Publicado em 11 de outubro de 2023 às 10:45
BRASÍLIA - O primeiro grupo de brasileiros repatriados de Israel chegou a Brasília na madrugada desta quarta-feira (11) e trouxe relatos de pânico, mas demonstraram alívio por terem voltado para casa em segurança.>
O voo da FAB (Força Aérea Brasileira) repatriou 211 cidadãos que solicitaram ajuda do governo brasileiro para deixar Israel após os ataques do grupo terrorista Hamas no último sábado (7) — o país do Oriente Médio passa agora pelo mais grave conflito em décadas.>
Outros quatro voos serão realizados até o final de semana, ao menos, quando deve chegar a última leva dos 900 repatriados.>
O pastor Bueno Júnior, que liderava uma caravana de 36 pessoas em Israel, afirma que viveu momentos de pânico ao amanhecer no hotel com o disparo da sirene. "Fizemos toda nossa peregrinação, concluiu na sexta. No sábado, nós voltaríamos à tarde e, pela manhã, fomos surpreendidos com ataques do Hamas", diz.>
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À tarde, no aeroporto tentando voltar para o Brasil, passaram por um novo susto. "Tivemos nova experiência, já no aeroporto, por vermos ataques, por vermos antimísseis sendo disparados, estrondos sobre a gente", conta.>
Já a nutricionista Gabriela Palma estava escovando os dentes quando ouviu a primeira sirene soar no sábado. Ela morava em Israel há cerca de um mês, onde participava de um programa de voluntário do governo israelense para auxiliar pessoas com autismo.>
Voltou para o quarto no apartamento que dividia com mais duas voluntárias. Só deixou o lugar, quando os vizinhos bateram na sua porta ao perceber que a jovem não foi para o bunker, como deveria. "Toda vez que soava a sirene, a gente tinha que descer para o esconderijo. Teve um dia que fui dez vezes.">
Gabriela Palma
NutricionistaAgora a jovem embarcará para Limeira (SP), onde reencontrará sua família e seu namorado.>
O empresário Juliano Campos, de Loanda (PR), também relatou momentos de pânico quando ouviu os primeiros alertas dos ataques em Israel.>
Juliano Campos
EmpresárioO carioca Ricardo Faissol Pinto tampouco estava acostumado com as sirenes e minimizou os alertas, num primeiro momento. Surgiu o medo e o entendimento de que estavam mesmo em conflito quando viu as colunas de fumaça no horizonte do apartamento em que alugou, em Jerusalém.>
Decidiu então abandonar a produção e deixar o país, dando início a uma saga de dois voos cancelados e um taxista palestino, que chamou de "anjo".>
"Compramos passagem para Istambul [Turquia]. A 15 minutos do aeroporto, voo foi cancelado. Procuramos passagem para qualquer lugar, encontramos uma para Hungria e compramos. No aeroporto, fui no banheiro, quando voltei, o aeroporto que estava lotado ficou vazio. Mensagens dizendo para procurar lugar seguro, barulho de bomba. Esse foi o momento mais assustador", disse.>
"A gente resolveu voltar para o táxi, que nos levou de volta para o apartamento alugado. O motorista palestino foi nosso anjo da guarda", completou. O grupo, então, entrou em contato com a embaixada e voltou no voo da FAB.>
De Brasília, Ricardo embarcou para o Rio de Janeiro, onde se reunirá com a família. "Tenho uma filha de 1 ano e 4 meses, tudo que eu quero agora é dar um beijo nela", disse, emocionado.>
A maioria dos 211 brasileiros que chegaram a Brasília nesta madrugada é de turistas, muitos desses, religiosos.>
O governo brasileiro disponibilizou ainda duas aeronaves para levar cerca de cem pessoas para o Rio, de onde embarcarão para suas cidades. A companhia Azul firmou parceria para levar os repatriados aos seus destinos finais.>
Outra metade dos repatriados ficou em Brasília e foi encaminhada para o desembarque internacional comum do aeroporto eles chegaram na base aérea da FAB.>
No local, eles foram recepcionados por familiares e amigos, com faixas, lágrimas e relatos de alívio. A família Aguiar se fez presente para receber a pedagoga Neyara Aguiar. Ela havia chegado a Israel no último sábado com um grupo de 40 pessoas de uma igreja católica de Brasília para uma peregrinação religiosa, mas preferiu antecipar o retorno ao Brasil após o início do conflito.>
O genro de Neyara, Leonardo Aguiar, disse que a família está feliz por receber sua parente de volta. "Sensação de alívio", resumiu.>
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