Em oito anos, Instituto Ponte já impactou a vida de 283 adolescentes e jovens
Em oito anos, Instituto Ponte já impactou a vida de 283 adolescentes e jovens. Crédito: Alexandre Bizinoto Macedo

Voluntários descobrem talentos e ajudam jovens a ter uma profissão

Trabalho de reforço escolar oferece chance de adolescentes aprenderem melhor algumas disciplinas e se destacarem como futuros profissionais de sucesso

Tempo de leitura: 7min
Vitória
Publicado em 18/12/2022 às 07h50

Para transformar realidades, não é necessário grandes saltos. Na verdade, essa mudança começa com pequenos passos e, muitas vezes, pela boa vontade de uma ou de algumas poucas pessoas com um objetivo em comum. Mas é uma gente de uma força tamanha, que acaba atraindo outras e, assim, criando, por meio de projetos e Organizações Não Governamentais (ONGs) uma grande e poderosa corrente do bem, que se mobiliza para ajudar, capacitar, empoderar. No Espírito Santo, exemplos não faltam.

Foi acreditando que talentos estão em todos os lugares e não possuem classe social, que o Instituto Ponte nasceu, em 2014, fundado por Bartira Gomes Almeida e alguns empresários capixabas. O objetivo: oferecer a oportunidade de uma educação de qualidade a jovens talentosos, “com garra para mudar sua realidade através do ensino”.

O trabalho da entidade é destinado a promover a ascensão social de jovens em situação de vulnerabilidade. “Identificamos estudantes talentosos do 7º ano do ensino fundamental II ao 2º ano do ensino médio, de escolas públicas, e damos a eles oportunidades educacionais e acesso a atividades de desenvolvimento dos aspectos acadêmicos e socioemocionais, do ensino fundamental até a universidade”, destaca Bartira.

Foi ela quem deu o pontapé inicial nessa jornada, após uma experiência de 20 anos no setor privado. Durante o processo de sucessão da empresa de sua família, optou apenas por estar presente no Conselho Administrativo da companhia e buscar outro propósito: o de doar a maior parte do seu tempo ao voluntariado.

“Percebi que receberia mais do que eu proporcionava. Além disso, constatei que o setor social poderia ser mais profissional do que imaginava e que eu seria feliz dedicando meu tempo e energia a ele, ajudando aqueles que não possuíam as mesmas oportunidades que eu”, explica a presidente da ONG.

Nestes oito anos de existência, o projeto já impactou, de forma direta, a vida de 283 adolescentes e jovens, além de beneficiar, indiretamente, 835 pessoas, como pais e irmãos. E, em 2022, foi dado início à expansão nacional da organização. São 230 alunos beneficiados, além do Espírito Santo, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

Segundo a entidade, todos os anos, são criadas e alcançadas metas e objetivos diferentes com base nos bons resultados anteriores, preparando os alunos para o ano seguinte. Atualmente, 40 dos alunos são universitários, sendo que, desse total, 38% cursam Engenharias, Ciências da Computação, Sistema de Informação e Estatística; 12% cursam Medicina; 16% cursam Direito e Economia; 10% estão em algum curso da área da saúde, como Farmácia e Biomedicina; e 24% cursam Psicologia, Arquitetura, Administração, Medicina Veterinária e outras faculdades.

Entre as iniciativas de maior impacto do projeto estão o contraturno escolar, com aulas de português, matemática e redação para potencializar o aprendizado cognitivo; aulas de desenvolvimento pessoal que buscam desenvolver habilidades socioemocionais e contribuir para a construção do Projeto de Vida e Orientação Profissional; aulas de hábitos de estudos para tornar os alunos mais competentes como estudantes; e vários projetos de enriquecimento para desenvolver competências como comunicação e protagonismo, buscando sempre ofertar um trabalho personalizado. O acompanhamento pedagógico e psicológico também é primordial para a criação de vínculo com o aluno e encaminhamento para escolhas assertivas.

Bartira Gomes, presidente do Instituto Ponte
Bartira Gomes, presidente do Instituto Ponte. Crédito: Arquivo

Bartira Gomes

Presidente do Instituto Ponte

"Constatei que o setor social poderia ser mais profissional do que imaginava e que eu seria feliz dedicando meu tempo e energia a ele, ajudando aqueles que não possuíam as mesmas oportunidades que eu "

Sementes plantadas em terrenos de ideias férteis também produzem resultados que geram impactos positivos para a sociedade. Pelo menos é no que acredita a Semente Negócios, empresa que surgiu do desejo dos fundadores de atuar no desenvolvimento de iniciativas sustentáveis.

Ao entrar em contato com metodologias de ponta, com o desenvolvimento de negócios em outros países, a avaliação era do quanto o Brasil ainda precisava evoluir, pois por aqui ainda predominava a ideia de planos de negócio mesmo para iniciativas inovadoras. “E disso surgiu o primeiro grande propósito da Semente, de transformar a maneira como se praticava e se ensinava empreendedorismo no Brasil”, explica Josy Santos, gestora de Projetos em Inovação Social na Semente Negócios.

Ela destaca que, em primeiro lugar, olha-se para as pessoas inovadoras, a quem a empresa apoia diretamente para a ampliação do acesso aos recursos, competências e propósito necessários para inovar nas suas iniciativas empreendedoras.

