Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 16:27
- Atualizado há 4 anos
País com o mais adiantado programa de vacinação em curso no planeta, Israel prevê que as novas mutações do novo coronavírus tornarão mudanças nas fórmulas dos imunizantes inevitáveis e já busca se preparar para isso.>
"Não temos como evitar isso, mas vamos superar. Eu espero que as companhias mudem rapidamente suas vacinas", disse o premiê Binyamin Netanyahu, citando as variantes mais transmissíveis já encontradas no Reino Unido, África do Sul e Brasil.>
Até aqui, Israel vacinou 47% de seus 9,9 milhões de habitantes, segundo o agregador OurWorldInData. Segundo Netanyahu, já estão cobertos 82% no grupo dos mais vulneráveis, como idosos e profissionais de saúde.>
Ainda não há dados revisados pela comunidade científica, mas indicações de que o não só o número de internações despencou 60%, mas também o de novas infecções. "Mas é uma questão de tempo para que as vacinas não funcionem, segundo o que me foi informado", disse o primeiro-ministro.>
>
Liderando um país em conflito permanente com vizinhos, ele fez uma analogia militar com seu plano de uso das vacinas da Pfizer e da Moderna, que comprou a um preço médio de US$ 47 (R$ 254) as duas doses por pessoa -mais do que outras negociações pelo mundo.>
"É como checar munições na guerra. Eu espero que a inoculação seja anual, e temos de estar preparados para isso e futuras compras", afirmou. Em relação ao fato de ter pago mais pelas doses, ele disse apenas que mandou os burocratas "pararem com bobagem" (em inglês pouco diplomático, "cut the crap").>
As duas vacinas empregadas em Israel usam a nova tecnologia em que material genético, RNA mensageiro, é usado para levar uma proteína análoga à usada pelo novo coronavírus para se ligar às células humanas e gerar uma resposta imune.>
As três variantes que vêm assustando os cientistas têm mutações concentradas justamente nessa proteína, levando ao questionamento sobre a eficácia das vacinas. Isso está em estudo, embora a Moderna já tenha dito que o seu imunizante segue funcionando.>
No caso da Coronavac, fármaco chinês desenvolvido em conjunto com o Instituto Butantan que por enquanto é o mais amplamente distribuído no Brasil, a tecnologia é diferente.>
Usando um método tradicional, uma versão desativada do coronavírus é levada para estimular a resposta imune. Teoricamente, isso torna a vacina menos suscetível às mutações, já que não é apenas a proteína de ligação que é utilizada, e sim o conjunto todo do vírus.>
Ainda não há, contudo, estudos claros sobre isso. Já a vacina de Oxford, desenvolvida pela universidade britânica homônima e o laboratório anglo-sueco AstraZeneca, usa só a proteína de ligação, enviada por um vetor viral -um adenovírus que causa resfriados em macacos.>
"Isso é uma corrida armamentista entre a vacina e as mutações. Você sempre está duas semanas atrasado", disse Netanyahu.>
Acossado por denúncias de corrupção e uma instabilidade perene no governo, que foi dissolvido em dezembro. Novas eleições ocorrerão em março, e o sucesso na vacinação tem sido visto por analistas como chave para as chances de Netanyahu, figura dominante da política israelense neste século.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta