Com os projetos de energia eólica que estão em curso no Estado, além dos solares já existentes, a expectativa é que futuramente também seja fabricado o hidrogênio verde.
Com os projetos de energia eólica que estão em curso no Estado, além dos solares já existentes, a expectativa é que futuramente também seja fabricado o hidrogênio verde. Crédito: Shutterstock

Gama de energia: conheça os tipos de hidrogênio lançados no ar

Diferentes tipos de hidrogênio são lançados no ar por empresas capixabas. Companhias querem tornar cada vez mais transparentes suas emissões

Tempo de leitura: 3min
Publicado em 12/12/2022 às 01h35

De diferentes cores e origens, o hidrogênio está no foco dos debates sobre energias renováveis em todo o mundo. Apesar de ser um componente antigo – normalmente lembrado como um gás sem cheiro, sem cor e sem sabor –, ele se tornou uma solução promissora para salvar o meio ambiente, atraindo investimentos em pesquisa e inovação.

Especialistas da área afirmam que a utilização do hidrogênio como fonte de energia é uma chave para um futuro neutro em dióxido de carbono (CO2), grande vilão do aquecimento global. Até o final de 2022, empresas internacionais já previam projetos que pudessem acelerar essa produção no Espírito Santo.

Em todo o mundo, existe uma corrida para tornar esse combustível viável. O hidrogênio é um dos elementos mais abundantes da natureza, só que ele não é encontrado naturalmente disponível para ser usado como fonte de energia.

Por isso, precisa ser produzido a partir de processos, a chamada eletrólise, que isolam a molécula de hidrogênio. No entanto, esse isolamento é o que determina se será sustentável ou não.

Quando as matrizes para a realização da eletrólise forem renováveis (eólica e solar são), ele é considerado uma energia limpa. Esse é o caso do hidrogênio verde, conforme explica o pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Julian Hunt.

“O tipo verde é obtido a partir de uma molécula de água (H2O), que é composta de dois átomos de hidrogênio (H2) e um de oxigênio (O). Só conseguimos separar o hidrogênio após a eletrólise. Mas esse processo requer muita energia, sobretudo de fontes renováveis. Nisso entram as energias eólica e solar. Ele só pode ser considerado limpo se tiver uma origem sustentável, sem emissão de gases”, detalha.

Em outros casos, porém, o hidrogênio pode ser tão prejudicial quanto os combustíveis já utilizados no dia a dia. O tipo cinza, que é produzido a partir do vapor do gás natural, pode ser altamente poluente, segundo o professor Josimar Ribeiro, do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Eletroquímica da Ufes.

“No caso do hidrogênio rosa, é usada a energia de usinas nucleares. Existe ainda o azul, cuja origem também é a eletrólise, mas utilizamos energia termoelétrica para gerá-lo. Isso é um problema, porque emite muito CO2 na atmosfera. Além disso, se estiver envolvido com emissões de metano - aquele do pum das vacas -, temos o hidrogênio turquesa”, detalha.

Julian Hunt

Pós-doutorando em Química na Ufes

"O tipo verde é obtido a partir de uma molécula de água (H2O), que é composta de dois átomos de hidrogênio (H2) e um de oxigênio (O). Só conseguimos separar o hidrogênio após a eletrólise. Mas esse processo requer muita energia, sobretudo de fontes renováveis."

Julian Hunt destaca ainda outras cores que podem surgir com o elemento: o roxo, que também tem origem de fontes nucleares, assim como o rosa; o amarelo, oriundo da eletrólise da água utilizando eletricidade da rede elétrica; e o preto e o marrom, que se originam após a gaseificação do carvão. Todos eles, de alguma forma, apresentam riscos ao meio ambiente.

Interesse na produção

A gerente-executiva do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), Marília Silva, destaca que o mercado capixaba já está de olho nessa nova matriz energética sustentável. Com os projetos de energia eólica que estão em curso no Estado, além dos solares já existentes, a expectativa é que futuramente também seja fabricado o hidrogênio verde.

Ainda segundo o professor Josimar Ribeiro, a previsão é que essa produção dê “um salto” nos próximos anos, tendo em vista a movimentação de outras empresas que têm filiais no Estado.

Josimar Ribeiro

Professor do Laboratório de Eletroquímica da Ufes

"Seria bastante interessante capturar esse elemento [hidrogênio verde] em terras capixabas, tratá-lo e depois comercializá-lo"

“A empresa White Martins já tem uma pequena fábrica produzindo esse hidrogênio sustentável. Pode ser que eles tragam isso para o Espírito Santo no futuro. Outra fábrica que não é do Estado, mas tem uma filial aqui, que é a Nexa, também chega a produzir o hidrogênio. No entanto, ainda joga fora, pois não é viável. Seria bastante interessante capturar esse elemento em terras capixabas, tratá-lo e depois comercializá-lo”, aponta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.