Publicado em 1 de agosto de 2024 às 19:28
A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pela primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, durou apenas 45 segundos.>
Carini foi atingida por um golpe no rosto logo no início e se dirigiu ao corner para arrumar o capacete, mas abandonou a luta na sequência. A italiana revelou um problema anterior no nariz e descartou que a decisão tenha relação com a polêmica envolvendo a adversária.>
”Eu entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria ganhar. Recebi duas injeções no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, disse Carini.>
Assim que o árbitro decretou a vitória de Imane Khelif, Carini se recusou a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não segurou as lágrimas.>
>
A luta esteve envolvida em uma polêmica antes mesmo de ser iniciada. Isso porque Imane Khelif foi autorizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a participar dos Jogos Olímpicos mesmo depois de ter sido reprovada em testes de gênero.>
No Mundial de Boxe do ano passado, realizado na Índia, Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting - que também vai disputar as Olimpíadas - foram desclassificadas pela Associação Internacional de Boxe (IBA) após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade Igor Kremlev disse que “elas tinham cromossomos XY”.>
”Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.>
O governo italiano, através da Ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino”.>
”É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídas. É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, afirmou Roccella.>
A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, 2, contra Sitora Turdibekova, do Usbequistão.>
Khelif, porém, nasceu menina e cresceu mulher cis - identificada com o gênero atribuído a ela quando nasceu. Na infância, inclusive, criada em uma vila rural, não pôde participar de esportes porque o pai "não aprovava boxe para meninas". Não se trata, portanto, de uma questão de atleta transgênero. Algo que o próprio COI faz questão de ressaltar.>
"Elas perderam e venceram contra outras mulheres através do tempo e precisamos deixar muito claro, isto não é uma questão transgênero. Sei que sabem disso, mas houve alguns erros de reportagem, é muito importante dizer que não é uma questão de transgêneros", salientou o porta-voz do COI, Mark Adams.>
"Muitas mulheres podem ter testosteronas em níveis chamados de "masculinos" e ainda serem mulheres, ainda podem competir como mulheres, complementou. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta