Repórter do Divirta-se / [email protected]
Publicado em 15 de janeiro de 2023 às 08:00
Moderna, antenada, engajada defensora dos animais e da natureza, e ainda atriz e apresentadora. Com todas essas atividades, a melhor definição para Jacqueline Sato talvez seja multifacetada. >
Achou que "HZ" exagerou? Dê uma olhada no currículo da moça... Embaixadora do Greenpeace Brasil, Jacque, como é conhecida pelos fãs, está em dose dupla na HBO Max, com as séries "Os Ausentes" e "Talvez Uma História de Amor", e na Netflix, com o anime "My Hero Academia: 2 Herois", um de seus trabalhos como dubladora. >
Além disso, tem passagens por novelas da Globo, como "Sol Nascente" e "Além do Horizonte", pelo Canal Sony, com a série "(Des)Encontros", e é presença confirmada em "A História Delas", nova série do Star+, em que contracena com Letícia Spiller e Cris Vianna.>
Como apresentadora, Jacqueline esteve (no último ano) no comando de programas da Band, como "Encantadores de Pets" e "Bruce Lee - A Lenda". Atualmente, está gravando uma série para o canal E!, "Mulheres Asiáticas", que dará protagonismo às mulheres nipo-brasileiras (descendentes de asiáticos), quebrando estereótipos, desconstruindo narrativas preconceituosas e celebrando a diversidade. A previsão é que a produção entre na grade do canal pago no segundo semestre.>
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Isso sem falar de uma ONG criada por ela, a House of Cats, que ajudou mais de dois mil felinos a encontrarem lares. Com o Greenpeace Brasil, participou ativamente de questões como preservação da natureza, proteção animal, sustentabilidade, e na luta contra o desmatamento. >
A atriz - sansei, neta de avô japonês e avó brasileira, descendente de nipônicos -, esteve no meio do ano na Amazônia, onde visitou a comunidade do Tumbira e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. Localizada em uma área natural, o local abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais. >
Em meio a tantas narrativas, Jacqueline - que conta com quase 140 mil seguidores nas redes sociais - encaixou um tempinho na agenda para conversar com a reportagem. Em pauta, seu amor por atuar e seus trabalhos voltados para questões ambientais e dos animais. Vem com a gente!>
Durante o próprio curso de formação (de atriz), considero que iniciei minhas primeiras experiências. Mas, profissionalmente, foi a novela "Corações Feridos", no SBT, uma experiência incrível que abriu minha mente e me jogou no ritmo de gravações. Viver isto naquele momento, logo após me formar, foi maravilhoso! Lembro da insegurança de recém sair da formação na Faculdade de RTV e pensar: "E agora? Será que haverá possibilidade de trabalho como atriz?". Recebi como um grande presente que me apontava que sim, havia chances.
Lembro de, neste primeiro trabalho, ter conquistado um papel onde meninas de várias outras origens étnico-raciais também estavam sendo testadas. O que sempre vejo como o melhor dos mundos, pois a escolha se dá pelo talento e não por que a busca está sendo feita em cima da aparência. Foi maravilhoso ter podido estudar o que rola na frente das câmeras e atrás delas. Isso foi essencial para que passasse a criar meus próprios projetos, sendo o "Mulheres Asiáticas" o primeiro deles. Minha vivência nas diversas áreas do audiovisual, como atriz, apresentadora, dubladora, roteirista e produtora são complementares neste momento de criar um projeto. Cada experiência me transformou, me fez ser quem sou e possibilita a articulação para viabilizar estas ideias que, por tanto tempo, tive vontade de ver por aí.
A falta de representatividade asiática sempre me incomodou, e sempre busquei, através do meu trabalho como artista, encontrar caminhos para mudar isto. De uns anos para cá, e mais intensamente ainda durante o ápice da pandemia da Covid-19, vendo o movimento "Stop Asian Hate" no exterior, percebi o quanto o Brasil está fora dessa discussão. Fora do nosso país, a inclusão já está em outro patamar, tanto nas pessoas afirmando suas identidades, quanto nas produções, que colocam artistas asiáticos em papéis de destaque, que realmente fazem com que a gente se sinta representado.
