Publicado em 11 de setembro de 2023 às 08:00
O mês de conscientização sobre a doença de Alzheimer, o setembro roxo, chama atenção para um hábito que o brasileiro está pouco acostumado: o check-up do cérebro. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de um milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. >
Apesar de as doenças demenciais não terem cura, as informações do rastreio cognitivo podem reduzir significativamente os fatores de risco. Dessa forma, atrasam e podem prevenir a deterioração cognitiva, principalmente nos estágios mais avançados. >
“Os benefícios dos exames de rastreio e de prevenção é a detecção precoce, o que possibilita uma orientação numa fase que ainda existe um impacto, ou seja, em que os especialistas conseguem mudar a história natural da doença. Isso significa tratar de uma maneira mais efetiva algumas patologias, prevenir outras, identificar sinais precoces e fazer uma intervenção para ter uma resposta muito melhor em longo prazo”, explica a Juliana Rebechi Zuiani, neurocirurgiã da PUC Campinas. >
Hoje, é possível fazer alguns exames por meio de um tablet ou de um smartphone, que usam a inteligência artificial e os biomarcadores digitais aliados à realidade aumentada imersiva para avaliar o rastreio ocular, a pressão e precisão nos toques de tela, a memória espacial (como planejar um caminho), a velocidade de movimento, a memória prospectiva (aquela ação que ainda vai acontecer, por exemplo) e microerros não perceptíveis pela observação humana. >
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“Esse tipo de avaliação transforma a queixa de um paciente em algo numérico. O teste consegue rastrear vários domínios cognitivos, o que leva a uma comparação com mais de 400 mil pessoas em tempo real ao redor do mundo. Sendo diferente da maior parte das avaliações neuropsicológicas, que são pautadas em escolaridade. Esse não. E também não tem o aprendizado, ou seja, quando a pessoa repetir o exame, será diferente”, revela o geriatra Rafael Neder. >
Inclusive, um estudo publicado pela revista científica da Associação Europeia de Medicina Preditiva, Preventiva e Personalizada sobre os biomarcadores digitais, com 568 pessoas, aponta que o método pode trazer contribuições significativas para a avaliação e o diagnóstico de doenças neurodegenerativas, especificamente a doença de Alzheimer. >
De acordo com a pesquisa, comparado com os métodos tradicionais de detecção, como os testes neuropsicológicos, genéticos e de imagens, os biomarcadores digitais são adequados para testar os estágios iniciais da doença de Alzheimer porque podem descobrir mudanças comportamentais, cognitivas, motoras e sensoriais sutis. >
Essa forma de rastreio pode e deve ser complementada por outros exames tradicionais, como os de sangue e de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, ambos métodos que fornecem imagens detalhadas do cérebro. >
“A intenção com toda a inteligência artificial que usa os biomarcadores digitais não é substituir outros exames, mas que ele seja uma ferramenta complementar, por fornecer informações valiosas para padrões que podem ser facilmente negligenciados, permitindo o rastreio precoce para intervenções médicas mais eficazes”, argumenta Ronald Lorentziadis, sócio-diretor da Biocare Sparkia – Inovação em Saúde. >
Se considerarmos apenas o Alzheimer, os sintomas, geralmente, surgem após os 60 anos, mas 5% das pessoas desenvolvem a doença antes dessa idade – assim como outras demências . Portanto, o período ideal para realizar um check-up cerebral pode ser a partir dos 40 anos. Mas, dependendo de fatores, como histórico familiar e as queixas, o ideal é começar antes. >
Vale lembrar que a avaliação e o rastreio precoce oferecem ao paciente a chance de buscar tratamento cognitivo personalizado, além da possibilidade de adotar uma série de medidas, como a prática de atividade física, alimentação equilibrada, reabilitação e medicamentos, que retardam a dependência da pessoa e mantém sua qualidade de vida por mais tempo. >
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