Referência no setor de serviços e conhecida por abrigar uma indústria expressiva no mercado de rochas naturais, que atrai eventos empresariais de relevância nacional e internacional, a Microrregião Central Sul exerce um papel importante para a economia do Espírito Santo. A oferta de atendimento em saúde e educação, por exemplo, alcança até municípios de outros Estados.
Com mais de R$ 12 bilhões em investimentos anunciados para o período de 2023 a 2028, a região compreende sete municípios: Mimoso do Sul, Apiacá, Muqui, Atílio Vivacqua, Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Castelo. Além disso, concentra 8,52% da população estadual e tem uma densidade demográfica de 90.70 hab/km², segundo o panorama das microrregiões realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
A cidade mais populosa dessa microrregião é Cachoeiro de Itapemirim, com mais de 185 mil habitantes, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados pelo Censo 2022. É nesse município, também, que estão as principais empresas e obras da região nos próximos anos – no total de R$ 884,82 milhões em projetos.
Segundo a prefeitura da cidade, nos últimos anos, foram implementadas ações que contribuíram para este momento mais promissor. Entre essas conquistas estão: Nota A no Tesouro Nacional; Selo Diamante de Eficiência em Transparência Pública; segundo lugar no ranking estadual de atividades econômicas dispensadas de alvarás e licenças; e perspectiva de reforma e ampliação do aeroporto.
A prefeitura também tem direcionado recursos para expandir a capacidade de atendimento em saúde e educação e já visa aos impactos positivos de projetos, como a duplicação da Rodovia do Frade, e de obras em cidades vizinhas, como a construção do Porto Central, em Presidente Kennedy, a extensão da ferrovia até o norte fluminense, além do novo contrato de concessão da BR 101.
O coordenador do Projeto Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do IJSN, Bruno Louzada, explica que a região é promissora, mas também tem desafios a superar, principalmente no que diz respeito ao planejamento, à capacitação dos serviços e à infraestrutura econômica dos municípios.
“Esses desafios se refletem em uma série de ações previstas no Plano de Ação do DRS-ES, que incluem estimular programas e oficinas voltadas ao empreendedorismo e à inovação e ampliar o acesso à tecnologia de internet e à telefonia móvel. Além disso, a região deve buscar reduzir o déficit habitacional, a irregularidade fundiária e a inadequação das moradias”, enfatiza.
Além de concentrar a maior parte da população e a maioria dos investimentos da Central Sul, Cachoeiro conta com uma das indústrias mais marcantes da região, que movimenta mais de US$ 1 bilhão por ano no Brasil: a de rochas naturais.
Essa atividade tem se mostrado uma parte importante da economia do Espírito Santo, que de janeiro a outubro de 2024 realizou 81,95% de todas as exportações do setor no Brasil, conforme informações do Centro Brasileiro de Rochas Ornamentais (Centrorochas).
A “Capital Secreta do Mundo”, apesar de concentrar ao lado de Castelo um dos maiores polos de mármore e granito do Estado e do país, precisa ir além da extração e desenvolver as atividades de transformação, criando negócios, emprego e renda, aumentando a geração de riquezas.
Pablo Lira, diretor-geral do IJSN, analisa que os serviços de saúde e educação também desempenham papéis importantes na região, que se tornou uma referência além das divisas do Espírito Santo. “A Central Sul é um polo regional que atrai até moradores de cidades do Norte fluminense, do leste de Minas Gerais, do Caparaó, tanto na porção capixaba quanto na mineira. Essas pessoas de fora estão indo em busca de serviços especializados em saúde e educação, especialmente o de ensino superior”, ressalta.
Lira expõe ainda que é importante investir em melhorias nos meios de transporte da Central Sul, principalmente nas estradas, ao confirmar que a região e o Espírito Santo, como um todo, são plataformas logísticas importantes que estão conectadas ao comércio exterior.
“Hoje, as cargas do Brasil passam pelos portos e pelas estradas capixabas, então é inconcebível termos, por exemplo, estradas que ainda não estão duplicadas. Já passou da hora de equiparmos essas rodovias com tudo que há de mais moderno em segurança viária, pistas duplicadas, atendimento aos usuários e outras melhorias. Isso pode deslanchar o desenvolvimento da Central Sul e do Estado, como um todo”, analisa.
Além da integração rodoviária, de acordo com o IJSN, a capacitação dos serviços e da infraestrutura turística é outro obstáculo. Lira explica que a região oferece grande potencial nesse setor, principalmente por estar posicionada entre dois grandes polos turísticos capixabas (Litoral Sul e do Caparaó), além de fazer divisa com o Norte do Rio de Janeiro.
Para o diretor, um dos projetos anunciados que pode contribuir para o desenvolvimento do turismo é a reabilitação e ampliação do Aeroporto Raimundo de Andrade, em Cachoeiro de Itapemirim.
“O aeroporto regional torna mais viáveis as viagens para a região e outros destinos próximos, como o Caparaó e o Litoral Sul. Então, é importante que o poder público e o trade do turismo vendam mais as potencialidades no Estado, para que consigamos fortalecer as nossas rotas turísticas”, defende.
Análises do IJSN confirmam que as taxas de cobertura de serviços básicos na Central Sul estão acima da média do Estado, com 78% (média estadual é 77%) da população atendida pelo abastecimento de água, 85% pela coleta de lixo (81%) e 72% pela coleta de esgoto (61%).
Em Cachoeiro de Itapemirim, 98% do esgoto gerado é coletado e tratado e 100% da população urbana é abastecida com água potável. Esses índices são superiores aos estabelecidos pelo Marco do Saneamento Básico no Brasil. O município é o único com nota 10 no Ranking Capixaba de Saneamento Básico 2024, estudo realizado pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo.
A BRK – concessionária de saneamento básico de Cachoeiro há 26 anos – revela que a infraestrutura existente também tornou o município referência na redução de perdas de água. O índice atual é de 23%, um dos menores do país e abaixo da média nacional, de 37,8%.
Visando à ampliação da oferta de serviços, a concessionária informou que vai investir na modernização e expansão da infraestrutura.
Além de Cachoeiro de Itapemirim, Castelo e Jerônimo Monteiro também estão no “Top 10” do Ranking Capixaba de Saneamento Básico 2024, em quinto e oitavo lugar, com notas 7.84 e 7.59, respectivamente. No entanto, alguns municípios ainda estão abaixo da média estadual na oferta desses serviços, como é o caso de Vargem Alta, que tem apenas 3,17% da população atendida pela coleta de esgoto, conforme panorama do IJSN.
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