Vitiligo: entenda a doença de pele de Natália, do "BBB 22"

A doença não é contagiosa e não existe cura, mas o tratamento visa controlar a progressão da doença e estimular a repigmentação da pele no local das manchas

Natália Deodato

O caso de Natália Deodato foi descoberto aos 9 anos. Crédito: @deonaty_

A modelo Natália Deodato, participante do BBB 22, tem manchas claras na pele. A condição que acomete a jovem, de 22 anos, é chamada vitiligo. "Com 9 anos iniciou uma manchinha bem pequeninha no olho, bem pequenininha atrás da nuca e no joelho. Em questão de um mês eu já estava toda pintadinha. Até a gente descobrir, depois de um ano e meio, que era realmente o vitiligo. Eu tinha vergonha, tampava, usava muita maquiagem. Foi quando realmente decidi encarar de peito aberto. Essa sou eu, é assim que eu quero que as pessoas me vejam e é assim que as pessoas vão ter que me respeitar”, disse. 

Ela é a primeira participante do reality show a ter vitiligo, condição que, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, em 2019, afetava 0,5% da população nacional e 1% da mundial. O vitiligo não é contagioso e pode aparecer em todos os fototipos, em qualquer lugar do corpo e nas mais diversas idade.

CAUSA DESCONHECIDA

A dermatologista Giane Giro Teixeira explica que o vitiligo é uma doença em que o organismo produz anticorpos contra os melanócitos, as células que produzem a melanina. "O dano aos melanócitos leva a despigmentação da pele, que se manifesta clinicamente como manchas brancas". 

A classificação da doença é baseada na distribuição das manchas. O tipo mais comum pode afetar os dois lados do corpo de maneira localizada ou generalizada. Ele pode vir associado a doenças autoimunes e as lesões costumam ser simétricas. "O segundo tipo é o vitiligo segmentar, uma forma da doença em que as lesões são localizadas em um único lado do corpo, afeta pessoas mais jovens e geralmente não está associado a doenças autoimunes", diz Giane Giro.

A médica explica ainda que a causa do vitiligo é desconhecida. "Existe um componente genético nas pessoas predispostas. Ele é considerado uma doença autoimune, e inclusive pode vir associado a outras doenças autoimunes como as tireoidites e o diabetes mellitus.  Além disso existem fatores do ambiente que podem desencadear as manchas", ressalta Giane.

"O vitiligo pode ser desencadeado por alguns fatores do ambiente, entre eles o estresse físico e emocional e após contato com alguns produtos químicos, como os derivados fenólicos"

"O vitiligo pode ser desencadeado por alguns fatores do ambiente, entre eles o estresse físico e emocional e após contato com alguns produtos químicos, como os derivados fenólicos"

Giane Giro

ÁREAS AFETADAS

A dermatologista Pauline Lyrio conta que a doença se manifesta basicamente através de uma ou mais manchas despigmentadas de tamanhos variados na pele, podendo haver despigmentação também de pelos e cabelos no local afetado. "As áreas mais afetadas são aquelas ricas em melanócitos e mais sujeitas a atrito, como dorso das mãos, axilas, joelhos, tornozelo, pés, regiões inguinais, genitais, aréolas, face e axilas", conta. 

A médica diz que o diagnóstico é clínico, devido ao padrão das manchas acrômicas (ausência de cor na pele) e por apresentarem localização e distribuição bastante características. "Em alguns casos, podemos usar uma lâmpada UV, conhecida como luz de Wood, que destaca uma fluorescência branco-azulada nas manchas do vitiligo. E, se o aspecto clínico das lesões não for esclarecedor para o diagnóstico, pode-se realizar uma biópsia da pele", diz Pauline Lyrio. 

"Não existe cura para o vitiligo. O tratamento consiste, primeiramente, em brecar a evolução das lesões, ou seja, estabilizar o quadro e, posteriormente, repigmentar a pele"

"Não existe cura para o vitiligo. O tratamento consiste, primeiramente, em brecar a evolução das lesões, ou seja, estabilizar o quadro e, posteriormente, repigmentar a pele"

Pauline Lyrio

Giane Giro explica que a escolha do tratamento depende da extensão das lesões. Em casos localizados são utilizados medicamentos tópicos com ação anti-inflamatória na pele, como os corticóides e o tacrolimus. "Casos mais extensos são tratados com medicamentos por via oral ou injetável, sempre com o objetivo de reduzir a ação do sistema imunológico nos melanócitos, permitindo assim que a produção da melanina retorne ao normal". 

A dermatologista ressalta ainda que um grande problema é o impacto psicológico que as manchas podem causar, afetando a autoestima e a qualidade de vida. "Alguns pacientes sofrem discriminação, pois muitas pessoas pensam erroneamente que a doença é contagiosa". 

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