Ansiedade: veja 7 sinais do transtorno e como tratar

Segundo dados da OMS, em 2019, 18,6 milhões de brasileiros conviviam com o transtorno, o maior número de pessoas com a doença em um país no mundo

ansiedade

A preocupação é um dos sintomas relacionados ao transtorno. Crédito: Shutterstock

Quem sofre de ansiedade sabe: o medo constante, o sono perdido e a preocupação excessiva passam a fazer parte da rotina. E esses sintomas devem preocupar. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, 18,6 milhões de brasileiros, quase 10% da população, conviviam com o transtorno, o maior número de pessoas com a doença em um país no mundo.

O psiquiatra Rafael Riva, da Aube Cuidados com a Mente, conta que geralmente a ansiedade é caracterizada como uma sensação difusa, desagradável e vaga de apreensão, muitas vezes acompanhada por sintomas como cefaleia, palpitações, aperto no peito, leve desconforto estomacal e inquietação. "A ansiedade é um sinal de alerta, indica um perigo iminente e capacita a pessoa a tomar medidas para lidar com a ameaça. Uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou conflituosa".

O médico explica que o transtorno é causado por uma série de fatores, desde os genéticos até os ambientais. "Existem teorias psicanalíticas e comportamentais para sua explicação. Entretanto, em termos biológicos, entendemos que os três principais neurotransmissores (substâncias que se localizam entre os neurônios) associados a ansiedade são a norepinefrina, a serotonina e o ácido-aminobutírico".

"A prevenção dos principais transtornos de ansiedade se dá pela prática regular de exercícios físicos, sono reparador, uma alimentação adequada e níveis saudáveis de estresse, assim como presença de válvulas de escape para tais situações estressantes"

"A prevenção dos principais transtornos de ansiedade se dá pela prática regular de exercícios físicos, sono reparador, uma alimentação adequada e níveis saudáveis de estresse, assim como presença de válvulas de escape para tais situações estressantes"

Rafael Riva

A  psiquiatra Maria Francisca Mauro explica que os sintomas deixam de ser uma sensação comum e passam a se tornar um alerta, quando aquilo passa a fazer parte da vida da pessoa de uma forma constante. "Se a pessoa observa que isto não teve melhoras, mesmo após tentativas de organizações, deve-se manter atenta e perceber que ela não está dando conta de modificar aquilo sozinha e está prejudicando sua rotina como um todo. É muito importante as pessoas perceberem seus níveis de estresse e de tensão para poderem buscar ajuda". 

QUANTO TEMPO DURA?

Em especial, o que causa a ansiedade é um desbalanço entre a forma da pessoa processar a realidade e responder a ela.  "Fatores externos propiciam a pessoa a ter uma maior desregulação emocional. E eles podem influenciar a forma como a pessoa irá alterar a sua realidade", explica a psiquiatra. 

Para saber quanto tempo os sintomas podem durar, é preciso entender qual quadro está sendo analisado. Maria Francisca Mauro conta que em relação a um quadro de ansiedade generalizada, costuma-se durar por volta de seis meses. "Fatores externos da vida do paciente devem ser levados em conta na hora da avaliar isto. Ataques de pânico são episódios agudos que transmitem uma sensação de tempestade e costumam durar por volta de um mês. Deve-se analisar com que frequência está ocorrendo para ser possível classificar se foi apenas um evento isolado ou se é necessária a intervenção medicamentosa", ressalta.

Precisamos entender - quando falamos de fobia social - que estes quadros de ansiedade social e agorafobia, são marcadores que podem estar presentes na vida da pessoa sem que ela perceba que seja um sofrimento que necessita de cuidado, pois são quadros mais sutis do ponto de vista da intensidade dos sentimentos

TRATAMENTO

A ansiedade é uma doença que demanda acompanhamento médico e tratamento. O momento de procurar ajuda médica é ao notar sintomas intensos que repercutam na capacidade funcional do indivíduo, de maneira persistente. "Tratamentos farmacológicos geralmente são fundamentais no início. Após o controle, podemos considerar desde exercícios físicos até psicoterapia como uma alternativa complementar. Muitas vezes, a mudança do estilo de vida é fundamental para resultados mais consistentes", diz Rafael Riva. 

Para a ansiedade, o psiquiatra pode indicar o uso de medicamentos para o controle dos sintomas. "Também deve-se fazer o manejo da vida daquela pessoa, ou seja, de que maneira pode se organizar para ter menos estresse e manter uma rotina que proporciona maior tranquilidade. Outro ponto é realizar a psicoterapia, ter um processo de trabalho que a auxilia a entender melhor seu posicionamento no trabalho, na família, no ponto de vista acadêmico, ou seja, conseguir mais elementos para poder processar seus pensamentos e emoções de maneira mais tranquila", diz a psiquiatra Maria Francisca Mauro. 

Existem técnicas complementares que ajudam a diminuir níveis de estresse, como técnicas de relaxamento, a ioga, e a prática de exercícios físicos que podem auxiliar a pessoa a ter um diferente nível de liberação de substâncias que também ajudam na modulação dos sintomas de ansiedade. "O ponto mais importante que devemos colocar para a sociedade é que temos tratamentos que dependerão dos níveis de sofrimentos que aquela pessoa se encontra e precisamos, no dia a dia, nos colocarmos mais presentes, com maior tranquilidade e darmos mais espaço ao tempo, sem querer atropelar os acontecimentos da vida, como se tudo fosse urgente", diz Maria Francisca Mauro.

7 SINTOMAS MAIS FREQUENTES RELACIONADOS À ANSIEDADE

  1. Preocupação: ela não é uma preocupação ou um pensamento sobre algo que precisa ser feito, mas aquilo se torna uma constante. É um pensamento de que algo pode dar errado, de que algo que está em risco, como se aquilo estivesse constantemente na cabeça da pessoa. 

  2. Dificuldade para se concentrar: a pessoa fica num constante alerta em que começa a se preocupar com muitas coisas, sempre se mantendo pessimista, imaginando o pior dos cenários, antevendo muitos problemas e diversas preocupações, o que a impede de se dedicar a apenas um assunto. Isso prejudica o estabelecimento de uma atividade com maior tranquilidade e nível de concentração.

  3. Sono: a pessoa não consegue se desligar da realidade, levando os problemas para o travesseiro, como se nada que fez no dia tivesse sido suficiente, além de se sentir ameaçada pelo o que pode acontecer, a impedindo de se desconectar da realidade e iniciar um sono reparador.

  4. Tremores: movimentos involuntários, rítmicos e oscilatórios dos grupos musculares antagônicos recíprocos, tipicamente envolvendo as mãos, a cabeça, a face, as cordas vocais, o tronco ou as pernas. 

  5. Taquicardia: aumento da frequência dos batimentos cardíacos. 

  6. Diarreia: evacuações de consistência líquida, soltas, ocorrendo mais de três vezes ao dia.

  7. Hiperidrose: suor em excesso em algumas partes do corpo.

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