Voltando ao Brasil, aqui ainda há uma escassez, tanto no diálogo quanto no reconhecimento da sociedade, da mídia, e da indústria audiovisual da nossa existência. Todo esse contexto e minha inquietação de ver que as coisas estão andando devagar, me fez começar a criar, não só este, como outros projetos. O programa começa com a temporada focada em nipo-brasileiras, meu lugar de fala. Pretendo abrir espaço para as mulheres de outras ascendências asiáticas também, por isto cada temporada focará em uma ascendência diferente, dentre os mais de 50 países da Ásia. Acho que existe uma admiração e, com certeza, fetichização em cima de quem vem do extremo oriente. Muita coisa que permeia o imaginário coletivo vem do cinema e da TV, geralmente uma herança da visão do homem branco em cima destes povos.
Essa produção quebra paradigmas e estereótipos. Estou muito feliz em ver e ser parte dessa mudança. A narrativa é totalmente conduzida por personagens femininas, que vão se desconstruindo no decorrer da trama. O mais bonito é isso: traz para o protagonismo mulheres imperfeitas, o que todas nós somos. O drama entre as personagens da Letícia Spiller e Cris Vianna, e as suas respectivas filhas, revisita discussões sobre recortes de raça e de classe que são interessantes. A série conta a história de quatro mulheres, mães e filhas de diferentes classes sociais, forçadas a morar sob o mesmo teto. Minha personagem, Mirella, é uma ex-modelo que não deu muito certo na carreira. É mega deslumbrada e não teve muita instrução na vida. Extremamente apegada à beleza, gosta de se mostrar e usa uma porção de coisas postiças que, para ela, a deixam mais bonita. Do lado de fora, parece tudo certo e lindo, mas ela vive um drama pesado com o marido, que é um mandachuva e bon vivant, vivido pelo Leo Jaime.
Me enche de felicidade poder atuar junto a uma ONG que sempre admirei! Já era aliada à causa sozinha, mudei vários hábitos para me tornar mais sustentável, e sempre divulgava as ações através das minhas redes. Poder estar junto ao Greenpeace, atuando na divulgação de campanhas e criando outras formas de comunicar o que precisa urgentemente ser comunicado para o grande público, é algo que me mobiliza.
Sim (quanto ao antigo Governo Federal), foram tempos terríveis para muitas áreas, e o meio ambiente era uma delas. Cansei de chorar em ver o quanto a coisa ia de mal a pior, e, quando a gente não imaginava que algo pior pudesse acontecer, acontecia. Batemos recordes de desmatamento. Não sei o que seria da Amazônia se não tivesse havido essa mudança (de governo). Já estamos próximos a um ponto de "não-retorno", uma degradação tão grave que, se ultrapassar disto, a própria floresta não consegue mais se regenerar.
Ter Marina (Silva) à frente do ministério me enche de esperança, afinal, todos sabemos o quanto ela genuinamente se importa e está ligada à causa. Acho que falta conscientização e responsabilidade ambiental por parte de todos os brasileiros. Claro que a gente sempre cobra em primeiro lugar do governo e das grandes empresas, mas penso que, se mais brasileiros estivessem inteirados da importância de uma vida e economia sustentável, muita coisa seria diferente.
Sou ativista desde os nove anos e nem sabia (risos). Foi quando fiz o primeiro resgate de um felino ao lado da minha família. Não tinha jeito, se aparecesse na minha frente, não conseguia ignorar sabendo que poderia fazer algo por aquela vida. E é assim até hoje. Não era um projeto, e nem imaginava que seria. Apenas sentíamos a necessidade de ajudar os que cruzavam nosso caminho. De ninhadas em ninhadas acolhidas esporadicamente, íamos conseguindo doar os filhotes e a mães com relativa facilidade, por conhecidos e pelas redes sociais. Como em nosso condomínio tinham muitos gatinhos abandonados, fomos repetindo o que tinha dado certo. Eu mesma resgatava, cuidava e entrevistava os interessados. Aí tivemos a ideia de criar uma página destinada a eles no Facebook e no Instagram para podermos concentrar tudo.
Criamos em maio de 2016. Coincidentemente, o ano em que fiz "Sol Nascente" e isso trouxe visibilidade à causa animal. Em 2020, em plena pandemia, reformei um espaço destinado apenas a eles, todo "gatificado", para garantir que tivessem a melhor qualidade de vida até encontrarem um lar. Hoje, somamos 2.071 gatinhos resgatados, que cuidamos, damos carinhos, e fazemos a seleção do adotante até o momento de entrega de cada um deles. Temos algumas veterinárias parceiras, que cuidam da parte clínica e comportamental.
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