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Turismo do sono: o que é e onde praticar no Espírito Santo

Em alta no Brasil e no mundo, o turismo do sono atrai quem quer fugir do caos; HZ reuniu dicas de destinos tranquilos no ES, confira

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 08:00

Turismo do sono: o que é e onde praticar no Espírito Santo
Turismo do sono: o que é e onde praticar no Espírito Santo Crédito: Reprodução/Instagram/@guesttaniaalves; Canva

Esqueça a lista de passeios, o despertador cedo e a obrigação de “aproveitar cada minuto”. A nova tendência de viagem é justamente o oposto disso tudo: descansar. O chamado turismo do sono tem atraído pessoas que querem sair do caos das cidades, se desconectar das telas e, sem culpa, simplesmente dormir.

Mais do que férias, a proposta é criar condições ideais para que o corpo e a mente desacelerem, e isso explica por que esse tipo de turismo não para de crescer no Espírito Santo e no mundo.

A psicologia explica

Segundo a psicóloga clínica Gilmara Coutinho, o problema começa ainda antes da viagem, no excesso de estímulos do dia a dia urbano. “O corpo humano não foi biologicamente preparado para viver em estado constante de alerta. Barulho, luz artificial, trânsito e excesso de informações mantêm o sistema nervoso simpático ativado, como se o corpo precisasse estar pronto para reagir o tempo todo”, explica.

Para ela, dormir bem exige uma sensação de segurança que raramente existe em grandes centros. "Em ambientes urbanos muito estimulantes, o corpo não ‘desliga’ porque continua interpretando o entorno como potencialmente ameaçador".

As telas também são vilãs importantes nessa história. De acordo com Gilmara, o uso excessivo de celulares, tablets e computadores à noite afeta diretamente o cérebro.

"As telas emitem luz azul, que inibe a produção de melatonina, o hormônio do sono. Além disso, o conteúdo consumido ativa áreas do cérebro ligadas à vigilância e resposta rápida, aumentando o cortisol, que é o hormônio do estresse"

O resultado é um paradoxo comum: corpo exausto, mente acelerada.É aí que entram os destinos silenciosos, escuros e afastados. “Ambientes assim favorecem a ativação do sistema nervoso parassimpático, responsável pelo descanso e pela regeneração do corpo. Não é apenas conforto externo, é uma resposta neurofisiológica”, diz a psicóloga. Ela reforça que o escuro ajuda a regular o ciclo circadiano, o nosso relógio biológico natural.

Do ponto de vista emocional, o problema é ainda mais profundo. “Vivemos um cansaço que é mais mental e emocional do que físico. Chegamos à noite carregando preocupações, cobranças e estímulos acumulados do dia”, analisa Gilmara.

Chalés da Toscana em Iuna, no Caparaó
Chalés da Toscana em Iuna, no Caparaó Crédito: Diego Araújo / Acervo pessoal

Nesse contexto, o turismo do sono surge quase como um pedido de socorro coletivo. “Mais do que uma tendência, é um sintoma. As pessoas estão precisando sair do próprio cotidiano para conseguir descansar”, afirma a psicóloga. Ainda assim, ela destaca que a experiência pode ter efeitos positivos duradouros.

“Quando a pessoa vivencia alguns dias de sono profundo, o sistema nervoso reaprende esse estado de regulação. Não é mágico, mas pode ser um marco importante.”

Já virou tendência no ES

Essa busca pelo descanso já é realidade em lugares do Espírito Santo, como Muqui, no sul do Estado. Tania Alves, proprietária do Guest House, percebe esse movimento de perto. “Muqui é uma alternativa à correria dos grandes centros. As pessoas procuram experiências não rotineiras, que unam descanso, aconchego e conforto”, conta.

A pousada Tânia Guest House é um oasis em Muqui, com quartos confortáveis e área silenciosa
A pousada Tânia Guest House é um oasis em Muqui, com quartos confortáveis e área silenciosa Crédito: Matheus Martins

O espaço fica em um sítio de três alqueires, cercado pela Mata Atlântica da Serra das Torres. “A proposta principal das acomodações é proporcionar repouso e relaxamento por meio das riquezas naturais que nos rodeiam. Sempre há uma nova paisagem, um novo jeito de contemplar”, diz Tania.

Ela descreve a experiência quase como um convite à entrega. “Imagine chegar depois de uma semana exaustiva e não ouvir motores, buzinas ou gritos. Você inspira ar puro, escuta apenas o canto dos pássaros e o som da água. Nesse cenário, difícil é ficar acordado”, relata. Segundo ela, o silêncio e o ritmo mais lento fazem parte da rotina do lugar, e do sucesso da proposta.

O Guest House Tânia Alves é um verdadeiro oasis em Muqui
O Guest House Tânia Alves é um verdadeiro oasis em Muqui Crédito: Reprodução/Instagram/@guesttaniaalves

Mesmo antes de o termo ganhar força, Tania já percebia esse tipo de busca. “As pessoas sempre procuraram descanso e cuidado com a saúde mental. Vejo o turismo do sono acontecendo na prática há anos”, afirma. A pousada oferece caminhadas, piqueniques e contato direto com a natureza, tudo pensado para reduzir estímulos e favorecer o relaxamento.

O refúgio, inclusive, já atraiu nomes conhecidos do público. “A beleza e o anonimato chamam atenção de famosos e influenciadores”, conta. Entre os hóspedes que já passaram por lá estão Cássia Kiss, Aline Campos, o filósofo Ulysses Ferraz, o cantor Silva, Reiner Tenente e Miguel Roncato, além de outros que preferiram manter o anonimato.

Dicas de turismo do sono

Para quem quer aderir ao turismo do sono sem sair do Espírito Santo, opções não faltam. Confira as dicas de HZ:

  • Muqui (Sul do ES): Cidade histórica com pousadas focadas em descanso, silêncio e conforto. Ideal para quem quer desacelerar em meio à natureza e ao clima do interior.

  • Eco Lodge Natureza – Vargem Alta: Hospedagem imersa em área de preservação ambiental com mais de 2.200 hectares, trilhas, cachoeira natural e experiências de contato profundo com a natureza.

  • Patrimônio da Penha (Divino de São Lourenço): Distrito aos pés do Parque Nacional do Caparaó, com cachoeiras, mata nativa, ar puro e céu estrelado, um verdadeiro refúgio de paz.

  • Venda Nova do Imigrante (Alto Caxixe e São João de Viçosa): Interior com clima mais frio, chalés com vista para o “mar de montanhas”, cultura italiana, comida caseira e experiências rurais tranquilas.

  • Praia de Marobá (Presidente Kennedy): Praia preservada, distante dos grandes centros, com faixa de areia ampla, vegetação abundante e clima perfeito para quem busca sossego à beira-mar.

  • Rota do Garrafão – Santa Maria de Jetibá: Região silenciosa, cercada de verde, com economia baseada na agricultura orgânica familiar e forte conexão com a vida rural.

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