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Álcool e energético: entenda porque mistura pode ser perigosa

Álcool e energético: entenda porque mistura pode ser perigosa

Isabella Bueno, de 19 anos, teria ingerido cerveja com energético antes de morrer em Londrina, no Paraná. A Gazeta conversou com especialistas para entender os riscos da mistura

Publicado em 5 de novembro de 2019 às 19:34

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Isabella e Pedro, namorado da estudante de 19 anos . (Reprodução/Facebook)

Após a morte de Isabella Bueno, de 19 anos, em Londrina, no Paraná, na sexta-feira (01), depois da jovem ter, de acordo com informações do G1 local, ingerido cerveja com energético, A Gazeta conversou com especialistas para entender quais riscos a junção das bebidas pode trazer ao organismo.

Segundo a família de Isabella, em entrevista ao portal da Globo,  a jovem já apresentava um quadro de problemas cardíacos. Ela teria ingerido a combinação em um bar na cidade, onde passou mal e teve uma parada cardiorespiratória. De acordo com o cardiologista Diogo Barreto, de forma geral, situações como a de Isabella acontecem com indivíduos com alguma doença cardiovascular.

“Na verdade, essa mistura que o pessoal gosta é um contrasenso, já que o álcool é um depressor e o energético um estimulante. O álcool por si só pode ser um gatilho para arritmias, e o energético potencializa esse efeito. Quem tem alteração estrutural, pode ter algum problema mesmo. No caso da jovem, sabemos que a principal causa de morte antes dos 35 anos é a miocardiopatia hipertrófica, um defeito genético hereditário, que pode apresentar tonturas, dores no peito e desmaios, além da existência de um histórico familiar de morte súbita precoce”.

No mesmo sentido, para a médica Karina Duarte, também cardiologista, misturar álcool com outras substâncias não é aconselhável. No entanto, ela explica que, em pessoas que não tenham doenças cardíacas, a chance de morrer pela combinação feita por Isabella é improvável. “Álcool a gente sabe bem do efeito e é uma das piores drogas em termos de arritmia. Uma pessoa saudável, sem cardiopatia, pode ingerir álcool e mesmo assim enfrentar vários malefícios, mas parada cardíaca e morte não, apenas se não souber que tem alguma doença do gênero”, explicou.

Segundo Diogo, o uso das substâncias em conjunto, como cerveja e estimulante, significa mascarar os efeitos do álcool, o que contribui para que as pessoas bebam mais. “Nestes casos, o indivíduo não percebe o efeito do álcool. De qualquer modo, é desaconselhado que um jovem com problema cardíaco faça uso de bebida alcoólica e, principalmente, misturado. Nesse caso, é necessário consultar o médico”, informou. 

“O ÁLCOOL É O MAIOR PROBLEMA NA MISTURA”

Para quem acreditava que o problema central na mistura feita por Isabella Bueno teria sido o energético, não é bem assim que funciona. De acordo com Duarte, o álcool é muito mais propenso a desencadear arritmias cardíacas. “Para alguém saudável, o máximo que acontece com uma pessoa ao exagerar no álcool é a desidratação, ida para o hospital, entrada em coma ou vômito, por exemplo. No caso de misturar o energético, ainda assim o problema central é o álcool. Um estimulante por si só, com 250 ml, apresenta a mesma quantidade de cafeína de três xícaras de café grandes, não é tão danoso”, afirmou.

“Existem estudos dizendo que a cafeína melhora o quadro de algumas arritmias, o que não foi o caso da jovem de Londrina. O que importa é que não acredito que seja a mistura pura e simplesmente, devendo ter tido alguma cardiopatia de base nela. Além da cafeína, um dos componentes de um estimulante, a taurina, segundo o que pesquisamos, precisa ser ingerida em quantidade muito grande para fazer mal, por exemplo no caso de tomar umas 10 latinhas, sendo que uma única não seria suficiente. O quadro muda se o sujeito, repito, tiver uma doença preexistente. Além do energético, é perigoso também envolver outras drogas, claro”.

ACONSELHAMENTO

Para a médica, o ideal é nunca misturar. “Se estiver bebendo, o ideal é não misturar com nada. Se for beber, apenas beba. Se for tomar energético, tome só ele. A mistura não é ideal ou aconselhável. Apesar disso, um único copo causar a morte é muito improvável caso não haja uma doença. No caso de uma cardiopatia congênita, é possível ser pego de surpresa, como ocorre em casos de jogadores de futebol. No caso da menina, o álcool pode ter desencadeado a morte, mas não foi a causa básica”, finalizou.

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