Faustão: médicos explicam como é a recuperação pós-transplante de coração

A recuperação é lenta e o período pós-operatório, após um transplante cardíaco, é crucial para a recuperação bem-sucedida do paciente

O apresentador Fausto Silva, o Faustão

Faustão  passou por um transplante cardíaco. Crédito: Renato Pizzutto/Band

Após 22 dias internado, Faustão passou por um transplante cardíaco neste domingo (27). O apresentador ocupava o segundo lugar na fila de espera por um coração, segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo.

A equipe médica responsável pelo artista recebeu a oferta do órgão na madrugada deste domingo (27). Segundo o Ministério da Saúde, o apresentador foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado de saúde, que era considerado grave. O apresentador trata de uma insuficiência cardíaca, doença que se caracteriza por deficiência do coração em enviar fluxo de sangue suficiente para oferecer nutrientes e oxigênio para os órgãos e tecidos (coração mais fraco), ou seu enchimento é feito à custa de pressões mais elevadas com aumento da pressão do sangue na circulação pulmonar ou veias sistêmicas (coração mais rígido).

O transplante de coração é um procedimento cirúrgico complexo no qual o coração do paciente, que está em falência cardíaca avançada, é substituído por um coração doado saudável. "Geralmente, é a última opção para pacientes que não responderam a outras formas de tratamento, como medicamentos, implante de dispositivos eletrônicos para sincronização cardíaca, correção cirúrgica das valvas cardíacas com defeito, implantes de dispositivos de assistência circulatória mecânica como ventrículo e coração artificial. O transplante cardíaco entre humanos ainda permanece com padrão ouro de tratamento da insuficiência cardíaca terminal, por isso o processo de doação é fundamental", explica o  cirurgião cardiovascular Melchior Luiz Lima. 

PÓS-OPERATÓRIO

O cardiologista Walter Duarte Batista Junior, da Unimed Vitória, diz que a recuperação após o transplante de coração é lenta, já que uma cirurgia grande como essa gera uma resposta inflamatória que demanda algumas semanas para melhorar. "Também será necessário fazer exames para checar inflamação e ecocardiograma para avaliar a função do novo órgão. E em casos selecionados pode acontecer a biópsia do miocárdio". O médico conta que a biopsia do miocárdio é realizada quando há suspeita de que está ocorrendo a doença do enxerto, que é quando o órgão transplantado não se adapta ao receptor, gerando um mal funcionamento dele.

"Essa suspeita pode ocorrer, por exemplo, quando observamos que a função do coração está piorando. A biópsia é a melhor forma de ver se está havendo alguma reação. Pegamos uma veia, que vai até o coração, e retiramos um pedaço da parte de dentro do músculo para ver se está havendo alguma reação no miocárdio"

"Essa suspeita pode ocorrer, por exemplo, quando observamos que a função do coração está piorando. A biópsia é a melhor forma de ver se está havendo alguma reação. Pegamos uma veia, que vai até o coração, e retiramos um pedaço da parte de dentro do músculo para ver se está havendo alguma reação no miocárdio"

Walter Duarte Batista Junior

O médico explica que o principal ponto de atenção nessa fase do tratamento é o uso de imunossupressores para diminuir a chance de doença do enxerto. "Nesses casos, há risco de morte e de retorno para a fila do transplante. O uso de imunossupressores é para toda a vida do paciente", alerta Walter Duarte Batista Junior.

O cirurgião vascular Melchior Luiz Lima explica que o período pós-operatório, após um transplante cardíaco, é crucial para a recuperação bem-sucedida do paciente. "Após a cirurgia, o paciente é transferido para a unidade de terapia intensiva (UTI), onde é monitorado de perto para detectar sinais de complicações, como rejeição do órgão, infecções ou problemas cardiovasculares".

"Durante os primeiros dias e semanas, os sinais vitais, os níveis de oxigênio, a função cardíaca e outros indicadores são monitorados de perto para garantir que o novo coração esteja funcionando adequadamente"

"Durante os primeiros dias e semanas, os sinais vitais, os níveis de oxigênio, a função cardíaca e outros indicadores são monitorados de perto para garantir que o novo coração esteja funcionando adequadamente"

Melchior Luiz Lima

O médico conta que o paciente começa a tomar medicamentos imunossupressores para prevenir a rejeição do órgão transplantado. E esses medicamentos devem ser tomados de forma consistente e a dosagem pode ser ajustada com o tempo. E conforme o paciente se recupera, a reabilitação cardíaca pode ser iniciada para ajudar a melhorar a força física, a capacidade de exercício e a adaptação ao novo coração. "Consultas médicas frequentes são necessárias para monitorar a saúde do paciente, ajustar a medicação e detectar possíveis problemas precocemente", diz Melchior Luiz Lima. 

APOIO PSICOLÓGICO

O médico conta que a recuperação após um transplante pode ser emocionalmente desafiadora. "Os pacientes podem receber apoio psicológico para lidar com as mudanças físicas e emocionais", diz o cirurgião vascular. 

O paciente e seus cuidadores recebem orientações detalhadas sobre os cuidados pós-transplante, incluindo dieta, exercícios, sinais de alerta de rejeição e medidas para evitar infecções.

O paciente deve adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta balanceada, exercícios regulares e evitar fatores de risco, como o tabagismo

Melchior Luiz Lima ressalta que o acompanhamento ocorre a longo prazo. "A recuperação não termina após a alta hospitalar. Os pacientes continuam sendo monitorados por toda a vida, com visitas médicas regulares e exames para garantir a saúde contínua do órgão transplantado", diz. 

O pós-operatório de um transplante cardíaco requer um compromisso contínuo com os cuidados médicos, medicação e mudanças no estilo de vida para garantir a longevidade e o bom funcionamento do novo coração. Walter Duarte Batista Junior diz que o novo coração é capaz de dar uma qualidade de vida normal ao paciente. "Se houver uma boa adaptação, a vida do receptor pode ser normal, tolerando bem caminhadas sem os sintomas que tinha antes".

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