“Também apoiamos empresas já consolidadas na estruturação e execução de suas estratégias e programas de inovação, possibilitando que elas inovem na mesma velocidade de startups, ao mesmo tempo em que o fazem ao redor de um propósito, gerando assim valor compartilhado”, enfatiza.

Finalmente, a Semente atua em projetos estruturantes de desenvolvimento territorial, onde, além de pessoas inovadoras e organizações consolidadas, envolvem outros atores no desenvolvimento e fortalecimento de ecossistemas de inovação densos e prósperos.

Desde 2011, quando foi oficialmente criada, a organização executa projetos de consultoria e educação empreendedora nas cinco regiões brasileiras, atingindo diretamente quase 40 mil pessoas e milhares de negócios.

Transformação de vidas

E nessa mais de uma década, Josy acredita que aquele objetivo inicial, de transformar a maneira como se praticava e se ensinava empreendedorismo no Brasil, foi alcançado, tanto pelos esforços da Semente quanto de tantas outras pessoas e organizações.

Com o contexto já transformado e toda a jornada vivida, o entendimento do propósito foi ampliado. Hoje a Semente atua na promoção da prosperidade por meio da inovação, apoiando, por meio de projetos de consultoria e educação empreendedora, pessoas inovadoras e suas startups/iniciativas; empresas e outras organizações consolidadas; além de iniciativas de desenvolvimento territorial de grandes organizações, institutos e fundações.

Quem também acredita no poder de transformação por meio do trabalho coletivo é o Das Pretas, criado em 2015. O projeto é uma Social Tech, ou seja, um Laboratório de Inovação e Tecnologia Social, 100% afrocentrado e diverso, que constrói soluções por meio de metodologias ágeis e que, na visão de sua fundadora, Priscila Gama, co-criam caminhos para futuros múltiplos, diversos, inclusivos e possíveis.

“Nosso objetivo inicial era criar espaços plurais e inclusivos, acessos e conexões, e conseguimos alcançar esse objetivo. Ao longo dos anos, houve uma convergência entre o propósito, a capacitação técnica dos envolvidos e as demandas que recebemos, o que nos possibilitou construir políticas através das consultorias, projetos, formações e mentorias”, destaca Priscila.

Das Pretas transformou a vida de mais de 500 mil pessoas no ES e no país
Das Pretas transformou a vida de mais de 500 mil pessoas no ES e no país. Crédito: Das Pretas/Divulgação

Apesar de ser a idealizadora da iniciativa, ela faz questão de frisar que o laboratório foi e é construído por várias pessoas ao longo de sua trajetória. “Eu nunca estive sozinha nesse processo. O Das Pretas é, por isso, um espaço importante, cheio de vidas e sonhos.”

O Laboratório de Inovação e Tecnologia Social é o local de atuação de maior impacto do Das Pretas, por ser um espaço de construção dos projetos, que dialogam com estratégias corporativas de dentro das empresas para fora e vice-versa, gerando um fluxo contínuo de diversidade e inclusão, renda e empregabilidade, diminuindo as desigualdades. “Batemos muitas metas por meio do laboratório”, ressalta.

O Das Pretas já impactou mais de 500 mil pessoas, nos âmbitos estadual e nacional, e é voltado para toda a sociedade. Para Priscila, as transformações já são notadas: “É perceptível que, com os projetos, provocamos e possibilitamos acessibilidade, construções de novos futuros pela redução da desigualdade social, co-criando caminhos para futuros múltiplos, diversos, inclusivos e possíveis.”

Sendo o Das Pretas o único e mais longínquo Laboratório de Inovação de Tecnologia Social do Estado, a fundadora acredita que o trabalho desenvolvido é de fundamental importância para a sociedade do Espírito Santo por ter, em seu DNA, o histórico de construções de espaços e de oportunidades para o capixaba. “Isso nos faz importantes na construção do futuro que queremos para o amanhã”, salienta.

Desde 2015, o programa auxilia governos, iniciativas privadas e organizações sociais com estratégias, projetos e diálogos, que promovem plataformas de sustentabilidade sócio-ambiental em todo o planeta. E trabalha com parcerias importantes para a construção do futuro que buscam: uma sociedade mais justa e igualitária.

“Temos grandes parceiros no campo governamental, corporativo e de toda sociedade. Eles são aliados importantes para que a periferia preta seja protagonista de sua história, circulando saídas inovadoras para transformações em impactos sociais duradouros.”

E, mesmo já com um caminho muito bem percorrido até aqui, Priscila acredita que o projeto ainda tem mais objetivos à frente: “Buscando atingir mais pessoas e ampliar o trabalho, além do diálogo com o ecossistema, principalmente o corporativo. Também queremos ampliar o impacto socioambiental, por meio da inovação e tecnologias.”

Ela acredita que muita coisa ainda precisa ser feita, mas passos importantes estão sendo dados. “Por esse motivo é que a sociedade precisa do Das Pretas, para que novas possibilidades e futuros sejam feitos. Estamos seguros coletivamente, entendendo que precisamos de todos e todas para chegarmos a esse futuro plural e sustentável”, pontua.

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