Publicado em 18 de junho de 2020 às 17:40
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes aproveitou sua fala na sessão desta quarta-feira (17) para diferenciar o que é liberdade de expressão do que é crime e ameaça em rede social. Segundo disse o ministro, a Constituição não permite que criminosos se escondam sobre o manto da liberdade de expressão.>
Na sessão, ele leu algumas ameaças recebidas pelos integrantes da Corte. Ao citar uma delas, ele precisou esclarecer que incitar estupro contra as filhas dos ministros não é o mesmo que exercer liberdade de expressão, mas sim um crime. >
Alexandre de Moraes
ministro do STFEle prosseguiu com outro exemplo de ameaça. " 'Se acabarem com a prisão em segunda instância só nos resta jogar combustível e tocar fogo no plenário do Supremo Tribunal Federal com ministros barbies dentro.' Aonde está aqui a liberdade de expressão?", questiona o ministro. >
As falas de Moraes foram registradas em seu voto pela continuidade e legalidade do inquérito das fake news. Nesta quarta-feira (17), a Corte formou maioria de votos favoráveis ao prosseguimento inquérito, aberto no ano passado por iniciativa do próprio tribunal, a fim de apurar a disseminação de informações falsas e ameaças a ministros. Oito dos 11 ministros já votaram a favor da validade do procedimento. O principal argumento das pessoas que contestam o inquérito das fake news é que ele vai contra a liberdade de expressão, presente na Constituição nacional. >
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"A Constituição não permite que criminosos se escondam sobre o manto da liberdade de expressão utilizando esse direito como verdadeiro escudo protetivo para a prática de discursos de ódio, discursos antidemocráticos, ameaças, agressões, para a prática de infrações penais e toda sorte de atividades ilícitas", acrescentou o ministro.>
Não é isso que a constituição consagra. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão. Liberdade de expressão não é liberdade de destruição da democracia, das instituições e da honra alheia, conclui Alexandre de Moraes em seu voto.>
Oito dos 11 ministros já votaram a favor da validade do inquérito. Faltam os votos de Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Dias Toffoli. O julgamento será retomado na sessão desta quinta (18).>
O julgamento, que tem como origem uma ação da Rede Sustentabilidade, teve início na semana passada, quando Fachin proferiu seu voto. São suspeitos de integrar o esquema de fakenews deputados, empresários e blogueiros ligados ao presidente Jair Bolsonaro, que foram alvo de operação policial.>
O inquérito foi aberto em março de 2019 como uma resposta do Supremo às crescentes críticas e ataques sofridos nas redes sociais. Desde o início, porém, a apuração foi contestada por juristas e políticos por ter sido instaurada pelo presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, de ofício, ou seja, sem provocação da Procuradoria-Geral da República (PGR).>
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