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Publicado em 4 de novembro de 2024 às 14:49
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a falsificação de Ozempic, remédio injetável para tratamento de diabetes tipo 2 em adultos. De acordo com a Folha de São Paulo, casos de falsificação da droga foram identificados no Rio de Janeiro e em Brasília e já provocam vítimas. >
A Novo Nordisk, empresa responsável pelo Ozempic, comunicou à agência que canetas de insulina Fiasp e FlexTouch teriam sido readesivadas e reaproveitadas com rótulos do medicamento à base de semaglutida. O material foi possivelmente retirado, de forma indevida, de canetas originais do medicamento.>
A endocrinologista Camila Pitanga Salim, da Rede Meridional, diz que medicamentos falsificados podem conter substâncias proibidas ou prejudiciais à saúde, pois, não foram fiscalizados e não passaram pela avaliação de qualidade. "Levando a efeitos colaterais não esperados ou mais graves do que o medicamento original. Ainda podem estar em concentrações inadequadas o que leva a erro na dosagem de administração provocando efeitos adversos mais graves, causando risco à saúde, como overdose ou o mau controle de doenças importantes como o diabetes".>
Riscos das Falsificações:
- Eficácia comprometida: produtos falsificados podem não conter a dosagem e concentração adequadas.
Camila Pitanga Salim
EndocrinologistaA farmacêutica recomenda que qualquer pessoa atente-se aos detalhes da caneta antes da aplicação. A caneta de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza. Já canetas de insulina Fiasp são azuis escura, com botão laranja. >
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Camila Pitanga Salim orienta que as pessoas só devem fazer uso de medicamentos sob prescrição médica. "E sempre comprar medicamentos em farmácias de boa procedência e nunca de terceiros ou em locais sem certificação de autorização de venda", reforça.
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O Ozempic, droga aprovada para o tratamento do diabetes tipo 2, se popularizou nos últimos tempos após estudos e relatos de usuários associarem seu o uso à perda de peso significativa. O princípio ativo do Ozempic é a semaglutida, uma forma sintética do hormônio GLP-1, que promove a saciedade. Por conta deste mecanismo, ele ajuda a emagrecer.
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Especialistas ressaltam que a medicação é indicada e usada para o tratamento de obesidade e sobrepeso em pacientes diabéticos. Além de tratar o diabetes tipo 2 e reduzir a produção de insulina no sangue - que é a proposta do medicamento -, ele reduz o esvaziamento gástrico, fazendo com que a digestão fique mais lentificada, promovendo saciedade. >
"Ele tem uma melhor ação para controlar a glicemia se for associado a dieta e exercícios. E também é utilizado com outras medicações para diabetes quando, sozinho, não consegue controlar os níveis glicêmicos", explica a endocrinologista Gisele Lorenzoni.>
Por causa do 'efeito secativo', o Ozempic passou a ser indicado “off label” (fora da bula) por médicos, apesar de não ter aprovação da Anvisa e nem da Novo Nordisk, a empresa que o fabrica, para ser usado visando o emagrecimento. Porém, a endocrinologista alerta que só vale a pena tomar após criteriosa avaliação individual do paciente. "Só podemos prescrever uma medicação se houver respaldo científico e avaliação criteriosa do paciente".>
A endocrinologista Claudia Chang explica que a semaglutida é um análogo do GLP1, hormônio produzido no intestino após a ingesta de alimentos. "Além da ação no pâncreas - estimulando a produção de insulina quando a glicemia está alta -, a droga também atua no centro da fome na região hipotalâmica. Além disso, também há uma redução do esvaziamento do estômago o que leva a uma maior saciedade", diz.>
Ela é aplicada com a ajuda de uma "caneta". E a endocrinologista lembra que todas as medicações, sejam ela “on label” ou “off label”, devem ser prescritas somente pelo médico e acompanhadas. Entre os efeitos colaterais mais comuns, estão a náusea, o vômito, a constipação (intestino preso) e a queimação.>
Empresa não recomenda o uso off-label do Ozempic
A Novo Nordisk, que fabrica o Ozempic, ressalta que não recomenda o uso off-label de nenhum de seus medicamentos. "É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label, ou seja, em desacordo com a bula de seus produtos. O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para diabetes tipo 2 e cujo princípio ativo é o mesmo do Wegovy, não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade", explica a companhia.
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