistas em geral.>
"Vocês da mídia não representam o Brasil, não representam a nossa bandeira. A nossa bandeira tem a ordem e o progresso, cambada de comunistas", bradou um homem.>
Sem máscara, um mulher com camisa verde e amarela, onde se lia "fechados com Bolsonaro" se aproximou dos jornalistas gritando.>
Na saída, novas agressões verbais. Diante da sala de imprensa, um homem dizia aos jornalistas que que ele "teria vergonha de ser parente" dos profissionais.>
No estacionamento, um grupo se aproximou dos repórteres para pedir desculpas e dizer que não concordava com o comportamento dos outros apoiadores.>
O GSI foi informado da redução da segurança e dos ataques desta segunda-feira, mas não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.>
Diariamente, jornalistas dão plantão diante da residência oficial da Presidência da República por causa do hábito de Bolsonaro em conceder rápidas entrevistas no local.>
Há mais de uma semana, no entanto, desde que a crise política se agravou, ele não tem respondido a perguntas e optou por conceder entrevistas apenas a youtubers alinhados a ele.>
Na sexta-feira (22), após a divulgação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do vídeo da reunião ministerial alvo de investigação, ele fez um pronunciamento de mais de 50 minutos.>
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